Um cenário que tem se desenhado eleição após eleição.
Almir Brito, de Santana no Amapá
Nas manhãs quentes do extremo norte, a população ainda carece do mais essencial à sobrevivência, ainda sim seu povo resiste e luta bravamente. Só neste ano foram mais de 70 dias de greve dos professores estaduais, uma greve que resistiu em cada canto deste estado, nos Município mais distante lá estava a classe lutando. Mas essas lutas não devem ser meras lutas econômicas e de uma categoria, mas sim do conjunto de nossa classe contra os governos. A luta do povo amapaense é de classe. Lutas que precisam se estender à disputa por uma saída de classe com todas as formas com as quais se pode fortalecê-la. Por isso, o campo das eleições, ainda que dominado pelos ricos, deve alertar e denunciar o triste retrato da população Amapaense.
Os partidos da esquerda combativa devem cumprir este papel. Denunciar, lutar e reivindicar são qualidades dos partidos do campo da luta e que não se curvam. Mas, infelizmente, ainda que reconheçamos a batalha e obstinação de milhares de militantes honestos do PSOL, também é preciso chamá-los a uma reflexão sobre os rumos que o partido tomou, sobretudo em terras Tucujus.
O PSOL passou dos limites do eleitoralismo. Para nós, não há nada de novo a não ser o aprofundamento de um cenário que tem se desenhado eleições após eleição, mas que sem o devido conhecimento e debate pelo conjunto da militância certamente não extrairemos as lições necessárias.
Um mosaico do vale tudo eleitoral
No município de Água Branca do Amapari, o PSOL faz frente com Socorro Pelaes, do Partido Trabalhista Nacional (PTN) e o vice Ocir de Oliveira Lobato do PSB, na coligação "Pra fazer muito mais" com a seguinte conformação: PRB, PSL, PTN, PPS, PMN, PSB, PSOL, PC do B. Já no Município de Itaubal, o PSOL resolveu coligar com Fabiola do Nascimento do PPS, além do PPS. O partido de Randolfe aglutinou o PRB, PTN, PSDC, PTC, PV, PC do B.
Na capital, o PSOL trouxe junto consigo o PCB, PPS, PRTB, PMN, PTC, PV, tendo como vice o ex secretário do atual prefeito de Macapá, Alan Sales. Mas não bastava. No extremo norte, em Oiapoque, quem contou com o PSOL na coligação foi a candidata do PDT, Orlanda. Na coligação "Oiapoque mais forte" também vieram, além do PDT e PSOL, o PPS e PRTB. Já em Porto Grande, a coligação do PSOL foi com o Pc do B e PSB. Em Tartarugalzinho quem recebeu o apoio do PSOL foi a "ilustre candidatura" do Marcio de Oliveira Brito do PT que também traz o PSB, agora sob o nome "O novo com a força do Povo".
Uma reprise de 2010: o PSOL constrói aliança com o PTB para defender candidatura de aliado de Sarney
O senador Randolfe se aliou ao candidato a prefeito de Santana, Robson Rocha (PTB), no segundo maior município do Amapá. Robson Rocha tem como vice, Roselina Matos do DEM.
Nas ensolaradas tardes amapaense, o senador conduziu o PSOL, em 2012, a dividir o palanque com Lucas Barreto e o prefeito de Macapá, Roberto Góes (PDT), que foi preso pela Polícia Federal na Operação "Mãos Limpas". Agora, as tardes santanenses contam com o senador apoiando, feroz e incondicionalmente, Robson Rocha(PTB).
Robson é filho do ex-prefeito de Santana, Rosemiro Rocha (PTB), que foi preso em 2004 na operação Pororoca, desencadeada pela Polícia Federal.
Nós não estamos falando de simples coligações formais ou alianças informais como se dá em Santana, o segundo maior município do estado. Existe uma lógica por traz disso. Trata-se de uma política consciente, que traz consigo um cálculo eleitoral. Para o PSOL/AP, 2014 já começou. E em todos os municípios, observamos o cenário de um partido bem diferente daquele defendido por Lenin, ou mesmo daqueles que militam de forma honesta dentro do PSOL para a construção de um partido que tenha como estratégia uma sociedade socialista. Infelizmente, sobretudo no Amapá, o que prevalece é a velha máxima eleitoral.
É difícil se deparar com este quadro quando se olha a fundo a situação destes municípios. Parte deles sofrem ou sofreram com a exploração desenfreada da mineração ou mesmo com a triste perpetuação de oligarquias locais que se valem da mais completa miséria do povo para se perpetuarem no poder. Este cenário de calamidade nos exige uma resposta de classe, mas, infelizmente foi assim que o PSOL resolveu seguir. Resta saber se sua aguerrida militância tomará o mesmo rumo. Nós acreditamos que não. Porém existe uma decisão a ser tomada. Com a palavra a militância do PSOL.
Portanto, é preciso ampliar o chamado aos ativistas sérios e coerentes com o classismo e socialismo a continuar erguendo as bandeiras da classe que há muito o PSOL abandonou, assim como o PT o fez, agora num ritmo ainda mais assustador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário