O atual debate que toma conta da bancada federal amapaense é a situação da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) que está afundada em uma divida bilionária com a Eletronorte.
Depois de o governador levar portada na cara do ministro de Minas e Energia, Edson Lobão e da resistência de parte da bancada federal em defender a proposta de federalização apresentada pelo Governo do Amapá, parece que GEA e bancada resolveram sintonizar o discurso e partiram para a estratégia de pressionar o governo federal.
Lobão que tinha colocado a “faca no pescoço” de Camilo Capiberibe no início de seu governo, agora é obrigado a engolir as recentes intervenções do senador João Capiberibe e de Randolfe Rodrigues na tribuna do Senado Federal, fazendo apelos e levantando a temática para todo o país por meio da TV Senado.
Mas o discurso de unidade da bancada federal não foi construído do dia para a noite. Durante a última reunião entre membros da bancada federal e o ministro Lobão no MME, observou-se a total intransigência do ministério em apresentar uma solução que beneficiasse o Amapá.
Aos presentes na audiência o ministro disse que haveria duas alternativas para a CEA:
1 - Admitir a caducidade da CEA com o Estado do Amapá perdendo a concessão da empresa, que seria privatizada em leilão.
2- Outra saída seria o Governo do Estado - ou o povo, pagar a dívida, contraindo um empréstimo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O valor, entretanto, é de mais da metade do orçamento anual do Amapá e comprometeria a capacidade de endividamento do estado.
O governador Camilo Capiberibe convocou a bancada e o senador João Capiberibe, que também governou o Amapá durante oito anos, convenceram a bancada de que qualquer uma das propostas não interessava ao povo do Amapá.
O senador João Capiberibe em seus discursos na tribuna do Senado tem feito um debate defendendo a punição dos responsáveis pela atual situação caótica da CEA. Para Capiberibe as pessoas que governaram o Amapá e foram parar nas carceragens da PF são as verdadeiras responsáveis por esse crime cometido contra a estatal.
Mas o senador socialista não se conforma apenas em pressionar o MME, também cobra uma postura mais ativa do senador José Sarney e praticamente enquadrou o senador Randolfe Rodrigues, que após a última reunião com Lobão aterrissou em Macapá convencido que a única saída para a CEA seria contrair o empréstimo do Governo do Amapá junto ao BNDES.
Após a reunião entre governo e bancada federal, observou-se a mudança de posicionamento de alguns deputados federais e senadores, que passaram a defender a proposta do GEA. Sem falar que João Capiberibe lidera essa verdadeira batalha política, conseguindo pressionar Sarney que foi obrigado a se posicionar publicamente em defesa da CEA.
Sarney rompeu o silêncio e ficar do lado da bancada. Após o primeiro discurso de João Capiberibe na semana passada condenando a postura do MME e defendendo a proposta do GEA, o senador Randolfe Rodrigues também usou a tribuna no mesmo tom do discurso de Capiberibe.
Randolfe Rodrigues também recorreu ao exemplo de Itaipu que envolve o Brasil e o Paraguai. E lembrou que se a União foi capaz de estender a mão a um país irmão, porque não estenderia a um filho da federação.
A atual unidade da bancada federal revela uma grande diferença na capacidade de articular e pressionar politicamente a União, após a posse de João Capiberibe, diferentemente da época em que Gilvam Borges estava ocupando o cargo de senador.
Um comentário:
Cadê a imparcialidade?
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