terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

BURACOS DA DISCÓRDIA - Por Rup Silva

Só os medíocres e pobres de espírito conseguem transformar a prosaica missão de tapar buracos e recolher lixo, obrigação de qualquer Prefeito, num motivo de discórdia.
Confesso que todo dia me surpreende o nível que chegou a cobrança da harmonia, PSOL e agregados nessa guerra xexelenta, na tentativa de repassar ao governo estadual essas tarefas que pertencem, sem dúvida, ao Prefeito.
É uma cobrança motivada pela decisão de Randolfe Rodrigues, turbinado por Sarney, a disputar o governo em 2014 quando Camilo Capiberibe/ PSB tentará, por razões naturais, à reeleição.
Essa é uma aposta da harmonia que defenestrada do poder em 2010, ‘investe’ no senador do PSOL para retornar ao comando do Estado com a ajuda de empresários sonegadores, mídia amestrada, políticos corruptos cujas benesses e privilégios foram cortados pelo atual governo.
O mesmo grupo que produziu, quando governo,  o maior rombo financeiro da história do Amapá, além de sucatear a saúde, educação e abandonar projetos importantes como  o de água, eletrificação, malha viária e produzir um retrocesso sem precedente no processo de desenvolvimento do Amapá.
A inusitada aliança do PSOL com a direita em 2010 foi a senha do que viria a seguir. E chegou na eleição de Clécio Vieira que deixou o liderança maior do partido nu aos olhos da sociedade. Já não dá para esconder sua ligação com Sarney e seguidores, de quem decididamente depende.
É o mesmo grupo com saudade das práticas criminosas do governo passado e o acesso livre aos  recursos do Estado que curtiram impunemente por oito anos.
Discordar da forma e conteúdo de qualquer governo é essencial nos regimes democráticos. Como é o debate. O governo tem razão de reclamar de Randolfe e PSOL que nunca vieram a público dizer em que divergem do governo. Nem esclarecer o que fariam se habitassem o Setentrião.
Optaram pelas manobras solertes, aéticas, manobras da insuflação da ordem publica para impedir a governabilidade pela ação de seus sindicatos, prejudicando os mais carentes, os dependentes de bons e eficientes serviços públicos.
A maioria da sociedade desconhece sobre  o que acontece por que a mídia amestrada e venal não divulga as melhorias produzidas pelo atual governo. Não tem conhecimento, por exemplo, que o governo executa em torno de 264 obras em todo o Estado, obras que, concluídas, irão melhorar a vida de todo mundo.
O conhecimento desses fatos jogaria por terra a tese difundida de que “o governo não faz nada”, coisa  típica da direita sem proposta, golpista e corrupta.
Sarney e Randolfe, duas forças políticas que poderiam e deveriam trabalhar pelo Estado ignoram as ações do governo e não me espantaria se não as conhecessem simplesmente.
Ambos vivem ocupados demais em espalhar a imagem de bons moços e maquinar diabinhos para inviabilizar o Estado que lhes deu os mandatos para ajudá-lo e não para atrapalhar o seu desenvolvimento.
Essas sim, seriam questões importantes a discutir. Mas não são. Deixam de ser pelo forte componente emocional e a absoluta falta de conteúdo teórico e cultura política  da Harmonia, de certos jornalistas e do PSOL acampados nos blogs, twittes, jornais e rádios falando abobrinhas e coisas sem fundamento, aleivosias e mentiras.
Por isso a crise inventada pela direita e pela nova esquerda do PSOL é de competência, de quem tem a obrigação de fazer. Nada a ver com parceria com o governo.  Mais uma farsa fabricada para atrapalhar Camilo e promover o seu candidato ao governo.
Os faroleiros de todas as idades estão com a cachorra. Pegaram santo e querem meter à força na cabeça da sociedade que é do governador a obrigação de tapar buraco , recolher lixo, asfaltar a cidade, fazer o atendimento básico em saúde e ceder prédio a PMM e por aí afora.
Só falta pedir ao governador Camilo dar meio expediente em cada sede de governo,  enquanto o verdadeiro Prefeito aproveita a ”folga” para falar mal do governador e exaltar seu companheiro candidato ao governo, com vive fazendo, aliás.
Não acredito que Clécio se sinta bem no papel. Não é possível não se incomodar e se  envergonhar disso, pois foi eleito pelo povo na esperança de ser melhor que Roberto Góes, e não está sendo, pelo menos até agora, se excluídas algumas poucas ações, como recolher lixo e limpar os anais da cidade.
É verdade que Clécio recebeu uma herança maldita de Roberto Goes, ex-prefeito pelo PDT, de quem a mídia nada fala, mas cobra e fala mau do atual governo como se ele fosse responsável pela calamidade que se abateu sobre Macapá.
O interessante é que a desdita de Clecio em nada se compara, em gravidade, com a herdada por Camilo, que consumiu dois anos do seu governo para que sua equipe econômica saneasse as finanças do Estado e recuperasse o sêlo de adimplência perdido no governo passado, sem o alarido e a comoção que tomou conta da mídia.
Imagino que Carlos Chellala, ex secretário de Planejamento do PSB, governo Capiberibe, hoje de Clecio, professor universitário sério como é, deva estar incomodado com a nova companhia que passou a conviver.
Essa companhia, parte da harmonia, é quem manda na PMM e não deixa o economista cortar as gorduras e privilégios que incluem altos salários, inchaço da máquina e pagamento da mídia de “apoio” entre outras coisitas, que comprometem o exíguo orçamento municipal.
Nessa atitude belicosa do PSOL chama atenção o desprezo pela ajuda dado pelo PSB à eleição de Clecio à PMM,no segundo turno, decisiva para sua vitória.  ‘Divida’ que não está sendo honrada pelo PSOL.
No lugar de agradecer por ajudar Clécio eleger-se Prefeito,  Randolfe e Clécio, num gesto de descortesia aumentaram o tom das criticas ao governo, fundamentadas em factoides, mentiras e invencionices que agravaram as relações do Governo com a Prefeitura.
Por ultimo, para azedar ainda mais o clima, inventaram que Camilo só ajudaria o Prefeito se Randolfe retirasse sua candidatura ao governo do Estado. Ridículo!  Como se Camilo tivesse poderes para isso.
Ele [Camilo] seguramente  não possui, mas quem sabe Sarney, mentor de Randolfe e criador desse clima desagregador e de animosidade  para o Amapá?
As responsabilidades do prefeito tal qual a do governador estão claramente definidas na Carta Magna. O mínimo que um prefeito deve fazer é tapar buraco, recolher lixo e tratar da saúde de seus munícipes. As tarefas de um governador são, por razões óbvias, muito maiores.
Ajudar os municípios é uma delas, sem dúvida. Mas é preciso projeto, justificativa, gestão competente e honesta dos recursos repassados. E prestação de conta, lógico. Sem isso fica inviável.
É impossível o governo assumir as funções do Prefeito, como querem os idiotas da objetividade como diria o dramaturgo Nelson Rodrigues. Seria o fim da picada. Mas tem gente, em nome da paixão idiotizada e franciscana entendendo que tem que ser assim.

Nenhum comentário: