terça-feira, 15 de novembro de 2011

Justiça diploma Capiberibe senador

Catarina Alencastro / O GLOBO


Pouco mais de um ano após ser eleito senador pelo Amapá, com 130.411 votos, João Alberto Rodrigues Capiberibe (PSB) foi diplomado ontem para assumir o cargo. A cerimônia foi conduzida pelo vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amapá, desembargador Raimundo Vale. Inimigo político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Capiberibe ainda não tem data marcada para tomar posse no Senado. Na semana passada, a Mesa Diretora se reuniu para fechar o dia em que Capiberibe poderá assumir seu mandato, mas a situação permanece indefinida.

Ainda que deseje protelar mais a chegada do adversário à Casa, Sarney não tem mais margem regimental para tanto. Pela lei, o Senado é obrigado a empossá-lo cinco sessões após a diplomação pela Justiça eleitoral. Além do atraso no Senado, Capiberibe teve que aguardar o julgamento de recursos sobre o seu caso no Supremo Tribunal Federal (STF). O relator do caso, ministro Luiz Fux, decidiu que ele tinha o direito de assumir o mandato, mas outro recurso foi interposto por Gilvan Borges (PMDB), que concorreu contra ele nas eleições e acabou assumindo sua vaga no Senado. O STF reafirmou sua decisão em favor do político no último dia 3, quando decretou a diplomação imediata do político.

Amanhã, Capiberibe vai para Brasília apresentar seu diploma à Mesa do Senado. Segundo ele, Sarney foi o responsável por seu "exílio" político. Ele se considera vítima de uma "armação" de seus inimigos do PMDB do Amapá e avalia que sua cassação ocorreu com base em uma denúncia de compra de votos que nunca foi provada e que teve "apenas duas testemunhas oculares".

- O Sarney foi responsável pela minha cassação em 2005. Ele é o político mais influente do país, tê-lo como inimigo não é fácil. Mas eu voltei. Na quarta-feira, apresento minha diplomação no Senado e aí vou ver se haverá embromação ou não para minha posse - afirmou.

O diplomado foi o segundo candidato mais votado no Amapá nas eleições de 2010, mas não conseguiu sentar-se na cadeira de senador por conta da Lei da Ficha Limpa. Sua candidatura foi negada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda durante a campanha, porque ele teve seu mandato de senador cassado em 2005, por compra de votos.

No microblog Twitter, o político comemorou aquilo que chamou de "fim do exílio": "Bom dia! Hoje é O DIA! Está chegando ao fim meu 2º exílio, que já dura 6 anos, às 17 horas diplomação no TRE/AP, depois ato festivo no PSB", disse em referência ao período da ditadura, quando também foi cassado.

- Se a Justiça eleitoral mantivesse minha condenação, eu seria o político mais punido do Brasil - reclamou.

Gilvan Borges foi o terceiro senador mais votado nas eleições ao Senado e ocupou o lugar de Capiberibe. No entanto, exerceu o cargo por menos de dois meses e passou a cadeira para seu suplente, o irmão Geovany Borges, aliado de Sarney.

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