Da Agência Senado
Os senadores João
Capiberibe (PSB) e Randolfe Rodrigues (PSOL), ambos do Amapá,
contestaram nesta terça-feira (19) as acusações feitas contra eles por
meio de um dossiê encaminhado ao Senado e ao Supremo Tribunal Federal
(STF). Tanto um quanto outro afirmaram que as denúncias partiram de
"representantes do crime organizado no Amapá", e tiveram início durante a
última campanha para a prefeitura de Macapá, capital do Estado.
De acordo com o dossiê, Randolfe recebeu dinheiro em 1999 e 2000,
quando era deputado estadual, para votar a favor da aprovação das contas
do então governador Capiberibe. O denunciante teria até recibos desse
pagamento, mas são falsos, segundo os dois parlamentares.
Em seu site, Randolfe afirma que o principal responsável pela
denúncia é o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Fran Soares
Júnior. De acordo com o senador, Fran foi indiciado por uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) por suspeita de envolvimento com o
tráfico de drogas, o que retiraria dele o crédito para fazer acusações
aos dois senadores. Além disso, já teria até confessado, por escrito, a
prática de falsificação de documentos contra um outro adversário
político.
– O esquema em que ele estava envolvido levou à Operação Mãos Limpas,
que levou várias pessoas às celas da Polícia Federal – disse Randolfe.
Em carta encaminhada aos demais senadores acusa Fran de ter retido
salários de seus opositores na assembléia. E aponta a colaboração na
denúncia de Moisés Souza, outro ex- presidente da Assembléia Legislativa
do Estado do Amapá, afastado da presidência por corrupção, segundo
Randolfe, e processado por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro,
peculato, falsidade ideológica, fraude em licitações, corrupção passiva e
falsidade documental, dentre outros delitos. Ele teria recebido
irregularmente R$139.594,71 em diárias da assembléia. O senador também
citou a participação de Edinho Duarte, deputado estadual, que responde
na justiça pelos mesmos crimes de Moisés Souza e teria recebido
irregularmente R$ 213.149,97 em diárias.
Lama
Segundo Capiberibe, o dossiê é “uma armação perpetrada por políticos
adversários, que tentam retomar o poder no Amapá a qualquer custo”.
– Ao colocar todos na lama emporcalhada em que vive, o crime organizado do Amapá busca um salvo conduto – assinalou Randolfe.
Na carta, Randolfe explica que as denúncias já haviam sido feitas no
âmbito estadual e que, apesar da pouca repercussão, o próprio senador
ingressou com pedido de abertura de inquérito junto à Polícia Federal no
Amapá, de modo que fosse apurada a falsidade dos documentos
apresentados como sendo "recibos", bem como a ocorrência dos crimes de
calúnia, injúria e difamação.
Além disso, o senador afirma ter pedido que a Procuradoria Geral da
República (PGR) investigasse a denúncia, mesmo tendo a certeza de que o
Ministério Público jamais encontraria qualquer traço de verdade no
dossiê. Randolfe se mostrou surpreso com o encaminhamento da denúncia à
mesma procuradoria pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. Ainda
assim, assinalou que esse tipo de procedimento deveria "se tornar um
padrão na Casa". Os senadores Ana Amélia (PP-RS), Pedro Taques (PDT-MT) e
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) acompanharam a avaliação.
– Esse é o caminho para que qualquer denúncia que chegue aqui seja
encaminhada rapidamente às devidas autoridades – declarou Jarbas
Vasconcelos.
Ao apoiar os dois parlamentares acusados, o senador Aloysio Nunes
(PSDB-SP) ressaltou “a luta de Capiberibe como governador para quebrar
um grupo poderoso envolvido com o crime organizado”. Jorge Viana (PT-AC)
declarou que o autor do dossiê é "um político de quinta categoria,
comprovadamente corrupto”, enquanto Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) frisou
que, infelizmente, “é isso o que acontece com aqueles que combatem o
crime organizado”.
Randolfe e Capiberibe receberam igualmente o apoio das senadoras
Ângela Portela (PT-RR) e Lídice da Mata (PSB-BA) e dos senadores Antonio
Carlos Valadares (PSB-SE) e Paulo Davim (PV-RN).
Renan
"Não compete ao presidente do Senado emitir juízo de valor ou entrar
no mérito do assunto, tampouco encaminhar a questão ao Conselho de
Ética, expondo desnecessariamente os senadores", afirmou, em nota à
imprensa, o senador Renan Calheiros para esclarecer porque enviou o
dossiê à Procuradoria Geral da República. Conforme o presidente do
Senado, sendo a matéria "de competência do Ministério Público Federal", a
documentação foi enviada à PGR, "para, se for o caso, adotar as medidas
que [aquele órgão] entender pertinentes". Renan expressou na nota que
nutre "sincero respeito e apreço" pelos dois senadores.
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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