Produtores agrícolas de Mato Grosso terão ganho de competitividade com redução de 30% no custo do frete para exportar grãos, se considerado o modelo de transporte pela BR-163 e o Porto de Santana, no Amapá, ao invés dos portos de Paranaguá e Santos, no Sul do Brasil.
A informação foi repassada pelo governador Camilo Capiberibe (PSB), em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 21, para jornalistas em Sorriso. Ele visita Mato Grosso para verificar a atividade econômica agropecuária local e a viabilidade dela chegar aos mercados europeus e asiáticos pelo porto amapaense, além de incrementar a economia do seu Estado como ponto de escoamento da produção.
O governador retorna nesta terça-feira, 22, para Brasília, após participar do Seminário Nacional de Milho Safrinha, em Lucas do Rio Verde, nesta segunda-feira.
"Temos o Porto de Santana como opção para o Norte da produção de Mato Grosso e do Amapá, na foz do rio Amazonas, que pode baratear o frete em 30%", confirma.
"No Amapá vamos construir um terminal graneleiro e por isso estamos aqui para uma parceria em que os dois estados vão ganhar". O porto fica a 150 km do mar.
O deputado federal Valtenir Pereira (PSB-MT), que acompanha o governador, informa ainda que há ganho na tonelada de soja transportada, por exemplo, em torno de R$ 15,00, se for utilizado o modal via Norte do Brasil pela BR-163 e Porto de Santana.
"Para tirar produção do Norte do Estado, temos que andar 2.300 quilômetros. Via Porto de Santana, andaremos cerca de 1 mil km e de lá embarcar em grandes navios para Europa e China pelo Canal do Panamá".
Para colocar em prática o terminal, o governador Camilo Capiberibe listou investimentos de empresários do agronegócio de Sorriso e de Lucas do Rio Verde, dos governos dos dois estados e de recursos de um fundo de financiamento. Ele prevê que em um prazo de dois anos a rota já possa ser colocada em prática.
"Com a construção do terminal e da pavimentação da BR-163 vamos tirar 1 mil quilômetros de estrada e passar a transporte fluvial, comparado com Paranaguá e Santos".
Segundo Camilo, os ganhos serão nos dois lados do transporte, tanto na hora de levar produtos de Mato Grosso como na carga de volta.
"Falamos em 30% na hora de exportar o produto grão, nem falamos em contabilizar o retorno com frete de insumos como fertilizantes para a produção".
O prefeito em exercício de Sorriso, Wanderlei Paulo, utilizou um termo econômico para mostrar na prática o significado de ganhos para empresários agrícolas e para a alavancagem do crescimento de municípios como Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop.
Economia
"O Porto de Santana é um diamante para Mato Grosso e Sorriso. Com a integração econômica vamos incluir dois povos. Queremos unir Sorriso e Amapá e fazer a integração econômica do Centro-Oeste e do Norte do Brasil".
Sorriso produz 12% da safra estadual de soja e 2% da safra nacional. O município planta atualmente 700 mil hectares da commodity, além da cultura de milho. Recentemente passou a dar valor agregado com industrialização de matéria-prima do campo, como sebo bovino e óleos vegetais para a produção de biodiesel.
O município está no Centro de Mato Grosso e tem 66 mil habitantes, segundo dados da prefeitura. A economia agrícola local está entre as primeiras do Brasil em valor de produção, em Produto Interno Bruto (PIB) proporcionalmente em nível nacional e renda per capita. O município tem capacidade de armazenagem de 3 milhões de toneladas e cresce em ritmo chinês, à média de 10% nos últimos anos.
Parte da logística da região do Norte de Mato Grosso pode ser beneficiada, como explicou o prefeito, com a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Lucas do Rio Verde a Uruaçu-GO), prevista para 2014 e para a qual há recurso de R$ 6,4 bilhões, e com Hidrovia Teles Pires Tapajós.
Nova Marilândia
O governador Camilo Capiberibe, o deputado Valtenir, a deputada federal Fátima Pelaes (Amapá) e secretários do governo amapaense também visitaram nesta segunda-feira o frigorífico de frango União Avícola, em Nova Marilândia, onde conheceram a produção integrada de aves com aviários da reforma agrária.
O frigorífico tem capacidade de abate de 70 mil aves/dia e devido à demanda internacional pelo produto brasileiro, passará a abater 140 mil aves. Em produto acabado, carne, são 150 toneladas, explica o proprietário, José Aparecido dos Santos.
No assentamento São Francisco de Paulo, onde Dorvalino Costa Nogueira cria em aviário 15 mil pintos, a renda dele saiu de R$ 460,00 mensalmente, quando era vaqueiro, para R$ 1.300,00 por mês com a avicultura, em um intervalo de nove anos. Ele é fornecedor da indústria.
Colaboração de Jonas da Silva
Eduardo Neves/Secom
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