Do site http://www.folha-ap.com.br
O deputado estadual Moisés Souza (PSC), presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amapá, vem se notabilizando pelo modelo controverso de fazer política. Diferente de seu antecessor, o ex-deputado e candidato derrotado ao governo, Jorge Amanajás (PSDB), que dificilmente confrontava (preferia as manobras sub-reptícias das coxias), Souza é averso às críticas, além de reagir com destempero quando exortado a explicar decisões no mínimo duvidosas.
Desde quando assumiu a presidência do legislativo, em janeiro de 2011, após uma eleição eivada de marchas e contramarchas, Moisés Souza já protagonizou ações polêmicas cujos reflexos negativos estão atingindo em cheio as reputações de deputados e deputadas antes irretocáveis. Uma dessas barafundas criadas por Souza envolve o Ministério Público Estadual, mais precisamente o promotor de Justiça Adauto Barbosa, contra o qual a AL de Souza move processo avalizado por 22 dos 24 deputados e deputadas. Barbosa, promotor responsável pela Defesa do Patrimônio Público no Amapá, teria declarado a uma emissora de rádio que os deputados aumentaram a verba [indenizatória para R$ 100 mil] somente para atender a "seus interesses eleitoreiros e pessoais". Souza e demais "bons companheiros" rechaçaram as declarações do promotor.
Na semana passada, dois episódios ocorridos em Macapá, mais precisamente no entorno da pessoa do presidente da AL, revelaram alguns fios do emaranhado político cujo novelo está no principal gabinete do parlamento estadual. O primeiro tem haver com a presença de uma equipe de reportagem da TV Globo, que em nome do programa dominical Fantástico, pretendia entrevistar Souza e demais deputados e deputadas sobre a polpuda verba indenizatória mensal de R$ 100 mil.
Temendo o estrago que a reportagem causaria às suas carreiras, passaram dois dias (2 e 3 de abril) sem comparecer ao prédio da AL Amapá. Os jornalistas "globais" não conseguiram ultrapassar os limites da recepção, tampouco transpor o preposto de Moisés Souza e também dublê de jornalista, Randolfe Scott. Não tiveram acesso ao presidente, nem aos demais parlamentares do Estado. Mas, segundo informações de fontes ligadas ao Palácio Nelson Salomão (sede da AL amapaense), nos três dias em que permaneceram na capital do Estado, promoveram verdadeira devassa na vida de Souza.
Ministro do STJ convoca deputados para depoimentos
O outro episódio de igual importância, cuja repercussão também extrapolou os limites do Estado, refere-se às intimações endereçadas aos deputados reeleitos em 2010, ano de deflagração da "Operação Mãos Limpas", que levou para a cadeia o então governador Pedro Paulo Dias de Carvalho (à época no PP), o ex-governador Waldez Góes (PDT), a ex-primeira-dama e atual deputada estadual Marília Góes (PDT), o prefeito de Macapá Roberto Góes (PDT), secretários de Estado e do município, funcionários públicos e empresários.
Quase dois anos depois, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha, determinou a tomada de depoimento de parlamentares amapaenses suspeitos de envolvimento em ilicitudes cometidas no exercício do cargo, resultado de desdobramento da "Operação Mãos Limpas" ocorrido em dezembro de 2010. A notícia de que o STJ estaria intimando deputados para ouvi-los em depoimento sobre as suspeições surpreendeu habitantes de Macapá acostumados à impunidade de políticos supostamente envolvidos em desvios de recursos públicos.
"O clima de beligerância em evidência no Amapá tem endereço e nome. O endereço é avenida FAB, esquina com a [rua] Leopoldo Machado. O nome?! Todos sabem: Moisés Souza", comenta, com veemência, o vereador Washington Picanço (PSB), referindo-se às escaramuças promovidas pelo presidente da AL contra o governo do Estado. Segundo Picanço, além de conduzir os demais deputados para um confronto encarniçado, Souza vem desvirtuando o verdadeiro propósito da Assembleia Legislativa: servir ao povo amapaense.
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