Esta relata o real motivo que me levou a depor no Ministério Público Federal, referente ao caso Capiberibe. O fato aconteceu no final da tarde de ontem (15), quando confirmei a veracidade dos fatos, descritos em depoimento pelo cinegrafista Roberval Coimbra Araújo, meu marido na época em que foi aberto o inquérito contra o casal Capiberibe. Também foram depor o jornalista Hélio Nogueira e uma ex-funcionária da família Borges, conhecida como Vera. Mesmo sendo eleito pelo povo, pela segunda vez, os fatos culminaram na perda do cargo de Senador da República, onde Capi entregou o mandato ao Senador Gilvan Borges. Na mesma situação, desta vez por conta do processo da Ficha Limpa, a Deputada Federal Janete Capiberibe também teve que dar o mérito à professora Marcivânia, terceira mais votada na disputa.
Minha vida tomou um caminho onde alguns valores foram resgatados e falar a verdade está entre eles. Os sentimentos que impulsionam minhas emoções anulam quaisquer outros que aniquila minha fé. E Deus me mostrou que esse foi o melhor caminho a percorrer. Contar a verdade em certas situações parece ser uma tarefa quase impossível, por acreditar que se deva pagar o preço estabelecido pela lei dos homens. Mas este é o conceito dos fracos e submissos, não os que marcham pela ética moral.
Acompanhei de perto o processo onde o nome do Roberval foi propalado na mídia e fui submissa a tal prática, até o dia em que a humildade me vez enxergar que a vida não é um jogo brincado pelos humanos. “Tudo está escrito”, palavras utilizadas por um dos jogadores mais importantes do tabuleiro da vida.
Minha intenção não é acusar a família Borges, nem tão pouco exaltar a família Capiberibe, muito menos prejudicar a professora Marcivânia, mas é, sobretudo, ser justa. A verdade não pode ser amedrontada, porque ela é “apta e pode discernir até mesmo os pensamentos e as intenções do coração” (Hebreus 4.12).
Por revelar a verdade, Roberval também foi acusado de ameaçar a família das testemunhas atrelada ao processo. O resultado foi a foto dele estampada em jornais da cidade, em matérias puramente sensacionalistas e fora dos valores que estabelecem a prática da profissão. Posso afirmar que Roberval seria capaz de doar a própria comida, se um deles estivesse com fome, e isso, no fundo do coração dos envolvidos sabem que seria possível.
O meu depoimento fala de uma viagem feita ao Município de Oiapoque, onde fomos enviados para fazer um documentário, cuja nunca foi exibido, mas nunca acreditei que esse fosse o real motivo do deslocamento. Roberval se queixava que teria viajado para cumprir uma missão especial, mas que percebia que estavam querendo mantê-lo longe das testemunhas. Roberval era como um guardador daquelas pessoas e fazia de tudo, mas era inteligente demais para ficar próximo.
Também disse que havia visto por várias vezes as testemunhas na TV Tucuju, emissora a qual trabalhei durante nove anos. Falei isso porque cheguei a conversar com elas em frente ao prédio, enquanto esperavam ser atendidas, mas já havia frequentado a casa dos mesmos e conhecia a lida da família, até porque o marido de uma delas acabou sendo motorista do departamento de jornalismo.
Disse também que temia pela minha não aceitação no mercado da comunicação no Estado, por ter a família Borges influência e domínio nos veículos de comunicação local, porém, este era um sentimento pessoal e não uma sentença. Afinal, não vem dos homens o poder absoluto.
Encerrei o depoimento com o meu desejo de que este processo acabe da maneira mais justa possível, onde a democracia estabelecida neste país seja realmente respeitada, por compreender que o cargo político é uma indicação do povo e ele, somente ele pode julgar. Que a justiça divina sobreponha à justiça dos homens e que todos consigam encostar suas cabeças nos travesseiros. Que tenham o privilégio do sono dos justos, pois é assim que dormem os que crêem.
Santana, 16 de março de 2011.
Tina Sanches
Teóloga e Jornalista
Teóloga e Jornalista
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