Mais relevante de tudo, muito além dos ganhos possíveis do acerto na esquerda, foi o reencontro do PSOL com suas origens e identidade ideológica.
O PSOL tinha deixado as coisas esquisitas e meio tortas. Não
fazia sentido nem lógica ver um partido ideológico, ético e combativo misturado a anacrônica Harmonia
depois do governo que fez.
Para corrigir o que pareceu um erro de estratégia
política, vencidas todas as resistências internas, o PSOL empreendeu o caminho
de volta após a inglória desventura de chafurdar nas águas turvas da direita.
Antes de retornar ao ninho antigo, de onde nunca deveria
ter saído, os psolistas alimentaram o sonho delirante do jovem Randolfe que queria,
a qualquer custo, tornar-se governador do Estado, sem uma avaliação precisa da
conjuntura política.
Na decisão das principais lideranças políticas do Estado
os interesses da sociedade desta vez prevaleceram sobre os arroubos e
açodamentos juvenis do líder psolista e a desconfiança exacerbada de Camilo
cujo governo foi prejudicado pelas condições socioeconômicas herdadas da
Harmonia.
Todos os personagens desse acordo histórico, Randolfe
principalmente, se quedaram diante da responsabilidade exigida pelo momento
delicado que vive o Amapá, que novamente, pelas mãos do PSB, estava livre para construir
seu futuro.
Foi necessário forte dose de tolerância do PSB para
desconsiderar e esquecer o envolvimento do PSOL com a Harmonia em 2010 que por
pouco não derrota Camilo e prorroga o desgoverno da direita.
Portanto era preciso esquecer o que de fato aconteceu
para que o Amapá se beneficiasse e voltasse a crescer.
O esquecimento, no jargão das guerras civis é pressuposto
da reconciliação e exige muita resignação dos que sofreram e foram vítimas dos
fatos. Seguramente que esse fator esteve presente e superá-lo foi importante
para assegurar o acordo que envolveu PSB e PSOL.
É inegável a importância do acordo para Clécio Vieira. O
Prefeito da cidade precisava dele para a consecução de seu projeto de governo e
o apoio do governo do Estado era imprescindível. Gostem ou não as Cassandra do
PSOL.
Da mesma forma como foi para Camilo Capiberibe,
governador do Estado. O acordo fortalece e traz a paz necessária para o governo
atingir suas metas de desenvolvimento que ganha um reforço considerável com o
PSOL.
Nesse caso, não tenho nenhuma dúvida, venceu o povo. A
união reclamada e desejada pelo bom senso atingirá, em cheio, os interesses do
cidadão.
O acordo socialista envolve investimento e consultoria
nas áreas sensíveis da saúde, educação, serviços urbanos tipo asfaltamento e
fechamento da buraqueira, macrodrenagem e transportes urbanos entre outros.
Para entender a importância do acordo, o tamanho da necessidade de Clécio, o governo nesse
momento atende 80% da demanda por saúde do município. Daí a importância da
parceria para melhorar a vida do munícipe.
Com isso morre a tese do quanto pior melhor defendida por
setores retrógrados da sociedade. Gente que não ama o Amapá que advoga o caos
como instrumento de desgaste político que tem vitimado o PSB sempre que chega ao poder com a proposta
de fazer opção pelos pobres.
Quanto aos arranjos políticos para acomodar as lideranças
consolidadas e emergentes dos partidos reunidos na nova frente para atender
interesses políticos pouco sei.
Imagino, todavia, cheio de razões, que PSB, PT, PSOL e PC
do B, a nata da nata das esquerdas deverão encontrar uma forma de satisfazer
esses interesses.
E mais uma vez o PSB chega para salvar Clécio Vieira.Depois
de sua dramática vitoria diante de Roberto Goes, e num momento em que era
crescente o alarido da população contra o trabalho da PMM, vem o governo dar a
sua mãozinha para aliviar a barra do alcaide.É bom não esquecer isso.
Quero tirar o chapéu para o tirocínio e obstinação do
senador João Capiberibe, talvez o maior
avalista dessa reconciliação.Digo isso
por que ouvi dele várias vezes ser essa a única forma de se chegar ao clima de
entendimento ideal para a construção do novo Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário