quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Sarney: um pedregulho no meio do caminho - Por João Capiberibe

Senador Capiberibe relembra armações do oligarca Sarney na política amapaense
Enfrentar José Sarney, no Amapá ou no Maranhão, não é um desafio de pouca monta. É bom lembrar, quem foi rei nunca perde a  majestade. Governador, presidente da república por cinco anos, presidente do Senado algumas vezes, funções que lhe permitiram nomear muita gente, com ou sem mérito, por ato republicano ou secreto. Resumo da opera: o "home" é poderoso. Logo, no confronto, as chances de sucesso são remotas e os riscos elevadíssimos. Por essas poucas e contundentes razões, raros são os que ousam bater de frente com o dito cujo. Mas, em tempo de maior transparência e fiscalização nem tudo são flores para seus comandados. Vira e mexe alguns deles dão  com os costados atrás das grades da PF, como vimos quando da operação Mãos Limpas e ultimamente com outra operação que prendeu o superintendente da FUNASA, um ex-prefeito e uma ex-prefeita de municípios do Amapá.
 
A mão pesada de Sarney
 
Eu e Janete fomos eleitos em 2002. Ela, a mais votada para a Câmara Federal, eu, com a votação que obtive, fiquei com a segunda vaga de senador. Sarney, achando que eu poderia lhe causar embaraço acionou seus comandados que, do nada, inventaram uma história mirabolante. 
 
Compraram duas testemunhas para nos acusar de lhes ter comprado os votos por 26 reais cada, pagos em duas parcelas. No TRE do Amapá, tal absurdo não prosperou, mas no terreno minado de Brasília, numa velocidade de fórmula um, o TSE pimba! Cassou nossos mandatos. 
 
Recorremos ao STF. Nesse ínterim, fui procurado por um figurão da República - cujo nome me reservo o direito de não revelar, pelo menos agora - com uma proposta redentora. Disse-me que Sarney estava aberto ao entendimento, disposto a fumar o cachimbo da paz e ajudar a preservar nossos mandatos. Depois de lhe dizer que de minha parte não havia qualquer desavença pessoal, que nossas divergências eram políticas, perguntei-lhe o que deveria fazer para merecer seus préstimos. Com singeleza e candura, adiantou-me o emissário que Sarney estimaria muitíssimo que eu passasse a integrar sua trupe no Senado. 
 
Confesso que fiquei meio entalado, tratei de respirar fundo, contei até três antes de dizer qualquer coisa. Refeito do susto, expliquei-lhe calmamente que, enquanto Sarney presidia a ARENA, partido de sustentação da ditadura civil-militar, eu e Janete estávamos na trincheira da resistência pela democracia, e que se tivéssemos que escolher entre nossos mandatos e nossas biografias, a decisão já estava tomada. 
 
Uma semana depois eu e Janete reunimos com os filhos para lhes comunicar que seríamos cassados, o que finalmente aconteceu alguns meses depois dessa nossa conversa.

4 comentários:

Unknown disse...

Situação alarmante para a população pois os dois tem mal reputação, e sabemos que são corruptos também

Unknown disse...

Temos que sair desse governo feito por famílias no estado do Amapá, assim fica mais fácil de rouba da nossa população trabalhadora

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

A situação desses governante que são candidatos ao Senado e lamentável, eles são os piores tipos de pessoas, além de rouba, pensa que a população e obrigada a elege eles na maior cara de pau