"Rede quase mafiosa" facilitaria atividade de clandestinos atraídos pela alta do ouro
JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Atraídas pela alta do ouro, novas levas de garimpeiros brasileiros despertaram a animosidade de autoridades da Guiana Francesa, que acusam o Brasil de inércia no combate à exploração ilegal.
Ao mesmo tempo, a repressão francesa à atividade alcançou número recorde de ações. A maioria delas foi contra brasileiros concentrados nos mais de 700 km de fronteira com o Brasil -a Guiana é um departamento (equivalente a Estado) ultramarino da França.
As principais críticas foram feitas pelo presidente do Conselho Regional da Guiana, Rodolphe Alexandre. Em entrevistas, ele disse que o vizinho Amapá "faz vista grossa sobre a origem de toneladas de ouro vendidas ou exportadas em seu território". Apontou ainda "uma rede quase mafiosa que facilita a vinda destes clandestinos".
Polícia local e ONGs estimam que haja entre 11 e 30 mil garimpeiros ilegais (o território tem cerca de 225 mil habitantes). De 4.000 e 5.000 são brasileiros, a maioria do Amapá, Pará e Maranhão.
Em 2008, França e Brasil assinaram acordo para ações de combate. O Senado francês o ratificou em abril, mas o mesmo ainda não foi feito aqui.
Em 2011, apenas no primeiro trimestre, os franceses realizaram 1.056 operações - 67% a mais do que 2010. Nesse período, só 2,6 kg de ouro foram apreendidos.
Segundo levantamento do Senado francês, enquanto duas toneladas de ouro são registradas no departamento por ano, pelo menos seis são exportadas ilegalmente.
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