terça-feira, 9 de outubro de 2012

SOBRE ALGO QUE RANDOLFE PRECISA EXPLICAR URGENTEMENTE

* Por João Silva no blog http://joaosilvaap.wordpress.com/
 
Sem precisar abandonar a visibilidade e notoriedade que oferecem os holofotes da mídia nacional, por que o senador Randolfe Rodrigues se ausenta da luta contra a corrupção no Amapá? Essa é a pergunta que não quer calar!
 
Bom exemplo, pra vingar, começa dentro da casa da gente. Nos últimos anos o Amapá mergulhou numa onda de ilícitos tão grande [e sem precedentes], que atingiu os três poderes, vem amainando, mas que ainda não foi devidamente controlada.
 
Chegou-se ao cinismo de ação organizada por indivíduos de má índole travestidos de políticos que usam os meios de comunicação para desqualificar as operações da PF, do MPF, do MPE, uma audácia que deve ser repudiada por qualquer agente político bem intencionado.
 
O MPE, o MPF, a Policia Civil, a Justiça, a sociedade civil organizada, reconheça-se, estão envolvidos em um combate duro contra a corrupção e os corruptos no Amapá, de uns tempos pra cá; deputados estaduais foram afastados, ex-governadores, ex-secretários e empresáios julgados e presos, outros criminosos do colarinho branco indiciados.
 
Portanto o combate a corrupção tem exposto e exaurido nossa sociedade, que não pode prescindir do reforço e entusiasmo de jovem senador. Creio que o povo deu 200 mil votos ao Randolfe para construir uma alternativa nova e confiável na politica do Amapá, o que não está acontecendo, e não é por causa de Clécio Vieira.
No item combate à corrupção, contra o qual nem todos os políticos de mandatos querem laborar, só contamos mesmo com a coragem e a posição histórica do senador João Capiberibe no Senado, e de Janete, na Câmara Federal, já que Randolfe ignorou a convocação das vozes roucas das ruas.
 
No restante, corrupção não é papo pra José Sarney nem assunto que entusiasme os vereadores e a grande maioria dos deputados estaduais, e deputados federais que nos representam na ALAP e na Câmara Federal, em Brasília.
 
Corrupção e trabalho para reduzi-la a nível aceitável têm de sobra, ou seja, não existe falta do que fazer, nem falta do que incomode, como a lentidão na apuração dos delitos, crime sem denúncia, investigação precisando de acompanhamento, neguinho agindo, precisando ser enquadrado, condenado e algemado.
 
Não é de hoje que o bode estar na sala e o senador do PSOL sabe disso, e se nega a tirar o bicho de lá; claro que o enfrentamento das quadrilhas implica em desgastes, em ódio, em ranger de dentes. Mas é bom não esquecer que o exercício do mandato inclui os ossos do ofício, ou não?
 
Quantos quadrilhas de excelências dilaceraram o orçamento do Estado nos últimos anos? Quantas ainda agem? Foi um bi? Foi mais de um bi? Quantas escaparam das operações Antídoto, Pororoca, e Mãos Limpas como se essas operações não tivessem existido, fossem uma, duas, várias abstrações?
 
Quem diria, de sã consciência, que o prefeito Roberto Goés (PDT) chegaria até aqui, sob restrição judicial, governando por liminar, curvado por oito cassações monocráticas impostos por membros do TRE/AP, enfrentando acusações e indiciamentos, uma montanha de denúncias que continua crescendo desde 2008, e não para de crescer? Quem lhe deu essas garantias?
A medida em que as punições demoram e a impunidade prevalece, a desesperança vai minando a crença nas instituições democráticas, a cultura da leniência, da aceitação da corrupção como coisa da política vai se consolidando com a pregação maliciosa dos seus beneficiados (velhos ladrões de dinheiro público, impunes, pilotando rádios comunitárias, televisões e jornais).
 
Agora mesmo a Revista Congresso em Foco divulga que em pesquisa feita junto aos seus leitores, incluindo internautas (a revista possui uma versão on line), Randolfe Rodrigues lidera a votação que indicará o senador com melhor performance no campo do combate à corrupção.
 
Ótimo, parabéns ao senador do PSOL. Mas o que impede jovem parlamentar de trazer para o Estado o tesão cívico que o faz temido combatente dos que desviam os recursos públicos para lugares distantes das necessidades do povo brasileiro?
 
Certamente não vai responder a um jornalista do Amapá, mas tem resposta pra isso. Faz algum tempo que Randolfe passou por uma encruzilhada – a decisão pelo poder, quando teve que escolher caminhos e em que companhias iria empreender a viagem dos seus sonhos com escala no Palácio do Setentrião, em 2014.
 
O senador então quedou-se ao delírio, cedeu à velha política em que os meios podem ser qualquer um, desde que se alcance os fins desejados;e assinou a denúncia contra Demóstenes, convencido que esse gesto lhe renderia notoriedade e encurtaria sua caminhada ao Governo do Amapá, rachando a esquerda de vez.
 
Randolfe elegeria Clécio em Macapá, Robson em Santana, e chegaria lá, cabendo a Sarney realizar o último desejo da sua vida: impor uma derrota ao grupo político do senador João Capiberibe (PSB), único no estado que não recebe ordens nem se rende à vestal do PMDB.
Decidido, Randolfe então enturmou-se ao Lucas Barreto, Rosemiro, Bala Rocha, Robson Rocha, Rosely Matos e Mira Rocha em Santana, seguindo orientação do presidente do Senado, desmanchando o sonho de uma frente de esquerda por dignidade e moralização da coisa pública no Amapá.
 
Isso significa que o senador do PSOL não quer saber de corrupção no Amapá nem de responder a quem o questiona sobre as desgraças do nosso povo, em boa parte produzidas pelos que lhe cercam, pelos que beijam as mãos do seu guru, enfim, revelado.
 
Certamente clamarei no deserto outra vez; penso que o senador preferirá o silêncio que convém aos que negam a realidade dos fatos. Mas ainda assim, se vivo for, não poderá me impedir de ouvir o que dirão as urnas sobre ele e suas companhias.

Nenhum comentário: