quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Governo Paralelo

Ruy Gaurani Neves, no site do Correa Neto
Talvez a intenção do senador Gilvam Borges, tenha sido a de fazer referência a uma oposição sistemática ao governo Camilo Capiberibe. Inconformado diante da inevitável saída do Senado, para ceder lugar ao senador João Capiberibe, que ocupou a cadeira, por decisão explícita do Supremo Tribunal Federal, o líder do PMDB-AP, deixou escapar a idéia discricionária, de criar um governo paralelo, no Amapá. Ao tomar ciência, de que, no regime democrático, onde os governantes são escolhidos pela vontade popular, não se pode falar em criar um governo paralelo, sob pena de responder por desrespeito as leis. 

Pelo que se tem conhecimento, o único governo paralelo surgido no Brasil, aconteceu em 1954, durante o governo Getúlio Vargas, quando houve o atentado ao jornalista Carlos Lacerda, da Tribuna da Imprensa e que resultou na morte do Major Aviador, Rubem Florentino Vaz. Inconformados com a morosidade da polícia, para elucidar o caso, oficiais superiores da Aeronáutica, reunidos na Ilha do Governador, decidiram, inicialmente, partir para uma investigação, tendo como alvo principal, o Palácio do Catete, sede do governo da República, no Rio de Janeiro. O primeiro a ser preso, pelas forças da FAB, foi Gregório Fortunato, chefe da Guarda Presidencial e pessoa de absoluta confiança de Getúlio Vargas. Prosseguindo nas investigações, outros elementos da Guarda Presidencial, foram presos e Getúlio foi aconselhado a abandonar o governo. Sem apoio militar e contando apenas com o jornal Ultima Hora, de Samuel Wainer a defendê-lo, Getúlio cometeu o suicídio. O governo paralelo, sob o comando das altas patentes da Aeronáutica, teve grande repercussão e ficou conhecido como República do Galeão.

Verifica-se, pois, que houve um fato de natureza grave, que o governo fraquejou, obrigando uma ação militar, para chegar aos culpados. Hoje, falar em governo paralelo, o povo vai achar que é piada…

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