Folha de São Paulo
O governo federal vê risco elevado da greve da PM baiana se alastrar para mais seis Estados. O Rio é considerado o mais crítico de todos eles, inclusive pelo temor de haver cenas violentas às vésperas do Carnaval, daqui a dez dias.
Além do Rio, onde a polícia decide amanhã se para ou não, o serviço de inteligência do Palácio do Planalto classifica como "Estados explosivos" Pará, Paraná, Alagoas, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.
O acompanhamento começou após os conflitos se agravarem em Salvador, onde a greve dos PMs foi decretada na terça da semana passada.
O governo federal monitora ainda o Distrito Federal, que ontem registrou protesto de apoio aos PMs da Bahia.
"Se não tiver aumento, não terá segurança no Carnaval. Se está ruim em Brasília, imagina em outros Estados?", disse o sargento Edvaldo Farias, da Associação dos Oficiais Administrativos da PM. O piso brasiliense, de R$ 4.000, é o maior do país. Na Bahia, por exemplo, ele é de R$ 2.173,87.
A presidente Dilma Rousseff foi comunicada na sexta de que o levante baiano fazia parte de uma articulação nacional para pressionar o governo a apoiar, no Congresso, a aprovação da PEC 300.
A proposta de emenda constitucional estabelece um piso salarial para bombeiros e PMs. O problema é que, por limitações de verba, nem Estados nem a União estão dispostos a bancar a medida.
Ontem, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro decidiu adiar para amanhã, mesmo dia em que os policiais do Estado decidirão ou não pela greve, a votação da proposta do governo estadual de reajuste para as polícias.
Há representantes de policiais fluminenses em Salvador. A ideia é verificar as ações do governo federal, além de conversar com líderes do movimento e com os policiais que não aderiram a ele.
IMPASSE
A greve da Bahia chegou a um impasse. O líder do movimento, Marco Prisco, diz que as reivindicações salariais estão "bem encaminhadas".
O problema, afirma, está no pedido de prisão dos líderes do movimento, decretado pela Justiça. Na lista dos procurados, ele diz que ninguém retornará ao trabalho sem que haja uma anistia geral.
Já não há mais mulheres e crianças dentro da Assembleia baiana, onde os grevistas se amotinam. A luz foi restabelecida no local ontem.
Apesar do aparente distensionamento, a tentativa frustrada de acordo levou ontem manifestantes à rampa da Assembleia para gritar em coro: "Ôôô, o Carnaval acabou!"
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