sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Manifesto de indignação sobre a eleição de Santana - Por Antônio Nogueira

*Por Antônio Nogueira, atual prefeito de Santana
 
As eleições no Município de Santana, segundo maior colégio eleitoral do Estado do Amapá, foram pautadas, novamente, pelo uso indevido de aparelhamento de instituições judiciárias. Só que dessa vez, a intervenção dos adversários teve resultado vitorioso.

Nas eleições de 2008, quando o PT concor
ria à reeleição, tendo como principal adversário o grupo de Rosemiro Rocha apoiado pelo Palácio do Governo Estadual e pela Assembleia Legislativa, um Juiz local cassou a candidatura do PT e no outro dia pediu transferência para a Capital, numa clara intenção de desiquilibrar a eleição em favor da candidatura do Palácio. Fomos rápidos e estratégicos para desmontar a farsa e conseguimos nos reeleger e convencer instâncias superiores da Justiça Eleitoral da armação arquitetada. Dias depois, descobrimos que o Juiz tinha relações próximas ao Palácio e à residência governamental, onde a esposa dele, inclusive, prestava serviços como assessora de governo.

Para não perder o costume, mais uma vez, o mesmo grupo político, agora com o apoio da Assembleia Legislativa e de dois Senadores da República, arma mais uma de suas estratégias sujas e abomináveis da política. Há exatamente dois dias novamente das eleições, criam um fato que veio ser determinante para desiquilibrar o resultado das eleições em Santana, usando mais uma vez do aparelhamento de uma instituição pública de credibilidade no país. Desta vez, deu certo.

Armaram uma denúncia anônima dizendo que dentro de um motel, em Santana, a candidata do PT, juntamente com o Prefeito da cidade estavam dentro de um dos quartos conferindo e separando dinheiro para boca de urna no montante de 2 milhões de reais. A Polícia Federal foi em busca do fato fictício, adentrou ao motel e por lá ficou por tempo suficiente para os adversários propagarem a versão previamente fabricada através das redes sociais e de movimentos pela cidade, inclusive distribuindo milhares de panfletos, na mesma noite, nos induzindo à certeza de que esses panfletos já estivessem prontos, mesmo antes da ação.

A indignação da candidatura do PT provocou pedido à Justiça Eleitoral para que a Polícia Federal expedisse nota, ainda no sábado, véspera da eleição, sobre o ocorrido, vez que se recusou a dar entrevista pra imprensa no momento da ocorrência e a versão dada pelos adversários estava tomando grandes proporções pela cidade inteira e também na Capital. A Justiça deferiu o pedido, entendendo que realmente aquele fato poderia causar desequilíbrio no resultado da eleição, determinando que a Polícia Federal expedisse, “imediatamente”, nota à imprensa sobre o ocorrido, vez que boatos davam conta de denúncia anônima, alheia aos conhecimentos da Juíza Eleitoral de Santana, juízo competente para fatos eleitorais ocorridos no Município de Santana.

Para surpresa de todos os partidos aliados, até esta data a Polícia Federal não cumpriu a decisão judicial sobre a expedição da nota à imprensa, ficando toda a população santanense sem saber o que realmente ocorreu naquela noite, naquele motel. Segundo o gerente, em entrevista à imprensa local, nada encontraram nos quartos se não clientes que lá estavam tão somente com o propósito de se amarem. Depois de mais de 2 horas, a Polícia retirou-se do local, sem nada dizer e sem nada registrar.

Esse fato foi repercutido, pela oposição, à noite de sexta-feira, durante o sábado e por todo o domingo de eleição, influenciando diretamente no resultado do pleito. Era corriqueira a notícia que a Polícia Federal apreendera 2 milhões de reais com a candidata Marcivânia. Em 72 horas antes da eleição, todas as pesquisas mostravam a candidata do PT eleita ao menos com 6% dos votos a frente do candidato vencedor.

Até hoje encontramos pessoas crentes que o fato inventado foi verdadeiro e que afirmam não terem votado na Professora Marcivânia por entenderem que a ação ocorrera conforme divulgado. Ao caírem na real, é que percebem que foram induzidas a votarem contra. “A cidade está triste”. É perceptível! Até porque o eleito não obteve a maioria dos votos da cidade. Obteve apenas 1/3 da credibilidade dos eleitores (22 mil votos). Santana tem 66 mil votantes e eles obtiveram apenas 1.400 votos a mais que a candidatura petista.

O que nos causa estranheza não é a prática desse grupo político vencedor das eleições, pois já conhecemos a forma criminosa que jogam na política. O fato de um Órgão de credibilidade como a Polícia Federal se deixar usar por uma denúncia anônima fabricada pela oposição, é que nos indigna. Ainda mais com a presença de dois influentes Senadores da República presentes na campanha deles. Um pelo poder inconteste que tem no Senado, outro pela credibilidade emprestada a um grupo irresponsável e corrupto que desviou milhões de reais quando governou Santana, tendo sido, inclusive, condenado a devolver recursos aos cofres públicos.

Que a verdade venha à tona para que se faça justiça à imagem da Professora Marcivânia Flexa que é uma mulher honrada e íntegra de preparo inquestionável para governar a cidade. Que se faça justiça também ao PT e aos partidos aliados que governaram Santana por dois mandatos, transformando a cidade para muito melhor do que receberam deles em 2005. “A mentira tem perna curta!”. Espero que as instituições de respeito não prolonguem essas pernas e que não se deixem fazer de instrumentos facilitadores dos corruptos e burladores da consciência do povo, as utilizando para tal fim.

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