quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Projetos de lei que autorizam transferência da CEA para a União são encaminhados à AL/AP

O governador do Estado do Amapá, Camilo Capiberibe, encaminhou nesta terça-feira, 16, para a Assembleia Legislativa do Amapá (AL/AP) os projetos de lei que autorizam a transferência do controle acionário da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) para a Eletrobras. Os projetos deverão ser analisados e votados pelo legislativo estadual, cuja aprovação é necessária para que o Governo do Estado do Amapá (GEA) possa efetuar junto ao governo federal o processo de federalização da estatal amapaense.
A transferência de até 100% das ações do Estado para a União é um dos itens inclusos nos 3 projetos de lei constantes do protocolo de intenções que dará início à federalização da CEA. A documentação foi preparada pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) que faz parte, junto com a CEA e a Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Tesouro (Seplan), do Grupo de Trabalho criado e coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para tratar da federalização e que conta ainda com integrantes da Secretaria do Tesouro Nacional e Eletrobras.
 
Logo ao assumir o governo do Estado, em janeiro de 2011, o governador Camilo Capiberibe, junto com o presidente da CEA, José Ramalho, iniciaram os primeiros contatos com o MME para buscar uma solução para o endividamento da companhia. Em fevereiro de 2011, foi criado o GT para estudar as propostas para equacionar o problema e, em agosto do mesmo ano, com apoio da bancada federal do Amapá, o GEA oficializou (OF nº 307/2011-GOV/GEA) ao Ministério uma proposta de federalização que foi reiterada em novembro de 2011.
As negociações avançaram e, em março de 2012, o MME acordou com o Governo do Amapá que seriam excluídos da dívida da distribuidora as multas, juros e correções e que o Estado tomaria um empréstimo junto ao agente financeiro para quitar a dívida. Ficou acordada ainda a formalização de um Protocolo de Intenções, assinado pelo GEA e Eletrobras, que servirá como norteador do processo de federalização da distribuidora amapaense.
A assinatura do protocolo de intenções está prevista para acontecer após análise pela Eletrobras dos estudos realizados pela CEA sobre os impactos que a Medida Provisória 579 vai causar no setor elétrico e na distribuidora.
O endividamento
A CEA, concessionária distribuidora de energia elétrica no Estado do Amapá, vem enfrentando um processo disciplinar punitivo, iniciado em 24/10/2005, na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que durante a 41ª Reunião Pública Ordinária da Diretoria, realizada em 07/08/2007, aprovou a proposição para aplicação da penalidade de caducidade da concessão outorgada à companhia.
A concessão de energia é dada pelo Ministério das Minas e Energia. Em 2007, a agência reguladora do setor, Aneel, propôs a caducidade da concessão da CEA por conta da insolvência da empresa e da ausência de capacidade de investimento para recuperar a qualidade técnica de distribuição.
Durante todo esse período, de 2006 a 2010, o Ministério fez gestão junto ao Governo do Amapá para adiar o que foi determinado pela Aneel. Com esse apoio, o Estado recorreu a medidas protelatórias, sem nenhum resultado prático, por não adotar as ações de gestão necessárias para estancar o processo de degeneração enfrentado pela empresa.
Adiar a solução para o endividamento da CEA tinha o único propósito de estender o prazo para após o final do mandato do então governador Antônio Waldez Góes, que durante seus 8 anos à frente do Poder Executivo Estadual nada fez para reverter a situação ou buscar outra solução que não causasse prejuízo ao Amapá e, principalmente, ao seu povo.
Ao contrário de procurar reverter a situação, durante a gestão passada, a CEA deixou de pagar a energia que comprava da Eletronorte. Em 2006, essa dívida que era de pouco mais de R$ 286 milhões, de acordo com o Tribunal de Contas de União (TCU), teve um crescimento substancial e, em 2010, já ultrapassava os R$ 900 milhões o que contribuiu para que a dívida total herdada pela atual gestão do Governo do Amapá fosse de aproximadamente R$ 1 bilhão e 600 milhões, acrescida de juros e multas.
Gilvana Santos/CEA

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