quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A DIREITA VAI À GUERRA - Rup Silva

Na última visita que fez ao Amapá, Sarney reuniu sua tropa certamente para traçar planos para as eleições municipais. Sabe que do jeito que as coisas vão [governo trabalhando e realizando com sucesso seu programa de obras e serviços]vai ficar muito difícil disputar o pleito, com alguma chance de vitória, em todos os municípios do Estado.

O político maranhense, que controla a massa falida Harmonia se recusa aposentar, como  reafirmou que fará  ao final do seu mandato, em recente discurso feito em Brasília, na abertura dos trabalhos legislativos, deixando seus parceiros ao relento e fora do poder.

Como acontece toda vez que por aqui aparece, reuniu o que pôde com lideranças da oposição para avaliar o quadro, estabelecer estratégia e o caminho a trilhar. Entre tantos compromissos um, em particular, chamou atenção. O que teria reunido para uma conversa  Lucas Barreto [PTB] e Randolfe Rodrigues [PSOL]. Como pouco se sabe desses encontros, imagina-se que na pauta estavam as eleições municipais, o desempenho do governo e qual a forma mais eficaz de combatê-lo.

Barreto não pode faltar nos encontros de Sarney. É figura carimbada embora faça um bom tempo que não se elege a nada. Por isso, aliás,como se comenta em off, deixou de ser unanimidade entre os aliados onde enfrenta séria resistência.

Quanto a Randolfe Rodrigues, sua presença só veio confirmar completa adesão à Harmonia, como já tinha acontecido na eleição passada, demonstrando submissão a liderança de Sarney, cuja prática é abominada pela direção nacional do seu partido. Deixa, com essa manobra, de forma incontestável, sua condição de oposição ao governo socialista do PSB/PT que tomou para si a responsabilidade de reerguer o Estado.

Sarney hoje comanda uma oposição feroz ao governo, apesar da boa vontade de Camilo Capiberibe que por várias vezes buscou apoio e diálogo. Sarney – como diz com propriedade o jornalista João Silva, é uma víbora que habita várias tocas. O que fala em público não se deve avalizar. Por isso desconfie de sua postura cordata e de bom mocismo que transparece nos meios de comunicação. A conduta que deixa transparecer é difere daquela que tem nos subterrâneos do poder, onde impõe suas vontades e combate seus adversários.

Sarney comanda quase a totalidade dos partidos do Estado. Mesmo dentro do PT tem uma facção que lhe rende homenagem e obediência. Sua cábula, no entanto, é o PSB que nunca permitiu que nomeasse um vigia sequer nos seus governos. Por isso opera o isolamento político do partido, estratégia que cria dificuldades, mas não impede os socialistas de disputarem, com sucesso, as eleições. Quaisquer que sejam elas.

Como sempre acontece não faltam candidatos a Harmonia. São cinco ao todo, se aí incluirmos Clécio Vieira do PSOL. Alguns fazem simples figuração e estão em busca de vantagens futuras. Casos de Davi Alcolumbre [DEM], obediente demais às ordens de Sarney, e Michel JK [PSDB], indicação de Moises Souza presidente da AL e seus pares. Lugar que Francisca Favacho [PMDB], sem mandato, gostaria de ocupar e não vai.

Como sempre Lucas Barreto lidera as pesquisas, principalmente as da Harmonia e da imprensa a ela filiada. Por isso é o nome de preferencia. Independente da condição de “cavalo paraguaio” que já incorporou a sua imagem. Depois vem o atual prefeito Roberto Góes [PDT], que sonha com sua reeleição, mas cujas pesquisas não apostam um dólar furado.

Preso várias vezes por ilícitos administrativos, segundo PF e MPF, o prefeito Góes tem a seu favor um cofre que hoje sustenta a Harmonia defenestrada do poder em 2010. Como sobrevivente ainda mantem gravitando sob sua órbita políticos e agentes públicos que no lugar da boa gestão optaram por  continuar “tirando uma casquinha” do município.

Pela generosidade do Prefeito respira o caricato “governo paralelo” de Gilvan. Mas é considerado um candidato sem futuro. Ainda mais se a justiça eleitoral atuar como a sociedade espera que atue, impedindo as diversas formas de fraude eleitoral que passou a ser a tônica das eleições em todo o Estado.

Sobraria aí uma tênue chance para o deputado Michel JK, pelo forte apoio que poderia trazer da AL cujo orçamento superestimado foca principalmente para as eleições, qualquer que seja ela. Os demais, embora nada impeça que sejam candidatos, inclusive Clécio Vieira, têm chances limitadíssimas se não forem apoiados por estas instituições.

Sobram dúvidas para Sarney desfazer, por exemplo, se vai ou não arriscar mais uma candidatura de Lucas Barreto, estatisticamente o nome mais valorizado da oposição. Vai sempre lhe fustigar a dúvida se terá recursos suficientes para encarar essa nova viagem insólita, tendo que enfrentar um PSB/PT, desta feita no poder e com um governo que vem dando certo.

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