segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A estratégia ineficaz do jornal A Gazeta - Por Emanoel Reis

Visita ao hospital de Macapá
O então dep. Camilo e sua esposa, Cláudia Capiberibe, no Hospital de Emergências
O jornal A Gazeta, do empresário Silas Assis Júnior, está ficando démodé. Na ânsia de querer emparedar o governo Camilo Capiberibe (PSB), vem divulgando matérias jornalísticas sobre assuntos recorrentes. Recentemente veiculou reportagem referente à saúde pública no Amapá, mostrando pacientes em macas, dispersos nos corredores do hospital, como se a situação existisse somente agora. Ou seja, A Gazeta pegou um grave problema que veio se arrastando durante os oito anos dos mandatos dos ex-governadores Waldez Góes (PDT) e Pedro Paulo Dias de Carvalho (PP), e o reeditou no presente com o propósito de indispor o governo atual junto à população do estado.

A estratégia “oposicionista” do jornal é tão óbvia que desde janeiro, quando Camilo Capiberibe assumiu o governo do Amapá, já se previa ações idênticas. O periódico surgiu nos meses iniciais do primeiro mandato do ex-governador Waldez Góes e se manteve nessa aliança até os derradeiros – e lastimáveis – instantes de Pedro Paulo, vice-governador, último secretário da Saúde de Waldez e seu sucessor no Palácio do Setentrião. Em nenhuma edição de A Gazeta, no decorrer desse período, o leitor encontrará alguma reportagem, ou mesmo nota de rodapé de coluna, mencionando as mazelas na saúde pública do Amapá.
Nem mesmo em março de 2007, no auge das “Operações Antídotos I e II” (amazonia.com – 28 de março de 2007 – Operação Antídoto 2 prende nove pessoas no Amapá: “A Polícia Federal deu cumprimento na manhã de ontem (26) a mais oito mandados de prisão, dos nove expedidos pela Justiça Federal, em desfavor de novos elementos suspeitos de envolvimento no escândalo ou máfia dos medicamentos, que através de fraudes em licitações para compra de medicamentos conseguiram desviar em três anos – 2003 a 2006 – mais de R$ 20 milhões em verbas públicas. Batizada de “Antídoto II”, a operação de ontem foi o prosseguimento da “Antídoto I”, deflagrada no dia 22 deste mês, quando 19 pessoas foram presas, sendo que no Amapá foram expedidos e cumpridos 14 mandados de prisão contra os envolvidos).”

Na ocasião, a Polícia Federal prendeu ex-secretários da Saúde do governo Waldez, funcionários públicos, empresários e aliados íntimos de Waldez. Gente de pátio, sala, cozinha e quintal da casa do então governador foi parar nas celas do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen). Assíduos frequentadores das colunas sociais de A Gazeta e convivas constantes nos convescotes (regados a muito salgadinho, suco, refrigerante e uisque) oferecidos por Silas sempre aos fins de tarde para políticos, empresários e os chamados “articulistas” do jornal junto aos governos municipal e estadual.

No fim da tarde do dia 5 de abril de 2009, o então deputado estadual Camilo Capiberibe, acompanhado de sua esposa, Cláudia Capiberibe, passou mais de três horas dentro do Hospital de Emergências e averiguou, in loco, o drama vivido por centenas de pessoas, algumas inclusive não estavam sequer sobre macas, e, sim, estendidas no chão do hospital. O parlamentar encontrou pacientes com fraturas gravíssimas internados há duas semanas sem o mínimo atendimento porque o HE não dispunha de um “Intensificador de Imagem” para fazer o raio-x dos internados com fraturas.
Leia abaixo reportagem produzida na época a partir da visita de Camilo Capiberibe no HE:

Crise no HE atinge milhares de pessoas
Crise na saúde pública
Cenário encontrado por Camilo Capiberibe no HE na tarde de 5 de abril de 2009
Pacientes no chão, a espera de atendimento, outros com fraturas expostas em macas de aço cobertas com lençóis quase transparentes, espalhados nos corredores, próximos  a banheiros sem vasos sanitários e com pias destruídas. Este é o cenário interno do Hospital de Emergências, dirigido desde 2007 pelo clínico geral Edmilson Castro Ribeiro, que se diz de mãos atadas diante do declínio do único pronto socorro em funcionamento na capital do Amapá. A situação do HE é tão crítica – e complicada – que em fevereiro passado três médicos pediram demissão por conta das dificuldades, quase intransponíveis, para o exercício da atividade segundo as recomendações mais elementares da ética médica.

Os seis médicos ortopedistas restantes atendem, em média, 1.100 pacientes por mês cada um, e a demanda, conforme Castro Ribeiro, ameaça chegar ao limite do humanamente suportável. Homens e mulheres padecem por semanas em corredores fétidos, sem a necessária assistência médica. A maioria fraturou braços, pernas ou costelas em acidentes de trânsito e corre o risco de ficar com alguma deficiência pelo resto da vida. É o caso de Manoel da Cruz Pantoja, que há mais de 15 dias não consegue obter uma resposta da direção do hospital de quando será operado. Oliveira fraturou a perna esquerda e três costelas ao cair de uma balsa, no município de Vitória do Jari, a 213 quilômetros de Macapá. Sem parentes para acompanhá-lo, foi encontrado em estado deplorável numa maca sem colchonete, apenas coberta com um lençol fino, escorada na parede da entrada principal de um dos corredores do HE.

Procedente de Laranjal do Jari, a 265 quilômetros da capital do Amapá, o motociclista Valdecy Santos fraturou a clavícula ao colidir com um ônibus, quando transitava pela avenida Tancredo Neves, a principal via de Laranjal. Transferido para o HE, onde se encontrava há mais de 12 dias, ainda não tinha feito, sequer, um simples raio x para que pudesse saber qual a dimensão de sua fratura. O único medicamento ministrado pelas enfermeiras, segundo o próprio Santos, foi uma dose de dipirona, além de um superficial curativo nos ferimentos. Com tanta demora contabilizada, Valdecy Santos, que trabalha de motoboy, temia ficar com sequelas no braço devido à gravidade da fratura.
Paciente no chão
Paciente José Costa Malcher no chão do Hospital de Emergências

Para o deputado estadual Camilo Capiberibe (PSB), que fora ao Hospital de Emergências acompanhado da esposa Cláudia para visitar o pai de um de seus assessores, os problemas relatados a ele pelos pacientes e seus acompanhantes descortinam uma crise sem precedentes na saúde pública do Amapá. De acordo com o parlamentar, a omissão das autoridades estaduais está minando o Sistema Único de Saúde e comprometendo, sobremaneira, o futuro de homens e mulheres que se encontram (ou se encontravam) internados no HE. “Por conta da demora no atendimento, essas pessoas podem ficar inutilizadas, portanto, sem condições de exercerem suas atividades. E isso representa mais um complicador para o Estado”, assinalou o pessebista.

O diretor Edmilson Castro Ribeiro não esconde de ninguém a decepção em não poder oferecer melhores condições às milhares de pessoas que diariamente buscam atendimento médico. Segundo ele, o número de médicos e enfermeiras é insuficiente, mas, o pior de tudo, revela o clínico geral, é que o pronto socorro não possui um equipamento chamado “Intensificador de Imagem”, que vem a ser um grande microscópio. O único que existia foi requisitado pelo Hospital Geral, onde continua até hoje. Castro Ribeiro não soube informar se está ou não funcionando, porém, adverte que sem o equipamento o HE não tem como atender os acidentados.

Por conta desse inusitado requerimento é que José Costa Malcher, com fratura na perna direita, outra das centenas de vítimas do difícil trânsito de Macapá, continuava deitado no chão, sobre um cobertor caseiro, à espera de atendimento. Conforme informou, entre 9 e 10 de março, o corredor que ele ocupava amanheceu apinhado de gente com ossos quebrados. “Era sangue para todos os lados, além de uma gritaria e gemedeira sem fim”, recorda. Uma cena que lembra os hospitais militares montados sob tendas armadas no centro de Bagdá, capital do Iraque. Soldados americanos sem pernas ou braços, destroçados por bombas ou minas armadas pelos terroristas contrários à permanência dos EUA em solo iraquiano.”

Como se pode ver, a crise na saúde pública no Amapá não é “nova” como quis fazer crer aos seus leitores o jornal A Gazeta. Ela se agravou, chegando às raias do absurdo, do desrespeito ao ser humano, nos oito anos dos governos Waldez Góes e Pedro Paulo Dias de Carvalho. E isso não é nenhuma novidade. Tanto que foram deflagradas duas operações da Polícia Federal dentro da Secretaria de Estado da Saúde no governo Waldez Góes. Então, ao tentar vincular a crise na saúde pública ao governo Camilo Capiberibe, A Gazeta age perfidamente buscando amenizar a imagem do ex-governante junto a população e desconstruir a do atual governo. Se bem aplicada, é uma estratégia eficaz no referente a provocar desgastes no adversário. Mas, do jeito empregado por A Gazeta, resultou ineficaz em seu propósito. Foi um retumbante tiro no pé. Só isso.

(Matéria publicada originalmente no blog do jornalista Emanoel Reis)

Um comentário:

Rafael Otaviano de Siqueira disse...

Até parece.
Vem se alastrando desde 16 anos atras e vai piorar com um governo fraco e egoista e um exercito de pessoas que pensam em si proprios como o autor dessa materia.
não sou a favor de nenhum politico, pois sei que nenhum presta pq na meu entender politico e significado de ladrão.
Vai defendendo essa corgia de ladrões que não estão nem ae para a população que nunca tiveram um unico,
afirmo, um unico politico decente para fazer algo pela população que apodrece sendo menosprezados por todos os governadores ricos que não passam pelo que um pobre está passando