segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A política do Senador Randolfe Rodrigues e da APS do Estado do AP

Um debate chave para os rumos do PSOL
Fonte: Coordenação Nacional da CST/PSOL
Não contente com ter sido eleito como senador em aliança com o PTB de Roberto Jefferson e Lucas Barreto, um dos beneficiados pelos atos secretos de Sarney, partido do qual foi coordenador da campanha para o segundo turno, na aliança “União Popular pela Mudança” que uniu PTB, PCB, PSDC, PRTB, PMN, PTC, PRP e PSOL, o Senador Randolfe volta ao ataque.

Lembremos que dita aliança ou coligação “de fato” foi rejeitada unanimemente pela Executiva Nacional do PSOL, resolução descumprida pelo candidato a senador Randolfe.

Afirmamos que volta ao ataque, pois no seu site, sob sua responsabilidade, aparecem em nove de novembro as seguintes pérolas: “que a possibilidades de vitória nos municípios do Rio de Janeiro, Belém e Macapá deve tencionar para ampliação do arco de alianças dentro do campo democrático e popular incluindo PT, PV, PPS, PCdoB, PDT, PSB, PCB e PSTU além do grupo liderado pela ex ministra Marina Silva ...” para agregar: “Clécio Luis, vereador de Macapá, é o principal nome do partido para disputar a prefeitura, e dialoga com arco mais ampliado que inclui o PTC de Adriana Ramos, o PTB de Lucas Barreto, o PPL e o PSDC...”
Agreguemos que o Senador se orgulha de ter conseguido eleger no estado uma considerável bancada de delegados ao congresso do PSOL, que, considera no mesmo texto do seu site “será determinante para aprovação da nova política de alianças a vigorar nas eleições de 2012 em todo o país”. Ou seja, a política de alianças que Randolfe defende e aplica no seu estado pretende que seja adotada pelo PSOL no país inteiro para as eleições de 2012.

No Congresso Estadual do PSOL AP, o Senador defendeu ardorosamente esta política de “ampliação”, e defendeu uma resolução que foi aprovada com o mesmo sentido de “ampliação”, resolução que autoriza as direções estaduais e municipais a “conduzir o processo de negociação para formação de alianças sociais e políticas”. Pretende assim novamente colocar o partido frente a fatos consumados como já fez na eleição de 2010.

Por sua vez, na mesma resolução votada, afirma que as alianças devem servir para a vitória de um programa capaz de conquistar um “povo e uma cidade, livres das desigualdades sociais, da pobreza extrema e da corrupção” alianças que “ estejam comprometidas com um programa de mudanças que coloque o povo em movimento na direção da disputa de programas de governos democráticos e populares”.

Ora, depois de 9 anos de “governo democrático e popular” no país, liderado pelo PT em aliança entre outros, com o PSB, PV, PDT, PCdoB, PPL, PTB, PR, PP, governos (Lula e Dilma) frente aos quais o PSOL se posicionou desde um primeiro momento como oposição de esquerda por considerá-los inimigos do povo e dos trabalhadores, corruptos e responsáveis pela entrega do país e pela perpetuação da miséria, Randolfe e a APS/AP nos chamam a nos aliarmos com esses mesmos partidos mentindo aos militantes que com essas companhias o Amapá se verá livre de corrupção, miséria e desigualdades. Randolfe nos propõe aliarmos com alguns dos partidos que votaram todos, de forma unânime, segundo declarações do deputado Paulo José Ramos –PTC- pelo aumento de sua verba indenizatória semana passada na Assembléia Legislativa do AP, que passou de 50 para 100 mil reais mensais num Estado que tem o terceiro pior Produto Interno Bruto (PIB) do País! Com eles é que poderemos combater a corrupção?

Esta insistência pelas alianças com partidos da ordem e da base do governo é uma constante na atuação do Senador Randolfe. Em 2008 quem iria lutar contra a corrupção e a pobreza era Capiberibe, que simbolizava segundo ele, a “resistência às oligarquias”. Hoje, quando o PSB governa o Estado, a situação é de completo abandono, o governo se fecha, por exemplo, às negociações com os sindicatos (Sindsaude e Sinsepeap ambos dirigidos pelo PSOL) e retira direitos dos trabalhadores. Corretamente o PSOL definiu que teria que ser “oposição de esquerda” ao governo Capiberibe, mas esta oposição ficou na responsabilidade dos sindicatos e seus trabalhadores visto que a direção do partido não o faz... E por isso chama a fazer aliança com o partido de Capiberibe!

Em 2010 os novos progressivos segundo Randolfe eram o PTB de Roberto Jefferson, Lucas Barreto, Eduardo Seabra, e o empresário Jaime Nunes, maior empresário do Estado chamado de “uma força viva da sociedade”. Sendo que Seabra foi um dos envolvidos no escândalo dos sanguessugas, e teve seu nome –junto a 13 colegas de “partido-quadrilha “– na lista dos 71 parlamentares com recomendação de cassação de mandato!

Infelizmente, os membros da Direção Nacional e o Presidente do PSOL presentes no encontro – Rodrigo Pereira, deputado Ivan Valente e Presidente Afrânio Bopre, também da APS, respaldaram esta política. Contradisseram assim sua posição na Executiva do PSOL, que no caso de MG votaram corretamente junto ao Executivo pela não filiação do Senhor Periquito, de seu grupo e de todos aqueles provenientes dos partidos da Direita, e também em 2010 votaram contra a aliança com o PTB.

Tanto respaldaram que no balanço escrito assinado por Rodrigo Pereira se apresenta o congresso PSOL/AP como um grande êxito, pois segundo ele suas resoluções “armaram o partido para o próximo período”.

O Senador Randolfe afirma que sua atitude é flexível na tática mantendo a firmeza e a convicção nos princípios. No entanto, sustentamos o contrário. A chamada “flexibilidade tática” não é mais que oportunismo eleitoreiro que levaram o Senador a abandonar reiteradamente os princípios da verdadeira esquerda socialista. Pode ser caso se refira aos princípios da “esquerda democrática e popular” com quem ele chama a se aliar, (PT, PSB, PV, PCdoB, PDT,) ex “esquerda” que, encabeçada por Lula, abandonou os princípios e a classe trabalhadora inaugurando, juntos, um dos governos mais pró imperialistas e corruptos da história do Brasil.

Sabemos que, como Senador, em diversas oportunidades se manteve nos marcos da política partidária. Isso nem devemos aplaudi-lo, pois é seu elementar dever. No entanto, queremos nos referir a alguns exemplos, que, do nosso ponto de vista, mancham o nome do PSOL e demonstram o abandono dos princípios socialistas.

No dia 8 de setembro, a Federação de Comércio do AP ofereceu um almoço a uma delegação de Senadores franceses, visita realizada a convite do Senador Randolfe, presente na reunião junto ao vice Presidente da FECOMERCIO senhor Jaime Nunes, ex. candidato a vice de Lucas Barreto/PTB, visando estreitar as relações bilaterais Brasil França. Na reunião, segundo publicação do site do FECOMERCIO AP, foi o próprio senador Randolfe quem destacou que o objetivo e avançar nos negócios entre Amapá, França e sua colônia a Guiana Francesa. Segundo o mesmo site, o Senador afirmou que: “O que nós estamos procurando é construir o caminho do presente e o futuro para o desenvolvimento em comum de nossas regiões. A construção de um grande arco norte será possível através da mobilização, integração e cooperação entre o Amapá e as demais regiões da Guiana Francesa e com a integração física do comércio através do transporte de carga e mercadorias”.

Da nossa parte, consideramos que essa não é nem atitude socialista nem a forma de colaborar na luta anti colonial da Guiana Francesa. Ou daremos este exemplo no seminário internacional, quando o tema seja discutido? Os socialistas têm o dever de representar o povo pobre, trabalhador e explorado que não tem voz, e não de defender os interesses e os negócios do empresariado e menos ainda do imperialismo francês algoz do povo da Guiana Francesa!

Em 7 de setembro de 2011, o Senador recebeu no RJ, das mãos do Presidente do Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro em parceira com SESI, SENAI, etc.) a Medalha do Mérito Industrial. Junto com oito senadores da Frente Suprapartidária de Combate à Corrupção, foram fartamente elogiados pelo Presidente da Entidade Sr. Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, pois “a luta pela ética é um desafio que não opõe, não divide, não separa. A bandeira da ética é uma bandeira coletiva”. E, para reforçar o apoio da entidade que preside “às ações da Presidenta Dilma Roussef em defasa da ética e da moralidade na política” o sistema lançou o Manifesto do Empresariado Brasileiro em favor da ética na política.

Ou seja, o Senador recebeu uma Medalha da Firjan, entidade que agrupa e organiza os empresários que financiam (corrompem) as campanhas eleitorais dos partidos e candidatos que o PSOL combate. E ao invés de denunciar esta hipocrisia, se prestou a legitimar os industriais do Rio de Janeiro como lutadores contra a corrupção, quando nossa luta é a inversa: denunciar até o fim corruptos e corruptores, políticos e empresários e suas entidades, ao invés de reforçar a ideologia inculcada na consciência das massas que a luta contra a corrupção “não separa”. Separa e divide sim, senhor Randolfe! Separa os ricos e corruptos do país, os políticos e empresários que se locupletam no poder e através da política e dos políticos de negócios, da maioria do povo pobre e trabalhador que a diário sente na pele a falta de recursos para trabalho, salário, saúde, educação, moradia ou segurança, pela responsabilidade da política econômica e da corrupção implementada pelos políticos e empresários que homenagearam Randolfe do PSOL. Que vergonha! A frente suprapartidária contra a corrupção apoiou a suposta faxina de Dilma tonificando ilusões num momento em que o governo estava acuado pelas sucessivas crises de corrupção e pressões fisiológicas da base “aliada”. Assim, o papel do senador Randolfe foi o de vincular o PSOL a essa frente comandada por Cristovam Buarque, um dos que blindou Dilma contra a CPI dos transportes.

Mas seguindo com as condecorações, em 26 de outubro de 2011, o Senador Randolfe recebeu a maior comenda da Força Aérea Brasileira (FAB) a medalha de Ordem do Mérito Aeronáutico. Em cerimônia realizada na Base Aérea de Brasília, a comenda foi entregue pela presidente Dilma Roussef, comenda que também receberam o Min. Da Justiça José Eduardo Cardoso (PT), Maria do Rosário, (PT) dos Direitos Humanos, Aloysio Mercadante (PT) da Ciência e Tecnologia e Mirian Belchior do Planejamento, além de outros deputados federais e ministros do Supremo Tribunal Federal. A comenda foi concedida pela FAB para “reconhecer serviços prestados à Aeronáutica”. Entendemos os serviços prestados por Cardoso ou Maria do Rosário, uma vez que defenderam a Comissão da Verdade... Sem Justiça e com Impunidade para os assassinos e torturadores! Lembremos que o nome original da comissão era “Da Verdade e Justiça” palavra esta última que foi tirada por pressão dos altos comandos das Forças Armadas. Este texto, que atende a todas as exigências das cúpulas das Forças Armadas (Exército, Força Aérea e Aeronáutica) foi justamente criticado e rejeitado por organizações de Direitos Humanos como Tortura Nunca Mais e Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. Os defensores do Randolfe dirão que no Senado, o Senador criticou o projeto, (que infelizmente saiu do Senado sem emendas nem pedido de vistas) mas com esta atitude, demonstrou a verdadeira política do Randolfe: a de buscar acordos, apoios e “alianças” até com o diabo para se eleger e se manter na institucionalidade, legitimando corruptores e militares cúmplices dos torturadores e do governo, ao invés de ter uma atitude corajosa, de acorde com seu discurso no senado, de rejeitar tal comenda, pois ele e seu partido não concordam com a política dos altos mandos da Força, de todas as Forças Armadas e do governo, de impedir que a Comissão possa reverter a anistia a militares assassinos e torturadores! Lembremos que esta comissão terá 7 membros nomeados pela presidenta, mais 14 assessores, e em dois anos terá que “investigar” as violações contra os direitos humanos entre os anos 1946 1988, ou seja, durante 42 anos! Alguém duvida que esta comissão tenha como objetivo desviar a atenção sobre a necessidade de punição e fazer um circo “democrático” que fortaleça o governo para as eleições de 2012?

O Senador tem que definir de que lado está: se do lado dos princípios do PSOL e dos trabalhadores e o povo pobre ou de lado dos inimigos de classe. Pois nestes fatos o temos visto do lado de Lucas Barreto do PTB, do mega empresário Jaime Nunes, da Presidente Dilma do PT, dos militares, da Firjan, do imperialismo Frances. Mas infelizmente, este é o exemplo de Senador e de “mandato socialista” que pretende passar para o partido o texto de Rodrigo Pereira.

Nossa participação no Congresso Estadual do PSOL foi clara: começamos rejeitando nossa participação na Mesa de Abertura, repudiando a presença do representante do PTC, vereadora Adriana Ramos, base governo Roberto Goes PDT Macapá; e do PCdoB, representado pelo Deputado Federal Evandro Milhomen, do secretário de Esportes Luiz Pingarilho e o reitor de UNIFAP José Carlos Tavares, sendo o PCdoB não só partido governista cujo Ministro dos esportes acaba de ser demitido por corrupção, mas que em Macapá sustentou o governo Waldez Góes, hoje sustenta Roberto Góes, ambos do corrupto partido do Ministro de Trabalho Lupi, fez campanha em 2008 por Sarney e compõe também o governo Estadual de Capiberibe do PSB. Todo um exemplo de coerência oportunista e corrupta! Além de mais, como justificar na Unifap, donde o PSOL dirige o DCE (CST e APS) combatendo o reitor e a UNE do PCdoB, se depois os chamamos a fazer aliança e à Mesa de nosso Congresso?
Defendemos nossa tese e polemizamos; e em todas nossas intervenções fomos categóricos na crítica dura à política de alianças defendida pela APS/AP e Randolfe.

Finalmente, e em que pese a que militantes da CST/PSOL Amapá não foram reconhecidos na lista de filiados tendo seus direitos políticos cassados pelos dirigentes da APS/AP, entre eles a companheira Gabriela Oliveira, fundadora do partido e até este congresso membro do Diretório, os militantes da CST/AP assumiram o compromisso de defender a unidade do partido, afirmando também que recorrerão à direção nacional do PSOL, enquanto continuarão defendendo as bases fundacionais do PSOL.

Os delegados eleitos ao Terceiro Congresso Nacional do PSOL têm uma gigantesca responsabilidade: rejeitar esta política, que se coaduna com aquela defendida pelo MTL/MG de filiar políticos de negócios e aventureiros políticos de direita com cargos no governo tucano como o Senhor Periquito e seu grupo, mas também pela teses nacional da mesma corrente, junto a outros setores e dirigentes, que defendem “ampliação de alianças” entre elas com Marina Silva, eterna defensora da política econômica de Lula e dos tucanos.

Fica em evidencia assim, o errado que foi a decisão majoritária do Diretório Nacional com poucos votos contrários, que na época da coligação de Randolfe com o PTB votaram como punição uma “advertência”. Hoje tem que fazer um balanço claro: de que serviu essa advertência? Foi ignorada pelo Senador, da mesma forma que ignorou a decisão da Executiva, do Congresso e da Conferência Eleitoral que desautorizaram sua aliança com o PTB. Da mesma forma que já desafia os delegados e ameaça com sua bancada de ter uma correlação de forças capaz de levar o PSOL a adotar sua política de ampliação, que levaria o partido à domesticação total, caminho infelizmente iniciado e avançado no seu estado.

Estas chamadas “táticas” flexíveis, longe de manter nos marcos socialistas abandonam programa e princípios presas a uma concepção que os fazem completamente dependentes de algum dos blocos burgueses existentes em cada ocasião, e que procuram sempre, sob a agitação do perigo ao “ isolamento sectário” a sombra de “bom burguês” ou a “sombra da burguesia” como dizia Trotsky, incapazes de desenvolver uma política independente do ponto de vista dos interesses do povo pobre e trabalhador.

Mas confiamos na reação do partido como reagiu em 2010 impedindo se concretizasse uma aliança com Marina PV. Confiamos nos delegados, na força que deu origem ao PSOL, ao seu programa, nos seus militantes. Chamamos a seguir o exemplo dos delegados aos Congressos do PSOL-MG de 12/11 e de Niterói em 15/11 que rejeitaram explicitamente em votação a proposta colocada no site do Senador Randolfe e que está sendo aplicada em AP. Chamamos a todos os delegados para que, por cima de divergências que continuaremos discutindo, nos unamos no congresso para barrar de vez esta política de ampliação de alianças que levará o PSOL a sua domesticação, ficando como uma caricatura trágica do PT.
Babá – Silvia Santos – Rosi Messias – Juninho - Manoel Iraola – Nanci Galvão – Michel Oliveira - Douglas Diniz – Dorinaldo Malafaia – Coordenação Nacional da CST/PSOL – Novembro 21 de 2011-11-19

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