segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Macapá não será 'trincheira' contra o governo, diz prefeito eleito do PSOL

Clécio Luís (de branco), ao lado do vice Allan Sales (primeiro, a partir da esq.) e do senador Randolfe Rodrigues (Foto: Priscilla Mendes / G1)
 
Priscilla Mendes*Do G1, em Macapá
 
O prefeito eleito de Macapá, Clécio Luís (PSOL), afirmou na noite deste domingo (28) que, embora pertença a um partido de esquerda e de oposição, não fará da prefeitura uma "trincheira" contra o governo federal. Ele foi eleito com 50,59% dos votos válidos, numa disputa apertada contra o atual prefeito, Roberto Góes (PDT), que obteve 49,41%.
Com a vitória de Clécio, o PSOL elegeu o primeiro prefeito em uma capital. O partido faz oposição ao governo federal, mas Clécio disse que não vê problema em procurar a presidente Dilma Rousseff quando julgar necessário.

"Vamos procurar o governo federal da presidente Dilma, em que pese a nossa posição de oposição. Não há um antagonismo da instituição prefeitura para fazer de Macapá uma trincheira contra qualquer que seja", afirmou Clécio Luís, que, após a vitória, recebeu jornalistas na casa da mãe, de onde acompanhou a apuração dos votos.

Clécio afirmou que vai cobrar do governo federal a liberação de emendas dos parlamentares amapaenses que beneficiam a capital do estado. "Essas emendas estão paradas. Queremos retomar as obras. Isso é fundamental para sinalizar para o governo federal que nós vamos restituir a cooperação entre os entes federados", afirmou.
 
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos principais cabos eleitorais de Clécio Luís em Macapá, afirmou que o governo da primeira capital conquistada pelo PSOL será de esquerda, voltado para os mais pobres.
Arte raio X Macapá (Foto: Editoria de Arte / G1)
"É a primeira experiência de um partido recente, um partido que nasceu para ser alternativa política de esquerda, democrática e socialista. Não tenha dúvidas: o primeiro governo de capital do PSOL será um governo de esquerda. Será um governo para os mais pobres, para aqueles que mais sofrem na cidade", disse Randolfe, que tem Clécio como seu suplente no Senado.
 
Para o presidente nacional do PSOL, deputado Ivan Valente, a primeira vitória no Executivo de uma capital representa um "desafio" para o partido.
 
"Acho que no Executivo é até mais difícil [que no Legislativo], porque você tem que encarar grande desafios e forças muito conservadoras. Deve trabalhar para hegemonizar a política do partido na cidade e ao mesmo tempo governar para todos e com apoio popular. O PSOL tem as chamadas dores do crescimento, por ser pequeno e ideológico. Trata-se agora de manter os princípios e a coerência. A gente vai aprender muito, vai ser importante", disse ao G1.


Comitê do Povo


Clécio afirmou que a marca de seu governo será a participação popular. Entre suas propostas, está a criação do Comitê do Povo, formado por cidadãos que deverão fiscalizar a execução de obras e programas da prefeitura.
 
“Isso nos dará ao mesmo tempo a facilidade de fazer o povo entender o que estamos fazendo e também coibir o pior câncer da administração pública, que é a corrupção, que tem infelicitado tanto a nossa cidade”, afirmou.
 
Plano emergencial Clécio Luís elaborou um programa emergencial de cem dias cuja prioridade, segundo afirmou, será a saúde. Segundo o prefeito eleito, a terceira maior causa de morte em Macapá é a falta de diagnósticos.
 
"O povo não está tendo consulta, não está tendo nenhum tipo de prevenção, não consegue diagnosticar. Isso é atenção básica à saúde", afirmou o prefeito eleito, que prometeu durante a campanha concluir a construção do hospital metropolitano e ampliar o programa Saúde em Casa.
 
A segunda prioridade do plano emergencial é a limpeza da cidade e desobstrução dos bueiros para diminuir os alagamentos na baixada, de acordo com Clécio. “Macapá, infelizmente, é uma cidade suja, mal cuidada, o mato está tomando conta. Precisamos fazer uma frente de trabalho para limpar a cidade”, disse.
 
Orçamento
O prefeito eleito, que durante a campanha reclamou do alto endividamento do município, disse que pretende “arrumar a casa” no que diz respeito a orçamento.
 
“Vamos fazer um diagnóstico situacional no município para que a gente vá atrás das fontes de recursos existentes e já preparar o primeiro concurso público da prefeitura, porque Macapá padece da falta de valorização dos seus funcionários”, afirmou.
 
Transição
Clécio disse que pretende procurar o candidato derrotado, o atual prefeito Roberto Góes (PDT), para “aproveitar a experiência” do adversário frente à prefeitura.
 
"Vamos montar um cronograma para procurá-lo logo porque ele tem muita informação. A eleição acabou, os palanques serão desmontados. Agora segue a vida na cidade em que ele foi prefeito”, declarou.

*Colaborou Renan Ramalho, de Brasília

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