Clécio Luís com o senador Randolfe Rodrigues: em Macapá, PSOL é diferente
Folhapress / Erich Macias
Renato Onofre
RIO - O primeiro prefeito de capital eleito pelo PSOL, Clécio Luís, em
Macapá, diz que quer diálogo com o senador José Sarney (PMDB) e elogia a
adesão do DEM e do PSDB à sua candidatura no segundo turno. O
posicionamento enfrenta críticas na legenda que nasceu do
descontentamento de petistas às políticas de aliança adotadas no
primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Clécio
afirma que a hora é de pensar o papel do PSOL na construção política
nacional e diz que não há antagonismo em estar próximo a desafetos
nacionais da legenda.
— Essa experiência vai levar o PSOL a fazer reflexões. Vai forçar o
partido a refletir sobre si mesmo. O que temos que aprender é que as
diferenças regionais devem ser compreendidas pelo partido e respeitadas.
Aqui, no Macapá, funcionamos diferentemente do que em São Paulo e Rio —
defende Clécio.
Para ele, é natural manter relação institucional com o presidente do Senado, José Sarney, senador pelo Amapá:
—
Não é o militante Clécio que está procurando o cacique José Sarney. É o
prefeito que vai procurar a base parlamentar eleita pelo povo de Macapá
para pedir ajuda. Para que eles cumpram seu papel institucional. Não
podemos abrir mão da ajuda de ninguém. Então é necessário que a gente
abra esse dialogo institucional republicano — justifica.
Foi por
discordar de votar em Sarney para a presidência do Senado, em 2003, que a
ex-senadora Heloisa Helena entrou em rota de colisão com a direção
nacional do PT, o que levou à sua expulsão e à criação do PSOL no ano
seguinte. Na época, em repúdio, a ex-deputada federal Luciana Genro
desabafou em uma reunião do diretório nacional petista: “O diretório
nacional tem vergonha da história do Partido dos Trabalhadores, tem
vergonha dos discursos inflamados que fez o companheiro Lula, atacando
aquele que hoje é presidente do Senado com apoio do Partido dos
Trabalhadores, senador José Sarney”. Ela também sairia do PT.
O
atual racha no PSOL veio à tona depois que a própria Luciana e outros 33
dirigentes do partido classificaram a aliança com o DEM em Macapá como
“agressão” ao partido. “Se esta aliança se mantiver, representará uma
mancha que envergonhará e indignará todo o PSOL”, disseram em nota.
O
presidente nacional da legenda, Ivan Valente, minimizou a polêmica ao
tratar o assunto como adesão e não aliança. Clécio fez questão de
afirmar que não foram negociados espaços em seu governo.
O deputado federal Chico Alencar vê, na discussão, uma oportunidade para não cometer os erros do PT:
—
A gente tem que escrever uma nova gramática no exercício do poder. Essa
fato é inédito, e vamos ter que discutir internamente como ele deve ser
conduzido. O que não podemos é seguir as práticas que o PT assumiu e
que levaram aos mensalões da vida. São as dores do crescimento.
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