Do site do Jornal Folha do Estado ( http://www.folha-ap.com.br )
O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amapá, deputado Moisés Souza (PSC), tem se desdobrado nos últimos dias, perambulando por emissoras de rádio e TV, para justificar o injustificável desde a veiculação de reportagem denunciando as mordomias dos deputados e deputadas estaduais no programa Fantástico, da Rede Globo, no domingo, 8 de abril. A estratégia de Souza é minimizar o impacto das acusações de peculato, corrupção passiva e ativa, malversação e formação de quadrilha atribuindo à gestão do antecessor, ex-deputado Jorge Amanajás (PSDB), a responsabilidade pelos indícios de malfeitorias como destacou em nota distribuída por sua assessoria. No texto, o parlamentar afirma não ser de sua "(...) gestão as supostas irregularidades envolvendo o ressarcimento de despesas de alguns parlamentares da legislatura passada".
A reportagem exibida no Fantástico de domingo, 8 de abril, descortinou para o Brasil como vivem e agem os deputados amapaenses. Pelos valores apresentados na matéria (diárias de R$ 2,6 mil, salários de R$ 21 mil, mais verbas de gabinete de R$ 30 mil e Indenizatória de R$ 100 mil) os parlamentares ganham muito bem. "Com esse dinheiro é possível viver nababescamente em qualquer lugar do mundo, com regalias somente permitidas aos ricaços e milionários", assinala o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Ipê, José Renato Pereira da Penha.
Com base em cálculos preliminares, descobre-se que o ativista social tem razão. São mais de R$ 1,8 milhão abocanhados anualmente por cada um dos tribunos. Uma verdadeira fortuna em se tratando de um Estado com a minúscula participação de 0,2% no Produto Interno Bruto nacional. Ou seja, trata-se da mais pobre das 27 unidades da federação, com carências em todas as áreas e que padece de um crônico isolamento socioeconômico.
Ainda conforme a reportagem, deputados estariam participando, por meio de "laranjas", de vários empreendimentos comerciais. Um deles seria o deputado Michel JK (PSDB), sócio em um posto de combustível conforme documentos exibidos no Fantástico. O outro é o deputado Edinho Duarte (PP) que, para justificar o recebimento da verba indenizatória mensal de R$ 100 mil, apresentou notas fiscais de empresas controladas por parentes dele.
Ao referir-se sobre o assunto, Moisés Souza foi previsível. Atacou seu principal desafeto político, o governador Camilo Capiberibe (PSB), como estratégia de autodefesa e manobra para afastar de si as luzes da ribalta. Na sequência, afirmou repetidamente que não reduzirá a verba indenizatória de R$ 100 mil, pois, entende ele, trata-se de um "teto, um limite que a lei aprovada na Casa definiu". Também considerou "ponderável" pagar diárias de R$ 2,6 mil aos deputados. Arguiu que o valor refere-se às despesas que o parlamentar faz durante a viagem. O óbvio ululante de sempre.
O empenho de Moisés em desqualificar o programa da TV Globo é visível. O ardil é contrapor todas as evidências apresentadas na reportagem, desviar o foco para o governo Camilo Capiberibe, falar o menos possível sobre diárias, salários e verbas, enaltecer a própria gestão e assegurar, a qualquer custo, o status quo sem precisar mexer nos ganhos dos deputados e deputadas. O presidente da AL acredita que logo o episódio cairá no esquecimento popular. Se realmente pensa assim, comete um grave equívoco.
Um comentário:
toda essa dinheirama e fruto do valor mensal que a assembleia recebe mensalmente, algo em torno de R$ 14.000.000,00
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