O líder revolucionário baiano Carlos Marighella, que morreu em uma embocada ao lutar contra a Ditadura Militar no Brasil, foi simbolicamente anistiado pelo Ministério da Justiça em Salvador, na 53ª Caravana da Anistia, realizada nesta segunda e terça-feira (5 e 6). A família do guerrilheiro recebeu um pedido formal de desculpas do governo pela perseguição política e morte. Carlos Marighella, que nasceu em 1911 e morreu em 1969, completaria 100 anos nesta segunda se estivesse vivo. Nascido na capital baiana, ele militou no Partido Comunista Brasileira (PCB) até 1967. Por defender a luta armada, foi expulso da legenda e fundou a Aliança Libertadora Nacional (ALN). Entre 1968 e 1969, Marighella foi considerado inimigo número um da ditadura militar. O ódio contra o baiano ganhou força com sua participação no sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick em parceria com o MR-8.
A deputada federal Janete Capiberibe e o senador João Alberto Capiberibe, do PSB do Amapá, reuniram-se à viúva de Marighella, Clara Charf, familiares e ex-companheiros da ALN Ação Libertadora Nacional, personalidades políticas, intelectuais, artistas e representantes de entidades e movimentos sociais para prestar homenagem ao líder revolucionário baiano Carlos Marighella, um dos principais opositores da ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985. A homenagem está sendo realizada com o apoio da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e do Grupo Tortura Nunca Mais/BA.
Anistia No Teatro Vila Velha, a Comissão de Anistia reuniu-se, à tarde, para analisar o requerimento formulado por familiares de Marighella, onde se pede que seja declarada a sua condição de anistiado. Carlos Augusto, filho do revolucionário, ressalta que o evento faz parte de uma campanha, denominada Marighella Vive, que pretende criar na Bahia um memorial dedicado aos brasileiros que lutaram contra o golpe militar e se tornaram, na prática, as principais figuras do momento democrático vivido no país, assim como, fazer justiça a memória de seu pai. "Marighella foi uma pessoa que deixou marca na vida do país, um verdadeiro herói nacional", explica.
Documentário - No Cine Glauber Rocha foi lançado o documentário Marighella, feito pela sobrinha Isa Grispum Ferraz. Com 1h40 de duração, o longa é narrado pelo ator Lázaro Ramos e traça um retrato emocionado do líder político baiano.
Finalista do Festival do Rio e da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e selecionado ao Prêmio Itamaraty, o filme é fruto da inquietação pessoal de Ferraz. "É minha contribuição de registro de uma figura que viveu 40 anos na clandestinidade. Um jeito de tentar entender esse político complexo, trazendo mil faces dele para conhecimento do público", explica. De acordo com a sobrinha, ela tem boas recordações do tio, que escrevia, lia e amava a vida.
"Aquela pessoa carinhosa e brincalhona vivia escondida em minha casa. Considerado perigoso e frio, com cartaz de procura-se, era o mesmo que fazia paródias de músicas de Roberto Carlos com nomes de meus coleguinhas da época", derrete-se.
Dia 07, o filme vai participar do Festival do Documentário em Cachoeira e depois, dia 10, no Festival de Havana, Cuba. A previsão é que o documentário entre em cartaz no cinema comercial em março de 2012.
Carlos Marighella Considerado o inimigo número 1 da ditadura militar, Marighella foi assassinado em São Paulo, no dia 4 de novembro de 1969, por agentes do DOPS, órgão responsável pela execução de muitos opositores do regime militar. Seus restos mortais foram trazidos para Salvador em 10 de dezembro de 1979 Dia Universal dos Direitos do Homem, logo depois da promulgação da Lei de Anistia.
Carlos Marighella Considerado o inimigo número 1 da ditadura militar, Marighella foi assassinado em São Paulo, no dia 4 de novembro de 1969, por agentes do DOPS, órgão responsável pela execução de muitos opositores do regime militar. Seus restos mortais foram trazidos para Salvador em 10 de dezembro de 1979 Dia Universal dos Direitos do Homem, logo depois da promulgação da Lei de Anistia.
A cerimônia teve a presença e participação de centenas de pessoas para ouvir a leitura de uma mensagem escrita por Jorge Amado, amigo de Marighella e seu companheiro na bancada comunista da Assembléia Nacional Constituinte e na Câmara dos Deputados entre 1946 e 1948, lida na ocasião por Fernando Santana.
O túmulo do político foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, amigo do homenageado, e encontra-se no Cemitério Quinta dos Lázaros, na capital baiana.(Sizan Luiz)
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