segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Lobby dos "grileiros de colarinho branco" tenta derrubar lei da Flota na Assembleia Legislativa

Eider Pena e Jorge Amanajás, acusados de grilagem de terras, estariam fazendo lobby na Assembleia Legislativa com o apoio de Moisés Souza que quer vingança contra o PSB para derrubar em plenário lei que cria a Flota
"Grileiro de colarinho branco", essa foi a expressão utilizada pelo jornalista e colunista do jornal O Globo, Ricardo Noblat em 12/12/2005, em texto bombástico publicado no seu blog, denunciando o envolvimento de deputados amapaenses em supostas práticas de grilagem de terras no Amapá. 

Em 2006 a lei que criou a Flota (Floresta Estadual do Amapá) foi aprovada, ainda no governo Waldez Góes do PDT, partido que na época Eider Pena era filiado. Agora o parlamentar envolvido com o agronegócio quer derrubar a lei durante sessão desta segunda-feira naa Assembleia Legislativa. Mas logo a ALAP presidida por Moisés Souza, palco de inúmeros escândalos que nos envergonham enquanto amapaenses? A bancada da grilagem tenta a todo custo se apossar de nossas riquezas por meio de uma manobra oito anos depois de uma lei aprovada.

Na semana passada nenhum jornalista que entrevistou o deputado Eider Pena (PSD) teve coragem de questioná-lo sobre os motivos de o nome dele ser citado em processos onde o mesmo é acusado de cometer grilagem de terras no Amapá. 

Nem mesmo no "Café com Notícia" da 90,9 FM, pilotado pelo jornalista Ana Girlene, um programa tido como o mais jornalístico e independente do Amapá, mas com fortes laços políticos de sua bancada com o PSOL de Randolfe Rodrigues, teve coragem de fazer a maldita pergunta que incomoda Eider Pena. Estariam esses setores torcendo a favor da revogação da Lei da Flota?

Vale lembrar que em nenhum momento foi dado espaço para a presidente do Instituto Estadual de Florestas do Amapá (IEF), Ana Euller, discorrer sobre os benefícios que a Flota concede ao povo amapaense e principalmente aos pequenos agricultores que Eider Pena tenta utilizar como massa de manobra e pano de fundo para defender os interesses maiores do agronegócio. 

O único espaço que foi dado foi para que Eider Pena atacasse de forma rasteria uma das ambientalistas mais respeitadas do estado por conta de que ele é contra a lei da Flota. 

O governo endurece contra a bancada dos grileiros, mas e os outros partidos, jornalistas e lideranças de esquerda que se colocam como a salvação do Amapá? Estariam fazendo o jogo dos grileiros? Onde estão estes setores? Onde está a Comissão Partoral da Terra?

Será que o Noblat tá errado? Leia abaixo o texto bomba do jornalista:

Grileiro de colarinho branco

Do site http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2005/12/12/grileiro-de-colarinho-branco-30491.asp

Este blog publicou no último dia cinco a história de Misilvam Chavier dos Santos - o Parcerinho -, candidato derrotado do PSDB na eleição para prefeitura de Tupiratins (TO), preso por transportar meia tonelada de cocaína.

Tem outra história cabeluda envolvendo político do PSDB, informa Gustavo Noblat, repórter do blog. Essa foi denunciada na última sexta-feira à Justiça Federal do Amapá.

O Procurador Federal do Incra, Nezio Nery de Andrade, entrou com uma ação para retomada de terras da União griladas pelo presidente de Assembléia Legislativa do Amapá, deputado Jorge Amanajás.

Amanajás é acusado de comprar terras públicas que estavam de posse de pequenos produtores e em fase de regularização junto ao Instituto de Colonização e da Reforma Agrária (INCRA).

Por ser um ex-território federal, grande parte das terras públicas no Amapá são da União e não do Estado. A posse de terra é regularizada pelo INCRA. E a prioridade é para reforma agrária.

Esperto, o deputado ficou quieto. Como o seu não era propriamente o caso de alguém a ser beneficiado para efeito de reforma agrária e como não tinha direito as terras, Amanajás nunca deu entrada no Incra para regularizar os terrenos em seu nome.

Em vez disso, firmou um contrato particular de "compromisso irrefutável de compra e venda" com os posseiros das terras. Os processos de regulamentação continuaram em nome dos trabalhadores rurais.

Mas o contrato de gaveta lavrado em cartório apontou para o verdadeiro proprietário do lugar: Jorge Emanoel Amanajás Cardoso.     

Pelas terras, o deputado pagou preços baixíssimos. Comprou 1.377,9454 hectares (ha) por R$ 67 mil. Foram R$ 20 mil por 500 hectares de Neuza Maria, R$ 12 mil a Célio Souza por 474,3 hectares e R$ 35 mil a José Ciríaco Ramos por uma terra em litígio de 403,5 hectares.

Não satisfeito cercou os terrenos numa área três vezes maior, com 5 mil hectares.

Hoje há cinco casas idênticas construídas a mais ou menos mil hectares de distancia uma da outra dentro do terreno ocupado por Amanajás. Um galpão enorme para o armazenamento de grãos também foi instalado na "Fazenda Lagoa Azul", como é chamado o lugar pelo deputado.  

Lá são produzidos grãos, principalmente soja. 

Um dossiê sobre personagens ilustres que estariam grilando terras, entre eles o deputado do PSDB, já havia sido entregue em maio deste ano pela Superintendente do Incra, Cristina Almeida, ao Ministério Público Federal (MP) e à Polícia Federal (PF) que investigam o caso.

O dossiê cita, além de Amanajás, outros dois parlamentares: o deputado federal Gervásio Oliveira do PMDB e Eider Pena, deputado estadual pelo PDT.

Por ironia, há um comercial de televisão em exibição no Amapá onde Pena e Amanajás aparecem juntos falando da importância da plantação de soja para o desenvolvimento do Estado.

Eles organizaram uma cooperativa de plantadores de soja. Os dois compraram terrenos em áreas contíguas da União. São vizinhos, portanto.

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