Janderson Cantanhede, da redação do Jornal do Dia
Apesar do funcionalismo público representar 40% da economia amapaense, em 2011 o setor que mais gerou empregos e aqueceu as negociações comerciais foi a construção civil.
Hoje, grandes obras estão sendo executadas e estimuladas pelo setor habitacional, energético, comercial e público. Este ano, no Amapá iniciou na construção civil um novo segmento econômico que foi decisivo na sustentação e geração de emprego: a construção imobiliária voltada para unidades habitacionais.
Antes, a economia da construção civil dependia muito das obras públicas, o que nos últimos dois anos teve uma retração muito forte. Em 2011, poucas foram retomadas. Foi nesse cenário que o segmento imobiliário ocupou o espaço até então ocioso. “Este ano alguns projetos foram contratados e executados através do programa Minha Casa, Minha Vida, ocorrendo assim o ponta pé inicial desse segmento. Esse é apenas o início do desenvolvimento”, comentou Eduardo Corrêa.
Foi buscando esse mercado em ascensão que a Vex Construções conseguiu habilitação junto a Caixa Econômica, entidade executora do programa habitacional do governo federal. “A Vex hoje é a única construtora de médio porte habilitada a contratar com a Caixa. Esses recursos federais começaram a fazer parte do nosso PIB, o que até então não acontecia. Para termos uma ideia, a Vex financiou este ano um montante maior do que a Caixa nos últimos dez anos”, destacou Eduardo.
Plano Diretor Se hoje os negócios na construção civil vão de vento em polpa, um dos fatores determinantes para esse desenvolvimento foi a mudança no Plano Diretor de Macapá, ocorrida nos últimos dois anos. “As mudanças no Plano Diretor foram decisivas para que as empresas percebessem que poderiam rentabilizar seus investimentos no segmento onde existia mais atração. Essas mudanças possibilitaram uma altura maior nos prédios e com isso conseguimos uma equação mais favorável nas construções”, explicou Eduardo.
Tais mudanças no Plano Diretor não serviram apenas para aumentar o tamanho dos prédios em Macapá, mas também, buscaram proteger o meio ambiente da cidade e principalmente, organizar a verticalização da capital. “A verticalização é inevitável e desejável por todo gestor público, porque ela facilita o acesso aos serviços públicos. É muito mais fácil um gestor nutrir de água, esgoto e energia uma população que está adensada do que uma que está espalhada. O poder público não tem capacidade de suprir as necessidades horizontais. Nossa cidade mostra isso. A velocidade com que os bairros crescem é desproporcional aos investimentos em infraestrutura. A solução para isso é a verticalização”, explicou.
Titularidade
Titularidade
Porém, não adianta o poder público criar um ambiente favorável para os investimentos da construção civil se os investimentos não tiverem a documentação necessária comprovando o título de posse daquela terra. “Esse ainda é um grave problema no Amapá. Avançamos alguma coisa, mas ainda estamos muito longe. Estamos falando de um setor que está trazendo progresso e que requer velocidade. Porém, os trâmites burocráticos são muito lentos. O fato de termos somente um cartório de imóveis em Macapá cria um gargalo para a construção civil. Precisamos regularizar e registrar nossos terrenos e para isso há a necessidade de processos, sistemas, pessoas e órgãos que estejam a essa mudança. Para que a gente possa se desenvolver é preciso essa base institucional”, alertou Eduardo.
Logística
Logística
Se por um lado a titularidade das terras é um gargalo a ser ultrapassado, por outro encontrar uma logística que atenda à demanda das obras é um desafio para qualquer construtora que se lance no mercado amapaense.
Para começar, a própria localização geográfica do Amapá já é um grande desafio. Todo material usado nas construções chegam ao Estado através de balsa ou avião. E quando chegam, muitos acabam não atendendo a demanda do mercado. “Nossos produtores não estão capacitados a atender a demanda. Eu falo do cimento à areia. Para termos uma ideia, este mês faltou cimento na cidade, nossas obras pararam, porém, grandes obras como, por exemplo, a Hidroelétrica de Ferreira Gomes não parou porque há um contrato com a matriz da cimenteira, enquanto que a gente compra do distribuidor. Cimento é gargalo para o nosso desenvolvimento e temos que resolver”, explicou Eduardo.
Segundo ele, a perspectiva para 2012 é que dobre o consumo de cimento por conta da necessidade das obras. “Esse é um assunto que não diz respeito apenas à iniciativa privada, mas também ao poder público que precisa intervir, uma vez que a falta de cimento envolve questões políticas”, ressaltou.
Mão de obra
Mão de obra
Se em 2011 a construção civil gerou a maior parcela de empregos do mercado, em 2012 a expectativa é que as oportunidades continuem existindo, talvez até em uma proporção maior. “Não vamos ter mão de obra suficiente no Amapá para garantir a construção em 2012. Nossa mão de obra qualificada já está no gargalo e olha que o ápice da construção civil ainda não foi alcançado. Por isso vejo isso com preocupação porque ano que vem vamos necessitar de pedreiros, carpinteiros, mestre de obras, ferreiros, entre outros. Precisamos treinar esses profissionais e nesse ponto o poder público tem um papel fundamental. Mão de obra é problema e vai ficar pior se não tomarmos alguma atitude”, alertou.
Perspectiva
Perspectiva
Se em 2011 já foi bom, o setor da construção civil em 2012 promete ser muito melhor. Essa é a expectativa do setor. “Vejo com bastante otimismo as perspectivas para 2012. Acredito que vai se somar a esse novo mercado alguns produtos dentro do programa Minha Casa, Minha Vida voltados para habitações populares, que a meu ver vai crescer muito no ano que vem, como também as habitações para as classes A, B e C que ainda tem muito mercado pela frente”, concluiu Eduardo Corrêa.
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