O erro de certos políticos é que diante do efêmero sucesso não conseguem separar seus interlocutores. Imaginam, na sua euforia, que podem nos colocar no mesmo balaio da ignorância que estão seus anônimos e desinformados eleitores das baixadas.
Impregnados por essa ideia estapafúrdia, ficam a desfilar sua empáfia e seu rosário de incoerências sem dó e piedade, como diria minha mãe, uma sábia. Numa cidade de muro baixo, como a nossa Macapá [ainda bem], impossível vender gato por lebre por muito tempo sem ser descoberto algum dia.
Clécio Vieira do PSOL é um exemplo. Um mau exemplo desse tipo de político. Nem bem os números do TRE sentaram, lá estava ele colocando um ovo daqueles, como se fala na gíria.
No papel do "novo" queridinho da harmonia e da Direita amapaense , a soberba lhe subiu à cabeça ao discursar depois da seu meio triunfo, o direito de disputar com Roberto Góes [PDT], o segundo turno para a Prefeitura de Macapá, demonstrando hostilidade ao PSB, a quem dispensou de uma possível aliança sequer oferecida.
O mais grave de tudo, no entanto, é que absolvia de culpa seus novos amigos da harmonia pelas atrocidades cometidas contra o Amapá; numa linguagem canhestra, imbecil, idiotizada, desfocada da realidade, transferia para o atual governo o ônus pelo estado falimentar que seus amigos novos deixaram o Estado. Que o atual governo, como ele sabe, faz um grande esforço para recuperar.
Sua deselegância foi um escárnio. Chula, para ser sincero. E só teve repercussão pelo ataque grosseiro ao governador Camilo Capiberibe que fizera um discurso claro como água de bica, feito um estadista, reconhecendo elegantemente a derrota de sua candidata Cristina Almeida, vitima do excesso de democracia do governo que deveria merecer elogios do candidato.
A política de alianças a um eventual segundo turno é uma prática comum nas democracias modernas. Nesse item perdeu feio para Roberto Góes que tratou de afagar seus possíveis aliados , caso do Deputado Davi Alcolumbre, dono de 10 % do eleitoral, segundo as urnas.
Ao responder a pergunta do repórter sobre a política de alianças para o segundo turno o candidato do PSOL escorregou feio e falou besteira, ao negar qualquer chance de se unir ao PSB. Deveria saber Clécio Luiz, professor que reclama ser, como disse, que acabara de renegar um instituto da democracia, uma prática comum até na Conchichina, por que não aqui?
Acontece que Clécio juntou seu destino ao de Randolfe e não mais administra suas vontades. São instrumentos de Sarney que no papel de representante mor da Direita brasileira, trabalhou de sol a sol para implodir a esquerda do Amapá e conseguiu.
Antes que me escape quero dizer que poderia regozijar-me com os fatos pois eles confirmam a minha tese da capitulação do PSOL, que teria dispensado seus princípios, ideologia ,estatuto e prática, com o fim de quebrar as esquerdas, velho sonho do coronel Sarney.
Como explicar a aliança do partido em Santana com Rosemiro Rocha, recentissimamente condenado a devolver recursos públicos, nome ligado a Sarney , cujo filho acabou se elegendo Prefeito com o apoio dos psolistas? O Rei está nu? Claro que está.
Não tem mais como esconder essas relações espúrias jamais pensadas no PSOL. Essas coisas são difíceis de caber sob tapetes, de abafar como fazem seus áulicos defensores da mídia paga. Que vai dizer em casa quando por lá instado?
Pretende com isso o "velho" coronel nordestino operar a política de banimento dos Capiberibe da vida pública do Estado, eles que têm uma folha riquíssima de bons serviços prestados a esta terra, dentre eles o de impedir que o maranhense transformasse nosso Amapá a imagem e semelhança do seu sofrido Maranhão de escolas cobertas com folhas de babaçu.
Ao quedar-se a tese sarneysista de imolação de um combatente obsessivo pelas liberdades publicas, o PSOL abandonou a trincheira do "XÔ SARNEY" e abraçou a novíssima "Fica Sarney",da harmonia e daqueles que se lixam para o destino do Estado e combatem um Amapá desenvolvimentista que não querem ver, saber e muito menos ouvir falar.
Assim o PSOL homenageia um político – apesar do cargo, influência e poder, inútil para o Amapá que por três mandatos eletivos como Senador nada fez pelo Estado. Muito pelo contrário, deixou suas digitais nos casos da CEA, BR 156, Aeroporto Internacional e outras coisitas mais.
Por isso Clécio foi tão taxativo em negar qualquer possibilidade de aliança com os socialistas do PSB por não necessitar dela para chegar ao poder municipal, segundo pensa. Ele e sua claque.
Que tinham obrigação de saber que na verdade não é bem assim. Verdade mesmo é que essa decisão não pertence ao Clecio nem ao seu colega Randolfe, mas a Sarney que o transformou num "novo" Gilvan, espécie de " pau mandado " do maranhense.
A razão é simples e meridiana. Ambos foram eleitos com as benções de Sarney e seu grupo da harmonia, por isso estão proibidos pelo "velho" coronel nordestino de buscar apoio no PSB, precisamente pelo fato dessa "separação" , conquistada afinal, ser o trunfo que sempre buscou para derrotar Capiberibe.
O PSOL sabe o que dizem as pesquisas. Por isso a arrogância de Clécio. Dizem que 80% do eleitorado de Cristina Almeida [leia-se PSB] , num eventual segundo turno entre Roberto e Clécio apoiaria o candidato do PSOL.
Reação natural de identidade ideológica do eleitor, digo eu, criada pelo PSB que o PSOL insiste negar. Com a qual romperia, sem pudor, se a situação fosse inversa: Cristina versus Roberto. Não há dúvida sobre isso.
Essa situação mantida daria uma vantagem confortável aos psolistas . Daí que ele nega o PSB como parceiro pela garantia que tem de que esses votos, na sua grande maioria, migrarão naturalmente, sem interferência de ninguém.
O exercício da razão exige mais que a soberba, a empáfia, o "salto alto". Não é verdade que o PSB não tenha controle dos votos de seus militantes,tanto que têm dado provas inequívocas de unidade todas as vezes que convoca a militância para reagir uma agressão.
Basta que suas lideranças decidam convencer a metade desses 80% a não votar em Clécio para a vaca ir por brejo. A fala de Clécio revela um político menos preparado e inteligente do que tenta parecer.
Sem considerar ainda as informações que detém dessas figuras de ponta do partido que, se colocadas para a opinião pública, implodiriam a candidatura psolista.
Além do que sua postura é ruim diante das dificuldades de administrar uma prefeitura, se vir a ganhar o returno, cujo rombo poderá ser igual ou maior que o encontrado por Camilo Capiberibe, deixado por seu sucessor.
Sem base no plano nacional e sem o apoio do governo estadual, que nega estupidamente, deve creditar todas as suas fichas nas mãos do "velho" Sarney, seu novíssimo guru que prova que essa coisa de velho e novo é uma questão de ponto de vista.
Tem "velhos" e "velhos", "novos" e "novos". Para essa gente há diferença sim, uns parecem mais velhos e feios que outros, como na parábola das uvas. Como o caso de amor do PSOL com Sarney , novíssimo por sinal.
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