sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Pinochet mandou matar Neruda, diz ex-ajudante

Do Sul 21
 
Nos documentos oficiais do regime do ditador Augusto Pinochet, o poeta chileno Pablo Neruda teria morrido por complicações decorrentes de um câncer de próstata. Não é o que diz Manuel Araya, motorista, ajudante e amigo pessoal de Neruda: para ele, não restam dúvidas de que o poeta foi assassinado. Em declarações a duas emissoras locais de rádio (Cooperativa e Bío Bío de Chile), Araya garante que Neruda foi envenenado com uma injeção fatal na Clínica Santa María, onde estava internado. Segundo a testemunha, o Prêmio Nobel de Literatura (1971) não foi internado lá por estar mal de saúde, e sim como uma medida de segurança. “Pensávamos que na clínica estaria mais seguro. Nunca pensamos que lhe iam dar uma injeção e ele ia morrer”, garante Manuel Araya.

Pablo Neruda foi assassinado a mando de Pinochet, denuncia antigo ajudante (2)

O ajudante de Pablo Neruda conta ter recebido uma ligação do próprio poeta, dizendo que tinham injetado algo em seu estômago e se sentia fraco e com febre. Araya foi então até a clínica, onde um médico pediu que saísse para comprar um determinado remédio. “Eu lhe disse que nós estamos pagando e o medicamento deve ser fornecido por eles”, assegura Araya, que acabou concordando em ir à farmácia comprar o remédio – sendo detido por oficiais da ditadura chilena na rua, horas antes da morte de Pablo Neruda. “Ele estava doente de câncer, mas resistia muito bem. Ele não estava mal, não tinha por que ter morrido”, enfatiza a testemunha, lembrando que Neruda se preparava para viajar ao México – viagem que, insinua Manuel Araya, era indesejável para a ditadura de Pinochet. O Partido Comunista chileno, na figura de seu presidente Guillermo Teillier, já manifestou-se dizendo que é “um dever moral” da sigla exigir uma investigação sobre o assunto. Pablo Neruda também era militante comunista e teve papel político destacado durante o governo de Salvador Allende (1970-1973).

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