quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Jornal O Globo: PSOL racha após apoio do DEM a candidato em Macapá

Juliana Castro
 
RIO — Na disputa pela prefeitura de Macapá, o candidato Clécio Luís (PSOL) recebeu neste segundo turno apoio do DEM e de parte do PSDB, o que gerou forte reação de setores de seu partido. Nesta terça-feira, 35 membros da sigla — muitos deles integrantes da Executiva Nacional — divulgaram nota repudiando a adesão de políticos dos dois partidos.
 
“O PSOL de todo o país, que acabou de brilhar com uma campanha eleitoral de esquerda, não merece uma agressão como esta que está sendo feita contra ele”, afirma a nota.
 
— Nós que assinamos a nota estamos indignados diante do que acontece no PSOL de Macapá. É inaceitável qualquer apoio da direita. O partido deveria rejeitar — disse a ex-deputada federal Luciana Genro.
 
Também assinou o texto o ex-deputado federal João Batista Oliveira de Araújo, o Babá, que, junto a Luciana e a ex-senadora Heloísa Helena, foram alguns dos fundadores do PSOL, após serem expulsos do PT. Em nota, o Diretório do PSOL no Ceará também repudiou a aliança e a classificou como “irresponsável, suicida, absurda e injustificável”.
 
Em julho, a direção nacional do PSOL proibiu alianças com PSDB, DEM, PMDB, PR, PTB, PSD, PRB e PP. Os acordos não seriam aceitos porque “são instituições orgânicas do grande capital e configuram-se como um bloco conservador de sustentação ao regime político atual”.
 
Clécio disputa o segundo turno contra o prefeito de Macapá, Roberto Góes (PDT), preso em dezembro de 2010 em um desdobramento da Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal, e solto dois meses depois. No primeiro turno, o pedetista obteve 40,18% dos votos válidos, contra 27,89% de Clécio.
 
Em texto enviado a companheiros do partido, Clécio justifica as adesões a sua candidatura.
 
— Antes de qualquer nota, deveriam ter conhecimento dos fatos. Não acho uma atitude companheira atacar primeiro e perguntar depois — disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos coordenadores da campanha de Clésio.— Não posso dizer dizer para ninguém: “Eu não quero seu apoio”.
 
O presidente do PSOL, deputado federal Ivan Valente (SP), disse que rejeitar a adesão “seria uma medida pouco inteligente”, mas ponderou que os filiados no Amapá deveriam ter consultado a direção nacional:
 
— A criação dessa celeuma a dez dias da eleição é negativa. Poderíamos tratar (do assunto) internamente.

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