sexta-feira, 12 de outubro de 2012

PSOL adota o poder pelo poder em Macapá - Por Chico Bruno

Chico Bruno
Será que existe alguma diferença entre o DEM de César Maia, o DEM de ACM Neto e o DEM de Davi Alcolumbre em Macapá?
Será que Marcelo Freixo, candidato do PSOL a prefeitura do Rio de Janeiro, aceitaria o apoio do DEM de César Maia, se por acaso tivesse ido para a disputa contra Eduardo Paes?
Duvide-o-dó.
E a prova é que o PSOL, através de Freixo, anunciou que não vai apoiar Rodrigo Neves (PT), no segundo turno, em Niterói, cidade vizinha ao Rio de Janeiro, sob a alegação que o partido não tem como avalizar o candidato do governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB).
Em Salvador para deixar claro que óleo e água não se misturam, o PSOL baiano expressou em nota pública a sua decisão, avaliando que a candidatura de ACM Neto (DEM) representa "um projeto antipopular". “É a candidatura orgânica da burguesia baiana e dos poderosos. Representa o que há de mais retrogrado na política baiana. Os anos de dominação carlista na Bahia e em Salvador foram marcados por autoritarismo, violência contra o povo, corrupção, privatização da cidade, privilégios para os mais ricos e subordinação do poder público aos seus próprios interesses políticos e econômicos”, afirma a nota socialista. Quanto a Nelson Pelegrino (PT), o PSOL considera que é um “projeto de submissão aos poderosos”. “Históricos quadros do carlismo estão na base de apoio dos governos do PT nas esferas estadual e nacional”.
Vale lembrar que em 2010 o PSOL declarou "apoio crítico" à Dilma Rousseff, afirmando que só optou por fazê-lo, a fim de garantir a derrota da direita convencional representada na candidatura de José Serra (PSDB) apoiada pelo DEM nas eleições gerais, e que iria continuar a se opor à política centrista do governo do PT. Muitos membros do partido, incluindo o candidato presidencial Plínio de Arruda Sampaio, optaram pelo voto nulo, recusando-se a apoiar Rousseff.
E, ainda em 2010, o candidato do PSOL ao governo gaúcho, Pedro Ruas, em entrevista ao jornal Sul 21 mostrou as diferenças do partido em relação aos demais.
“O PSOL não abre mão de ser socialista. Ser socialista, para nosso partido, não é uma estratégia, existe um projeto socialista. E cuidamos muito do método. Essa linha de ser absorvido pelo sistema é detestada pelo PSOL. Os partidos tradicionais, e infelizmente neste aspecto eu tenho que incluir o PT, acabam disputando o poder pelo poder. Não há coisa tão contraditória como essa busca do PT por aliança com o PTB... Então, a gente vê o PT procurando o PTB, o PMDB com o PDT. No plano nacional o PT e o PMDB juntos. Estes partidos não têm um programa de governo, eles tem um projeto de ganhar. E essas alianças esdrúxulas acabam tendo necessariamente o preço da repartição dos cargos. Ai é aquele horror que vemos por ai. Por quê? Porque não há programa de governo. Tu não vês uma discussão sobre o plano de governo. Nós temos a pretensão de ter o melhor programa de governo desta eleição e isto não é difícil. O dinheiro público é sagrado. No nosso ponto de vista ele é intocável e todos aqueles que fugirem esta linha serão combatidos e por nós denunciados.”
Por isso, fica difícil entender o porquê do PSOL do Amapá ter corrido atrás e conquistado o apoio do DEM para Clécio Luis, candidato do socialismo e liberdade, na disputa contra Roberto Góes (PDT) pela Prefeitura de Macapá.
O apoio do DEM ao PSOL em Macapá derruba a teoria de que óleo e água não se misturam.
O PSOL do Amapá difere muito do partido na maioria do País. Tanto que deve levar adiante o projeto entre PTB e PSOL, iniciado em 2010, com a eleição de Randolfe Rodrigues para o Senado, haja vista que ao discursar no ato de adesão do DEM/PTB/PSDB a sua candidatura, Clécio Luis praticamente lançou a candidatura de Lucas Barreto (PTB) ao governo do Amapá em 2014.
Resumo da ópera.
Mas, porque o PSOL do Amapá age na contramão da legenda no resto do País?
A resposta, que mais se aproxima da realidade, é a conquista do poder pelo poder, conforme assinalou o psolista Pedro Ruas em relação a demais legendas.
Pelo visto, o PSOL do Amapá parafraseia José Dirceu:
"Nós não temos vergonha desse apoio, pelo contrário: precisamos dele e agradecemos."

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