No último sábado (28/05), a Polícia Federal cumpriu 17 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva na casa de conselheiros, ex-conselheiros e funcionários do Tribunal de Contas do Amapá (TCE). A ação da PF é um desdobramento da operação Mãos Limpas pipocada no dia 11 de setembro de 2011.
Acompanhei atento as notícias e opiniões veiculadas em alguns jornais e blogs para fazer uma leitura crítica sobre o desenrolar da operação Mãos Limpas que atinge o Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Alguns meios de comunicação se detiveram em fazer o bom jornalismo, veiculando os fatos e AS notícias. Outros utilizaram-se do expediente de opinar e criar factoides numa tentativa mascarada de manipular a opinião pública.
Observei que houve um claro tendenciamento de alguns jornalistas, blogueiros e principalmente do jornal “A Gazeta”, que tentou colar a pecha de uma possível ligação da família Capiberibe, do PSB e do atual governo com a operação Mãos Limpas.
A Folha Online fez uma excelente matéria. O Jornal do Dia também não foi diferente, seguiu claramente uma linha jornalística compatível com os fatos. Mas o jornal A Gazeta demonstrou claramente seu objetivo principal: atingir o governador Camilo Capiberibe, o senador João Capiberibe e o PSB por conta de um mandado de busca e apreensão na casa da ex-conselheira Raquel Capiberibe, tia do governador do Amapá e irmã do senador eleito.
Não tenho procuração para defender nenhum membro da família Capiberibe. Mas um mandado de busca e apreensão na casa da ex-conselheira Raquel Capiberibe, onde não foi encontrado absolutamente nada que a incrimine é salutar e normal num processo de investigação judicial e policial. Afinal de contas, Raquel Capiberibe foi conselheira por muitos anos do TCE e pode contribuir com as investigações.
Vamos verificar a chamada de capa do jornal A Gazeta: "Operação Mãos Limpas chega aos Capiberibe". Observem que eles não deram destaque ao fato principal: “de que a PF fez busca e apreensão na casa de conselheiros e ex-conselheiros do TCE.”
O jornal de oposição não destaca também na sua manchete de capa, que foram apreendidos carros, dinheiro e documentos na casa de conselheiros e funcionários. Prefere destacar “que foram aprendidos materiais na casa da ex-conselheira Raquel Capiberibe – irmã do senador eleito, João Capiberibe e tia do governador do Amapá, Camilo Capiberibe (todos do PSB)”. Concluindo, o jornal endossa subjetivamente a manobra golpista, afirmando que “a operação pode ligar o esquema de fraudes ao grupo político”, leia-se o PSB e a família Capiberibe.
Os veículos de comunicação que se prestam a fazer esse jogo sujo sabem que os fatos e notícias não giram em torno da família Capiberibe. Mas em torno de uma investigação acurada da PF dentro do TCE, alvo de inúmeras investidas, que prendeu o presidente da instituição. Na investigação foi verificado que 50% dos recursos públicos podem ter sidos desviados.
Nota-se que a mentira tem perna curta, já que na capa, o jornal afirmou que foram encontrados documentos com objetivo de atingir de forma golpista a família Capiberibe. Na verdade foi encontrada uma “agenda pessoal” da ex-conselheira Raquel Capiberibe que continham anotações políticas sobre o governo e o PSB.
Qual seria o crime cometido por Raquel Capiberibe ao fazer anotações políticas em sua agenda? O que teria de antiético nisso?
Ora senhores! Todo o povo do Amapá sabe que qualquer homem público, governo ou partido político, têm os seus adversário e inimigos declarados. Com o PSB e a família Capiberibe isso não seria diferente.
Alguns veículos fugiram da notícia e dos fatos, refugiando-se no debate de atingir inescrupulosamente pessoas que nem sequer tem envolvimento nas fraudes ou foram funcionários do TCE.
Uma agenda pessoal com anotações políticas não tem relação com os crimes e desvios de dinheiro público no TCE. Até porque o foco da operação Mãos Limpas se dá na gênese de um grande esquema de corrupção que envolveu empresários, funcionários públicos e agentes políticos, ligados ao consórcio de poder criado no ex-governo de Waldez Góes, a chamada “harmonia”.
Faltou bom senso, interesse jornalístico e público na abordagem da notícia por parte de alguns veículos de comunicação.