Secretário de obras de Macapá, Carlos Aragão, tentando explicar o inexplicável diante do abandono da obra do Hospital Metropolitano
Do jornal Folha do Estado
Inconformadas com a demora na conclusão das obras do Hospital de Clínicas Metropolitano, localizado no bairro São Lázaro, Zona Norte, mais de 250 pessoas reuniram-se para protestar contra o desinteresse da Prefeitura de Macapá em estabelecer uma data-limite para conclusão definitiva dos serviços. Há mais de dez anos, após dois mandatos do ex-petista João Henrique Pimentel e a gestão de Roberto Góes (PDT), que se encaminha para o fim, os trabalhos se arrastam a passos de cágado. E por enquanto, apesar da liberação de R$ 6 milhões pela Caixa Econômica Federal, em agosto do ano passado, as perspectivas continuam nebulosas.
Se em funcionamento nos dias atuais, o Hospital de Clínicas Metropolitano estaria atendendo mais de 150 mil pessoas, segundo estimativas do Sindicato de Enfermagem e Trabalhadores da Saúde do Amapá (SINDESAÚDE). Maioria moradores da Zona Norte de Macapá, mas, também pessoas residentes nos bairros adjacentes. “Ocorreria redução considerável no número de atendimentos no Hospital de Emergências”, assinala o vereador Washington Picanço (PSB), uma das principais lideranças da manifestação organizada pelas Associações de Moradores e pela Federação dos Amigos e Moradores da Zona Norte.
Ouvidos pela reportagem da FOLHA DO ESTADO, moradores denunciaram que as atividades estavam paralisadas até a manhã da quinta-feira, 22, dia dos protestos. “Não tinha ninguém trabalhando aí”, assinala a dona de casa Maria de Fátima Araújo, 32 anos, referindo-se ao canteiro de obras ao lado da edificação inacabada do Hospital de Clínicas Metropolitano. Segundo informou, ao ser avisada da manifestação, a Prefeitura de Macapá, em comum acordo com a empresa Porto Construções (responsável pelos trabalhos no hospital), transportaram duas dezenas de operários de outras obras para o canteiro do Hospital Metropolitano. “Tudo para enganar a gente”, comentou, em tom de desabafo, reportando-se à possível manobra engendrada por PMM e Porto visando minimizar o efeito das acusações.
Construtora promete concluir obras em 240 dias
Surpreendido pela manifestação popular, um dos sócios da construtora, engenheiro Eduardo Montenegro, acompanhado por demais responsáveis pela empresa, abordou o vereador Washington Picanço para esclarecer, segundo repetia com insistência, que “não havia nenhuma irregularidade no processo de condução dos serviços”. Confrontado pelos manifestantes, o engenheiro esclareceu que em dezembro passado participou e venceu a licitação proposta pela PMM e em janeiro recebeu a ordem de serviço. “Desde então, estamos organizando o canteiro e organizando a infraestrutura das obras e o que já está liberado”, assinalou, acrescentando que o prazo para entrega (“se não houver acréscimo”) é de 240 dias. “Evidente que o inverno pode atrapalhar um pouco. Mas, isso é justificável e está respaldado na legislação.”
Para o vereador Washington Picanço, as explicações de Eduardo Montenegro “são meramente técnicas”, pois, assinala o socialista, falta “vontade política dos atuais gestores” em apressar a conclusão do hospital . Conforme assinala, Ministério Público Federal, Justiça Federal e Tribunal de Contas da União “já gestaram, de forma bastante eficaz, no sentido de suprir todas as irregularidades encontradas nos últimos anos” e por isso, nas atuais circunstâncias, não cabe qualquer tipo de justificativa.
Secretário garante que “projeto está todo normal”
Ao desembarcar de um automóvel Celta cinza grafite às proximidades do aglomerado de manifestantes, o secretário municipal de Obras, Carlos Aragão, passou a mão sobre a cabeça e se encaminhou para onde se encontrava os sócios da construtora, o vereador Picando e representantes das entidades populares da Zona Norte. A aparente tranquilidade foi logo diluída ao ser confrontado sobre o andamento e a conclusão do hospital. “Calma, gente! Calma!!! A obra está em andamento. O projeto está todo normal.”
Em seguida, menos tenso e sobressaltado, Aragão concordou com a manifestação. “O povo tem razão em protestar. Eles precisam de um hospital aqui [Zona Norte], contam apenas com uma unidade de saúde que, devido a demanda, funciona com dificuldades. Além do mais, essa obra passou os oito anos do prefeito João Henrique e agora já vai pra três anos e ainda não acabou. É uma obra que passou por uma série de problemas: de projeto, quando de sua transformação de Hospital do Câncer para Metropolitano e outras. E isso leva um tempo”. Em seguida, convidou a Imprensa para conhecer o canteiro de obras.
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