A segunda mesa temática que tratou especificamente da educação rural foi composta por Airton Faleiro, deputado estadual do Pará e orador; Antônio Lírio, representante da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi/PA); o secretário de Estado da Educação do Amapá (Seed), Adalberto Carvalho Ribeiro; e Joaquim Belo, diretor do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS/AP).
Educação para todos
Antônio Lírio começou dizendo que a educação rural não deve ser mais o modelo antigo, onde somente os filhos dos fazendeiros e patrões tinham acesso. "Essa era uma forma de manter o trabalhador ignorante e continuar dependendo deles para eternizar o trabalho similar ao escravagismo", disparou, convocando os congressistas a exigir educação para todos, com disciplinas específicas a essa clientela.
Escolas sendo fechadas
Antônio Lírio denunciou que muitas escolas das comunidades do interior do Pará, ao invés de serem ampliadas, melhoradas, equipadas e adaptadas para melhor atender aos filhos dos extrativistas, estão sendo fechadas sem nenhuma justificativa ou anúncio prévio. Cobrou também os livros didáticos: A Escola do Campo, composta por uma coleção de 16 volumes, produzidos pelo MEC/Secretaria de Educação do Pará, que não chegou às escolas.
"Esses livros devem nortear um novo caminho da educação para essa população, que vive afastada dos centros, e que vêm com disciplinas extracurriculares oficiais, voltadas para atender esses alunos. Mas é preciso também que seja aumentada a carga horária, no mínimo de sete horas/dia, para atender essa necessidade", disse o deputado, que apresentou projeto de lei na Assembleia Legislativa paraense visando contemplar essa clientela.
Ele defendeu a aplicação prática de disciplinas como a Farmácia Viva, Horta Comunitária, Agroecologia e outras inerentes ao povo do campo. Sugeriu também, pelas vias legais, que as verbas destinadas a gerenciar as escolas sejam entregues à direção das instituições ou para um conselho escolar, que devem prestar contas desses recursos diretamente com a fonte pagadora. "Temos que qualificar o aluno para atender as necessidades da comunidade", pregou.
Caixa Escolar do Amapá
O secretário Adalberto Carvalho informou que no Estado do Amapá a Seed já utiliza o sistema de Caixa Escolar, para onde as verbas são destinadas para gerenciar esses recursos, e quando a prestação não for corretamente apresentada, os recursos são bloqueados.
Afirmou que o debate para a conclusão de um modelo educacional voltado à zona rural está em fase de conclusão e deverá ser implantado em breve, com uma nova estrutura educacional específica.
Os congressistas tiveram a oportunidade de intercambiar experiências nessa área e formularam propostas, sugestões e métodos, de acordo com a necessidade regional, para serem encaminhados ao Ministério da Educação.
"Não podemos aceitar modelos de estrutura curricular únicos, produzidos por quem não conhece a realidade dos extrativistas e dos ribeirinhos. Temos o dever de interferir e sugerir grades curriculares específicas para cada região. As nossas dificuldades na Amazônia não são as mesmas do Nordeste e Centro/Sul do país. Existem vários brasis dentro desse imenso Brasil", pontuou Maria Angélica Silva, parteira e enfermeira de Mazagão (AP), sendo agraciada com aplausos dos congressistas.
Édi Prado/Secom
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