segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Por telefone, líder grevista pede que PMs não provoquem soldados

Homens do Exército fazem cerco a Assembleia Legislativa da Bahia, local onde estão policiais militares em greve
GRACILIANO ROCHA
FÁBIO GUIBU
DE SALVADOR

Logo após um confronto entre soldados do Exército e policiais militares baianos em greve, em frente à Assembleia Legislativa do Estado, em Salvador, os manifestantes que estão do lado de fora da Casa legislativa receberam uma ligação do líder da paralisação, o ex-policial Marcos Prisco, que está dentro do prédio.

Ele fez um apelo aos manifestantes (cerca de 300 pessoas) para que não provoquem os soldados que isolam o prédio e impedem a entrada de mais PMs parados. Um dos grevistas recebeu a ligação. Depois, passou a informação aos demais colegas.
A Assembleia está ocupada desde a semana passada e passou a ser cercada por forças federais na madrugada de hoje. A luz do local também foi cortada. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o objetivo é cumprir mandados de prisão expedidos contra PMs.

Prisco pediu que os grevistas mantenham uma distância mínima de oito metros da barreira montada pelos soldados do Exército e que não atirem garrafas de água ou alimentos em direção das tropas.

Momentos antes, objetos foram arremessados em direção aos soldados, que revidaram com tiros de borracha e o lançamento de bombas de gás e de efeito moral. Pelos menos três pessoas ficaram feridas (dois manifestantes e um cinegrafista de uma TV).

CERCO
Cerca de mil soldados do Exército e da Força Nacional de Segurança cerca o prédio do Legislativo, que está ocupado por policiais em greve desde a semana passada. Um helicóptero faz voos rasantes sobre o complexo.

A greve dos PMs baianos começou na noite da última terça-feira. Eles pedem reajuste na gratificação e anistia a militares expulsos da corporação, como é o caso de Prisco, que foi do Corpo de Bombeiro e participou da greve de 2001.

O governo não reconhece a Aspra, uma das entidades dos policiais, presidida por Prisco. Ainda segundo o governo, a paralisação atinge 1/3 dos 32 mil PMs baianos. O comando de greve diz que a adesão é maior.

Desde a última terça-feira, mais de 90 pessoas foram assassinadas em Salvador e região metropolitana. No mesmo período da semana passada, tinha sido registradas 52 mortes desse tipo.
Fabio Isamo Guibu/Folhapress
Famílias de PMs em greve se concentram diante da Assembleia; Exército e Força Nacional estão no local
Famílias de PMs em greve se concentram diante da Assembleia; Exército e Força Nacional estão no local

ANISTIA
O governador, Jaques Wagner (PT), disse que os métodos usados por uma parte dos grevistas da Polícia Militar do Estado são "coisa de bandido", e acrescentou que não vai ter negociação e anistia a esses policiais.

O governador apontou o envolvimento de policiais em tomadas de ônibus para bloquear vias e a alguns do assassinatos nos últimos dias. Desde o início da greve, na noite de terça-feira (31), 93 homicídios foram registrados na região metropolitana.

O governador afirmou que a greve na Bahia está sendo orquestrada nacionalmente para pressionar a aprovação da PEC-300, a proposta de emenda constitucional que cria um piso nacional para os policiais.
Fabio Isamo Guibu/Folhapress
Exército participa de cerco a Assembleia Legislativa da Bahia; PMs em greve permanecem no local
Exército participa de cerco a Assembleia Legislativa da Bahia; PMs em greve permanecem no local

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