Antes da leitura deste texto, sugiro a leitura do artigo denominado "O ovo de Clécio" de autoria do jornalista Rupa Silva, que faz uma análise sutil do comportamento político e do redirecionamento das forças políticas que disputaram o 1º turno, bem como o posicionamento dessas forças no 2º turno da eleição em Macapá.
A "cereja do bolo" que faltava para a análise de bamba do jornalista Rup Silva, foi entregue pelo deputado federal Bala Rocha (PDT), aliado do candidato à reeleição Roberto Góes (PDT) ao denunciar a tentativa de esvaziamento da candidatura do seu colega de partido. Góes enfrenta Clécio Luís (PSOL) no 2º turno.
Bala Rocha percebendo o redirecionamento das forças políticas da "ANTIGA HARMONIA" falou o que poucos como Rup Silva vinha observando, denominando o realinhamento dessas forças políticas de "NOVA HARMONIA", destruindo a tese de que o PSOL representa o NOVO ao se aliar com grupo políticos de direita, empresários e agentes que participaram da atual gestão de Roberto Góes e do governo da "harmonia" de Waldez Góes/Pedro Paulo (2003 -2010).
A aliança ampla de Clécio Luís e do PSOL no 2º turno conta com o apoio de partidos e caciques políticos que recebem orientação e são ligados historicamente ao presidente do Senado, José Sarney (PDMDB-AP). Nenhuma das lideranças que agora sobem no palanque de Clécio Luís dão um passo sem consultar o coronel do Maranhão.
A mudança das peças no tabuleiro do xadrez político coloca que em xeque a candidatura daquele que outrora foi o queridinho do coronel do Maranhão, representando um verdadeiro esvaziamento das forças políticas sobreviventes da "ANTIGA HARMONIA" que em 2008 ajudaram a eleger Roberto Góes numa eleição que foi considerada comprada na marra.
Ontem mesmo o candidato Clécio Luís anunciou o apoio dos Democratas do deputado Davi Alcolumbre (DEM) à sua candidatura, sem titubear ou lembrar que as resoluções nacionais do PSOL proíbem qualquer tipo de aliança com o partido da extrema direita brasileira (antigo PFL).
Além do apoio dos Demos, Clécio Luís conta também com o PTB de Lucas Barreto, eleito vereador em 2012 e que não esconde de ninguém que é um aliado canino do senador José Sarney. Barreto também foi citado no famoso escândalo dos "Atos Secretos", da crise que abalou as estruturas republicanas e quase derrubou Sarney da presidência do Congresso Nacional.
O PSOL também conta com o apoio declarado do presidente do PSDB e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Amanajás, que também é um aliado e defensor de José Sarney. Amanajás é citado na Operação "Mãos Limpas" da Polícia Federal e se considera um árduo defensor do agronegócio junto com seu antecessor na presidência da ALAP (Lucas Barreto) e outros que apoiam o PSOL.
Bala Rocha tem razão quando afirma que está sendo construída uma "NOVA HARMONIA" com o redirecionamento de forças políticas que teoricamente deveriam apoiar Roberto Góes (PDT), já que todos se unem quando o assunto é a serventia aos interesses de Sarney. Segundo ele PSOL, PTB, DEM, PSDB estariam plantando a semente da "NOVA HARMONIA". Bala esqueceu-se de citar o PPS, PV e outros nanicos que já estão com o Clécio na amplíssima aliança. Ainda tem o PCdoB que declarou apoio na noite desta quinta-feira.
Quem não deve embarcar nessa é o PSTU de Genival Cruz, dono de uma expressiva votação, maior que a do PCdoB que disputou a eleição com o mandato do deputado federal Evandro Milhomem.
Nessa conjuntura, o PDT de Roberto Góes ficaria com a reeleição comprometida. Mas é preciso analisar os motivos desse esvaziamento da candidatura do atual prefeito que sempre foi aliado histórico do senador José Sarney e isso será destrinchado em outro momento. A coligação Construindo e Gerando Emprego conta também com uma aliança ampla de partidos: PDT, PSD, PMDB, PR, PP, PTdoB, PSC, PSDC, PHS e PSL.
Só restaram duas forças políticas importantes nesse cenário de definição do 2º turno em Macapá: PSB e PT. Os dois partidos formaram a Frente Popular junto com o PPL e PTN e disputaram o 1º turno com a candidatura de Cristina Almeida (PSB), a terceira colocada na disputa eleitoral.
A aliança PSB/PT saiu vitoriosa em 2010 após sucessivos escândalos de corrupção e a deflagração da Operação "Mãos Limpas" da PF, que ajudou Camilo Capiberibe, que não tinha rabo preso com a "harmonia", a derrotar Lucas Barreto, PSOL e seus aliados.
O atual cenário de remanejamento das forças políticas mostra uma clara tentativa de isolamento político do PSB e do PT. Isso já aconteceu em outros tempos quando a "harmonia" governou o Amapá. Sarney foi o mentor do isolamento político do PSB, que ressurgiu das cinzas em 2010 após o PT anunciar ruptura com antigo grupo político que governava o Amapá.
Parece que agora em 2012 tentam repetir a tese de isolamento político do PSB na perspectiva de também forçar o PT a romper com atual projeto de governo que tirou o nome do Amapá da lama, recuperando nossa credibilidade em Brasília e retomando obras e projetos importantes para o desenvolvimento local.
A pressão sobre o PT é feita de fora pra dentro ao atrair Dalva Figueiredo, Lourival Freitas, (esses não escondem que são fãs de Sarney), Evandro Gama e outros que vão a reboque do discurso do "NOVO".
O PSOL tem o claro objetivo de derrotar o governo que aí está. Tanto é fato que bancou nos bastidores uma greve eleitoral sob o manto de um discurso de que o PSB não respeitava a Lei do Piso da Educação e oprimia os professores. Agora mesmo a Confederação Nacional dos Trabalhadores de Educação (CNTE) desmascarou a farsa, mostrando que o Amapá é um dos poucos estados da federação que cumpre o Piso.
Além disso, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL) e o senador José Sarney já haviam ensaiado o atual cenário político, quando apoiaram o jogo sujo promovido pela campanha de Robson Rocha (PTB), arquitetando um golpe eleitoral contra o PT, fruto de uma falsa denúncia que contou com o uso da Policia Federal fazendo uma batida num motel da cidade.
Os apoiadores da campanha de Robson Rocha com a ajuda de uma matéria canalha da TV Amapá, afiliada da Rede Globo, cujo diretor Arilson Freires é sobrinho do ex-prefeito Rosemiro Rocha, espalharam pela cidade o boato de que a candidata Marcivânia Flexa (PT) e o prefeito Antônio Nogueira (PT) teriam sido presos com 2 milhões de reais dentro de um motel. Tal factoide político desestabilizou e desequilibrou a eleição, já que muitos eleitores leigos acreditaram na mentira propalada nos quatro cantos da cidade, dois dias antes do pleito eleitoral.
Diante desse cenário a melhor opção para o PSB, o PT e a Frente Popular seria a declaração de neutralidade, abstendo-se de ajudar qualquer uma das duas candidaturas que direta ou indiretamente farão de tudo pra derrotar o projeto mudancista iniciado em 2010 com a vitória de Camilo Capiberibe. O exemplo de Santana serve para que o PT tome uma decisão unificada não deixando que a legenda se fracione no 2º turno por conta de interesses de grupos fisiológicos. Ao PSB cabe a defesa da continuidade da Frente Popular e uma reforma administrativa que construa a governabilidade pós-eleição e que condicione o fortalecimento das duas legendas e dos aliados.
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