Estudos de caso quantificam importância econômica e social da banda larga
*Lia Ribeiro Dias - A Rede
A Comissão para o Desenvolvimento da Banda Larga da Unesco e a União Internacional de Telecomunicações (UIT) divulgaram esta semana os resultados dos primeiros estudos de caso sobre o impacto da banda larga em países em desenvolvimento. Os mercados da Macedônia e da Romênia foram analisados do ponto de vista do uso da banda larga para acesso a serviços como educação e saúde. Já nas Filipinas e no Panamá o objetivo foi mensurar o papel da banda larga no crescimento da atividade econômica.
À exceção do Panamá, onde a infraestrutura de banda larga fixa ainda tem maior peso na oferta do serviço, nos demais países o aumento da penetração se dá sobretudo por meio da banda larga móvel. Nas Filipinas, por exemplo, a penetração da banda larga fixa era, em 2010, de apenas 2% em relação ao total da população, enquanto os telefones com acesso à internet já cobriam 23,5% do conjunto dos cidadãos no primeiro trimestre de 2011. Destes clientes, 13% tinham pacotes de dados. As projeções da empresa de pesquisa de mercado Wireless Intelligence indicam que, em 2016, as conexões móveis de banda larga devem atingir 60,6% da população.
Os estudos de caso não trazem nenhuma grande revelação. Eles reforçam as relações entre investimento em banda larga e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), e os efeitos indiretos da ampliação das conexões à internet no aumento da produtividade das empresas e também em nível pessoal. E tratam, no caso dos países estudados do Leste Europeu, da importância da conectividade para o acesso aos serviços de educação e saúde e para a redução da desigualdade entre os cidadãos no acesso às diferentes oportunidades.
À exceção do Panamá, onde a infraestrutura de banda larga fixa ainda tem maior peso na oferta do serviço, nos demais países o aumento da penetração se dá sobretudo por meio da banda larga móvel. Nas Filipinas, por exemplo, a penetração da banda larga fixa era, em 2010, de apenas 2% em relação ao total da população, enquanto os telefones com acesso à internet já cobriam 23,5% do conjunto dos cidadãos no primeiro trimestre de 2011. Destes clientes, 13% tinham pacotes de dados. As projeções da empresa de pesquisa de mercado Wireless Intelligence indicam que, em 2016, as conexões móveis de banda larga devem atingir 60,6% da população.
Os estudos de caso não trazem nenhuma grande revelação. Eles reforçam as relações entre investimento em banda larga e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), e os efeitos indiretos da ampliação das conexões à internet no aumento da produtividade das empresas e também em nível pessoal. E tratam, no caso dos países estudados do Leste Europeu, da importância da conectividade para o acesso aos serviços de educação e saúde e para a redução da desigualdade entre os cidadãos no acesso às diferentes oportunidades.
Rápido avanço
Macedônia e Romênia são dois países que no início dos anos 2000 contavam com uma infraestrutura limitada de telecomunicações. Em 2002, a Macedônia não tinha oferta comercial de serviço banda larga. Em 2011, de acordo com o regulador local, havia 105 empresas fornecendo acesso à internet e um terço da população já contava com conexões fixas ou móveis. Houve uma massificação da interconexão das escolas à internet e, em todo o país, os estudantes têm acesso à rede – a base é de 1,45 estudante por computador. Para atender as universidades foi construída uma rede acadêmica de alta velocidade, a MARnet. E foram instalados 570 quiosques com acesso à internet em comunidades da zona rural.
Os números são modestos se comparados aos dos países da Europa ocidental, mas representam um grande avanço para um país que se tornou independente da Iugoslávia em 1991 (ela era uma de suas regiões mais pobres). Com todos os problemas decorrentes de se firmar como nova nação, enfrentou uma grave crise em 2001, em função de um movimento separatista encabeçado pelo minoria albanesa e foi duramente atingida, como os demais países europeus, pela crise 2008 e 2009. Com cerca de 2 milhões de habitantes, é um país pobre: o PIB per capita em 2010 era de US$ 9.700, 28,7% do PIB médio da União Europeia.
Na avaliação dos autores do estudo de caso da Macedônia, o país avançou na adequação de seu arcabouço regulatório às disposições definidas pela União Europeia no que se refere à banda larga e à Sociedade da Informação. Já atendeu os dispositivos regulatórios de 2003 da UE e também à maior parte dos definidos na revisão de 2009, que estarão totalmente atendidos este ano.
Ao contrário da Macedônia, um país de pequenas dimensões territoriais e população também pequena, a Romênia é o 19º país da União Europeia em área e tem 221 milhões de habitantes, dos quais 55% vivem na zona rural. Portanto, para ela, o desafio de massificar a banda larga é muito maior. Entre 2006 e 2011 quase triplicou a taxa de penetração da banda larga fixa de 5,5% para 14%. E, no ano passado, as conexões móveis superaram as fixas, cobrindo 16% do conjunto da população.
Como o país tem uma expressiva população rural, onde a oferta de banda larga é muito mais limitada, a taxa de penetração no conjunto do país é baixa. Mas nas grandes cidades, como Bucareste, Cluj, Timisoara e Constanta, onde se concentra a população urbana, não só os níveis de penetração são muito superiores, como as velocidades oferecidas são bastante altas: 53% das conexões variam entre 2 Mbps e 30 Mbps e 29%, entre 30 Mbps e 100 Mbps, a preços médios bem mais competitivos que os praticados na Inglaterra. Isso porque conta com vários provedores de cabo, que competem entre si, e com provedores regionais concentrados em determinados bairros que oferecem o serviço por meio de fibra óptica aérea. De acordo com recente relatório da norte-americana Akamai, a Romênia está entre os países com maior velocidade real de acesso à internet.
Na avaliação dos pesquisadores que analisaram a banda larga na Romênia, o país apresenta deficiências no estimulo à população para uso da internet e no seu treinamento e educação, apesar do sucesso do programa de instalação de telecentros públicos. Outro desafio, em sua opinião, é o atendimento da zona rural dentro das velocidades definidas pela agenda digital da União Europeia. Este atendimento vai demandar financiamento de fundos públicos externos, já utilizados no programa desenvolvido no país.
Celular tem forte impacto nas Filipinas
Se a banda larga fixa cresceu lentamente nas Filipinas na última década, com pequeno impacto nas atividades econômicas e penetração, ao final de 2009, de 7,37%, as conexões móveis explodiram entre 2006 e 2010. O relatório da Wireless Intelligence mostra que, em 2010, as conexões móveis somavam 12 milhões contra 1,8 milhões de acesso fixo, num país de cerca de 100 milhões de habitantes.
Ao avaliar o impacto da expansão da infraestrutura de banda larga móvel no crescimento do PIB, uma vez que a lenta expansão da fixa não teve maiores repercussões, os pesquisadores constataram que a contribuição anual das conexões móveis foi de 0,32% ao ano na última década. “Isso representou 6,9% de todo crescimento do PIB no período, tendo em vista que o crescimento anual do PIB foi de 4,6%. Desde 2005, esse impacto quase dobrou, alcançando 0,61% do PIB, o que representa 7,3% do crescimento de toda a economia do país”, afirma o estudo.
No Panamá ocorreu o inverso. A contribuição à expansão do PIB foi dada pela banda larga fixa, uma vez que, ate 2010, a oferta de conexões dedicadas de banda larga móvel era escassa. O modelo desenvolvido no estudo de caso mostra que a banda larga fixa contribuiu indiretamente para o crescimento de 0,44% do PIB anualmente, entre 200 e 2010. “Tendo em vista que a economia cresceu, em média, 4,6% ao ano, durante esse período, essa estimativa sugere que a banda larga fixa sozinha foi responsável por 9,6% do crescimento de toda a economia panamenha na década passada”, afirma o relatório. No período de 2005-2010, a contribuição da banda larga fixa subiu para 0,82% do crescimento do PIB.
O papel da banda larga vai continuar impulsionando o PIB, mas a importância da banda larga fixa tende a recuar no Panamá, prevê o estudo. Prospecção de mercado realizada pela Wireless Intelligence mostra que quase metade da população panamenha pretende, até 2016, ter banda larga móvel.
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