segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Lourival Freitas - Oposição ao governo ou ataque à democracia?

Tenho uma amizade com o Gilvam de longa data, mas isto não me obriga a concordar ou me omitir ante a sua irreverência e brincadeiras. Nem o meu compromisso com o governo PSB-PT a aplaudir os nossos erros.
 
Esta “doideira” de governo paralelo é no mínimo usurpação de função pública por quem não tem mandato e investidura legal, além de subversão da ordem legitimamente constituída pela soberania popular. A inspiração na idéia do governo paralelo de Lula é uma justificativa enviesada de alguém que não quer fazer crítica, oposição legítima e responsável ao governo, mas simplesmente atrapalhar a administração pública com bravata e balburdia, visando a promoção pessoal.

A idéia do governo paralelo proposta por Lula, após a derrota de 1989, assim como ocorre nos países de sistema parlamentarista, vislumbrava um gabinete que pudesse criticar o governo e propor soluções. Jamais substituir o governo eleito pelo voto popular e assumir e executar suas funções.

Imaginemos o Lula como “presidente paralelo” se metendo a asfaltar a Transamazônica com o argumento de que o governo demorou para realizar a obra; ou ainda, na iminência do apagão de 2001/2002, se aventurar a construir a usina hidrelétrica de Belo Monte? Serviria de chacota e não faltariam conselhos para que procurasse um tratamento médico.

Uma coisa é questionar a ordem ilegítima estabelecida por um golpe que eliminou as garantias constitucionais e acabou numa ditadura, como ocorrido em 1964. Contra esta ordem ilegítima, a sociedade brasileira lutou durante vinte anos. Foi um longo e sofrido caminho até conquistarmos a liberdade e a democracia. Por isso, é triste ver pessoas que, simplesmente por discordar do governo, se alegram e até incentivam esta lambança promovida por alguém que parece emocionalmente impactado e inconformado com sua derrota, e se insurge contra a vontade do povo amapaense.

Se há um inconformismo com a administração pública, que se exerça o legítimo direito de oposição, com críticas, denúncias, acionando os dispositivos legais a disposição de todos. Mas querer substituir o governo com pirotecnia e balbúrdia, isto é intolerável e merece o repudio dos democratas, principalmente aqueles que lutaram contra o arbítrio.

Este “paralelismo” usurpa ou pelo menos diminui e ofusca o papel dos órgãos que tem a obrigação de fiscalizar o controlar o governo, como a Assembléia, o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Não é de se estranhar que, insatisfeito com o desempenho desses órgãos, Gilvam anuncie uma estrutura paralela para exercer suas funções. Na medida em que o Gilvam determina as prioridades, o dia e a hora que o governo tem para executar um serviço ou obra, pra atender as demandas da população, ele avoca pra si as funções e decisões de todos os poderes.

O governo paralelo é divertido e faz-nos rir, pode e deve fazer oposição e tentar desgastar o governo, mas ninguém tem o direito de tratar com brincadeira e deboche a liberdade e a democracia que conquistamos com muita luta.

(Lourival Freitas, ex-deputado federal PT-AP)

Um comentário:

Anônimo disse...

A ananlogia feita pelo ex-deputado Lourival Freitas é interessante, mas incoerente devido ao tamanho das demandas e dimensões entre o Amapá e o Brasil, ou seja, é uma comparação teórica sem nenhuma utilidade prática.
Por exemplo, uma central de ar condicionado na maternidade Mãe Luzia faz falta para uma mãe que precisa, pelo menos, de conforto térmico, haja vista as altas temperaturas de nosso Estado. Já o asfaltamento da Transamazônica não interfere diretamente na vida daquela mãe.
O ex-deputado deveria ouvir melhor o posicionamento do Gilvam. Pois ele, o Gilvam, nunca falou em tomar o lugar do Governo do Estado do Amapá, mas ajudar quando possível e, portanto, fazer as críticas necessárias para que o GEA saia da inércia operacional que tem causado tanto sofrimento ao povo amapaense.
E para finalizar, o texto do deputado parece confuso, pois diz que o Governo Paralelo o faz rir, mas salienta que o mesmo afronta a liberdade e a democracia conquistadas com muita luta. Ora, ex-deputado Lourival Freitas, se o Governo Paralelo só serve para fazer o senhor rir, pergunte aos parentes que tiveram seus entes queridos mortos na Duca Serra, o sentimento deles? Pergunte a sensação do incômodo térmico que vivencia uma mãe na maternidade Mãe Luzia?
Mas parece que o senhor desconhece esses sentimentos, daí a comparação incoerente que o senhor fez, demonstrando assim, a total falta de conhecimento do sofrimento que vive aquele povo do Amapá, por simples inoperância do GEA, que por sinal, é o dever do mesmo.