segunda-feira, 9 de maio de 2011

Jornal ligado à Sarney abre guerra contra governo da Frente Popular

A guerra dos quebrados

Do blog do Emanoel Reis

O jornal A Gazeta, de Silas Assis Júnior, vem batendo duro nas costelas do governador Camilo Capiberibe (PSB), com manchetes e reportagens cada vez mais incisivas e arrasadoras, numa clara demonstração de que não apoiará o governo nem com a oferta de muito dinheiro. É a guerra de um jornal, criado e amplamente apoiado na gestão do ex-governador Waldez Góes (PDT), numa ligação umbilical tão evidenciada que tem hoje como colaboradores diretos dois ex-secretários de Estado da Comunicação de Waldez, Olympio Guarany e Marcelo Roza. Ambos amigos e parceiros do dono do jornal desde quando exerciam seus respectivos cargos, cada um num período diferente.

Silas Assis Júnior jamais receberá do governo Camilo Capiberibe o volume de dinheiro que recebia do governo Waldez Góes. E pela artilharia pesada que vem utilizando para bombardear o Palácio do Setentrião, demonstra claramente não ter nenhuma intenção em firmar qualquer tipo de acordo comercial com o GEA. E como jornal em Macapá dificilmente sobrevive só de anúncios (principalmente um jornal diário), pergunta-se como Silas Assis Júnior vem garantindo a manutenção de seu parque gráfico, a folha de pagamento de seus funcionários e assegurando a compra de papel para imprimir o periódico.

É notória a ligação de Silas Assis Júnior com o presidente do Senado,  José Sarney (PMDB). Foi uma das “heranças” deixadas pelo pai dele, o falecido jornalista Silas Assis, também conhecido editor de jornais na região Norte. Quando em 1999 fundou o Jornal do Dia em Belém (PA), Silas Assis Júnior tinha dois sócios: o fiscal de tributos do Estado, Teófilo Palmeira, e o então policial civil e presidente municipal do Partido Verde, Paulo Castelo Branco.
 
O projeto do Jornal do Dia, que à época tinha como editor-chefe o falecido jornalista Arlindo Souza, não apresentava nenhuma novidade. Mas para um tabloide despretensioso, balançou as estruturas dos jornalões paraenses com uma estratégia simples, por isso mesmo eficiente. Para se diferenciar dos demais, Silas Júnior focalizou duas editorias: Polícia e Esporte.

Para a Editoria de Polícia, contratou o experiente jornalista Raimundo Oliveira, na ocasião assessor de Imprensa da Coordenadoria de Polícia Civil do Pará e que por mais de dez anos fizera dupla em O Liberal com o conhecido repórter policial Ítalo Gouvêa, e de tabela fechou contrato de exclusividade com o fotojornalista Fernando Nobre, o “Passarinho”, ex-Diário do Pará.

Esses dois jornalistas começavam a trabalhar às 23 horas. Até as 5 horas da manhã “raspavam” tudo que acontecia na área policial em Belém. Antes das 10 horas, o jornal estava na gráfica, com ampla cobertura policial em três páginas, e manchetes que somente o Arlindo Souza sabia construir. Às 2 horas, o Jornal do Dia estava nas ruas, com notícias da área de Polícia que O Liberal, Diário do Pará e A Província do Pará só iriam veicular 24 horas depois.
Foi um dos maiores sucessos editoriais da história recente da imprensa paraense. O Jornal do Dia de Silas Assis Júnior vendia como sal. Era bom e barato. Com o tempo, os gazeteiros passaram a disputar no tapa cada exemplar do tabloide. Mas se por um lado era um sucesso editorial, o mesmo não acontecia no departamento comercial, sob a direção das irmãs de Silas Júnior, Telma e Sandra Assis. Em menos de seis meses, os salários começaram a atrasar, um claro sinal de que o negócio não andava bem das pernas.
 
Silas Júnior não obteve do governo Almir Gabriel (PSDB), tampouco do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PT), a salvaguarda financeira de que precisava para assegurar a longevidade de seu jornal. Fez alguns poucos acordos de bastidores, empreendeu manobras nada convencionais para pressionar alguns figurões da política paraense, contudo, os resultados foram pífios para quem acostumara-se às grandes jogadas provenientes, exatamente, de quem sabe como poucos instrumentalizar o veículo jornal para obter lucros fabulosos.
 
Foi após uma viagem ao Estado Maranhão que semanas depois Paulo Castelo Branco entrou eufórico na redação do Jornal do Dia anunciando a boa-nova: fora nomeado superintendente do IBAMA Pará. “De agora em diante, a história do Jornal do Dia vai ser diferente. E os salários não mais atrasarão”, anunciou ele, cheio de empáfia.
 
Silas Assis Júnior e Paulo Castelo Branco defenestraram Teófilo Palmeira da sociedade (esse acontecimento será narrado numa outra ocasião). Palmeira, que além de fiscal da SEFA também integrava – e integra – a cúpula da Igreja Assembleia de Deus no Pará, sentiu  o knockdown, beijou a lona, saiu carregado do ringue, no entanto, logo se recuperou e passou a relatar a história escabrosa para quem quisesse ouvir.
 

Já Silas Assis Júnior e Paulo Castelo Branco… (esta é uma outra história, e que história!)

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