quarta-feira, 27 de março de 2013

Ministra dá liminar favorável ao GEA e torna o Amapá apto a receber recursos federais

A ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar nesta terça-feira, 26, retirando todas as inadimplências do Governo do Amapá. A medida abre, portanto, as portas para que o processo de federalização da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) e as operações de crédito do Estado junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) possam ser plenamente efetivados.

O governador do Amapá, Camilo Capiberibe, comentou a decisão da ministra em uma rede social, informando que, já na próxima semana, o Governo Estadual assinará contratos com o BNDES para liberar os recursos à construção da infraestrutura necessária para o desenvolvimento do Amapá.

"Somente este ano, teremos cerca de R$ 350 milhões para a pavimentação de rodovias, construção e ampliação de hospitais, construção do campus tecnológico da Ueap na rodovia JK, entre muitos outros investimentos fundamentais para o Estado. Isso é fruto do resgate da credibilidade do Amapá junto ao Governo Federal e às instituições da república", pontua o governador.

A liminar acata o pedido ajuizado pelo Governo do Estado do Amapá (GEA), contra o Governo Federal, suspendendo os efeitos da inscrição do Estado como inadimplente no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin) e no Cadastro Único de Convênios (Cauc).

Segundo o documento, a ministra Carmem Lúcia entendeu que o GEA está "empreendendo todos os esforços legalmente adquiridos para reparar os danos causados e à legalidade". A decisão da ministra se deve, principalmente, ao fato do Estado ter aberto, junto à Procuradoria da República no Amapá, procedimento apuratório de responsabilidade dos gestores que tenham cometido faltas na administração de recursos federais e por demais pendências verificadas nos convênios.

Para o secretário de Estado do Planejamento, Orçamento e Tesouro, Juliano Del Castilo Silva, a regularização das inadimplências do Amapá se dificulta por conta do extravio de muitos documentos importantes para normalizar a situação do Estado junto aos órgãos federais. Isso ocasiona em entrave nas negociações junto à Advocacia Geral da União (AGU), responsável em intermediar os acordos com as instituições federais convenentes.

"Por outro lado, o Governo do Amapá não mede esforços para sanear as contas com a União", afirma o secretário da Seplan. De acordo com o secretário, é difícil entender a lógica adotada por governos passados, uma vez que os gestores não realizavam, a contento, a prestação de contas de convênio federais. "Esse modo administrativo deixou o Estado em uma situação complicada e de difícil negociação. O caos gerado impede hoje que o GEA capte recursos federais importantes, atrasando a realização de projetos de desenvolvimento", reitera.

O total de contratos pendentes, até 2012, era de 283 processos, a maioria deles firmado há aproximadamente nove anos, durante a gestão dos ex-governadores Waldez Góes e Pedro Paulo Dias. Segundo o secretário da Seplan, a maior dificuldade enfrentada pela Coordenadoria de Monitoramento da Regularidade no Cadastro Único de Convenentes (CMC), criada pelo GEA em 2011, para conduzir todo o trâmite junto aos ministérios concedentes, junto à Advocacia Geral da União (AGU), em Brasília, está relacionada à falta de documentação. "Elas simplesmente desapareceram", enfatiza Del Castilo.

De acordo com informações da coordenadora da CMC/Seplan, Jacilene Nogueira, a pasta da Educação é a que possui a maior incidência de convênio sem prestação de contas: 36 no total. Sete deles já saneados.

"Do universo de 283 convênios pendentes, em 2012, o GEA já conseguiu negociar 13 processos", quantifica Jacilene. O grande volume de contratos sem as devidas prestações de contas pelo Amapá fez com que o Estado se tornasse pioneiro nas negociações com o Governo Federal. A demanda compeliu a AGU a criar a Câmara de Conciliação e Arbitragem, com a incumbência de ajudar o Estado a sanear as pendências.
Júnior Nery/Seplan

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