segunda-feira, 23 de maio de 2011

A história se repete

Quando um Estado é administrado (???) da forma como aconteceu com o Amapá nos oito anos recentes, o resultado final não pode ser diferente do que estamos vivendo hoje. São 1.4 bilhões de reais desviados dos cofres públicos, incluídos aí os 420 milhões da Amprev, 200 milhões da Secretaria de Educação, 300 milhões de fornecedores, dinheiro das consignações descontado dos servidores, mas não repassado aos credores, e sabe Deus quanto mais. É o Estado saindo, quase moribundo, do controle de uma verdadeira quadrilha de engravatados. No início de 1994, o clima na gestão pública era o mesmo de hoje.

João Alberto Capiberibe assumiu o governo do Estado após a o fim da dinastia Barcellos, e o Amapá também era uma terra arrasada, mas o povo “adorava” os ex-governantes. Ganhar a eleição de Jonas Pinheiro Borges, apoiado pelo “comandante”, como era chamado o então governador Annibal Barcellos, denunciado por tantos escândalos, acusado de uma roubalheira desenfreada, e nunca punido por nenhum deles, tinha sido muito difícil. Como hoje, as manifestações contra o governo que acabara de assumir eram intensas. Cobranças, denúncias e ações judiciais de bloqueio de contas se sucediam e a nova equipe começou a trabalhar. Havia um projeto de moralizar a máquina. Seria o primeiro passo para mudar os rumos do Estado.

Uma das primeiras visitas que o novo governador recebeu no Palácio foi de um político conhecido, na ativa até hoje, aliado na campanha, que se apresentou como enviado de uma empresa de construção rodoviária envolvida com o governo Barcellos. Ele queria receber o saldo de uma dívida do governo anterior, cujo valor ele mesmo estabeleceu. Era assim que funcionava. O valor cobrado não foi pago, e o “enviado especial” informado de que nada seria, antes de uma auditoria geral nas contas apresentadas. Capiberibe, o pai, virou inimigo público número 1 da quadrilha que acabava de perder o controle do poder, e voltaria oito anos depois sob o manto da “harmonia” chefiada por Waldez Góes.

Quatro anos depois, em 1998, mesmo com o governo estabilizado, praticamente todos os serviços funcionando Capiberibe correu o risco de perder a reeleição para Waldez Góes, a novidade. E como o povo gosta de novidade.

Já bem perto do segundo turno, Capiberibe confiava cegamente em um instituto de pesquisa familiar, que o apontava em primeiro lugar, “disparado” na frente de Waldez. Não aconteceu a derrota porque o jornalista Elson Martins, que coordenava a campanha, desconfiou das facilidades e trouxe, do Acre, uma equipe que havia trabalhado na reeleição de Jorge Viana, do PT, para o governo local. A equipe veio e no dia da chegada fez uma pesquisa rápida. Capi foi chamado e ouviu o alerta:
 
-“a disputa está empatada. Ou você vai para a rua ou perde a eleição”. Capiberibe voltou para as ruas e se reelegeu. A primeira parte dessa história volta a acontecer.

Do sitio Corrêa Neto

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