O papel fiscalizador do Ministério Público Estadual, que tem
à frente a Procuradora Geral, Ivana Cei, tem despertado o medo e a fúria de
setores atolados até o pescoço com supostos esquemas de corrupção e desvio de
dinheiro público dentro da Assembleia Legislativa (ALAP). Por conta disso,
promotores e Ivana Cei tem sofrido inúmeros ataques rasteiros devido a ação
intransigente do poder fiscalizador.
A anulação da Operação Eclésia, desencadeada pelo Ministério
Público com autorização da justiça e com o apoio da Policia Civil, demonstrou
que em certos momentos o papel do judiciário de fazer cumprir as leis pode ser
colocado em xeque. Há diversas denúncias sobre as relações promíscuas entre
desembargadores do Tribunal de Justiça e o Poder Legislativo, segundo apontou a
revista Carta Capital em recente matéria sob o título “O compadrio e a
caixa-preta”. A matéria mostrou que diversos parentes de desembargadores eram
nomeados como assessores na ALAP, o que configuraria um verdadeiro escândalo e
um prato cheio ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A anulação da Operação Eclésia por meio de uma liminar do
presidente do TJAP, Mario Gutyev coloca em duvida a credibilidade do judiciário
amapaense, já que o mesmo também aparece na lista de magistrados com parentes
nomeados na Assembleia Legislativa, segundo a Carta Capital. No mínimo o
desembargador deveria ter se declarado suspeito, antes de julgar qualquer
recurso oriundo da Assembleia Legislativa, que tem como objetivo abafar as
investigações e esconder da população a podridão política daquele poder.
O presidente do TJAP não levou em consideração que os
documentos apreendidos pelo Ministério Público com a ajuda policial são
públicos e que todos os atos da Assembleia Legislativa devem ser transparentes,
segundo manda a Lei de Acesso a Informação e a Lei Capiberibe.
Há rumores e denuncias de que documentos apreendidos pelo MP
na ALAP e na casa de deputados podem revelar mais irregularidades, além
daquelas já apontadas pela Policia Federal na famosa Operação “Mãos Limpas”.
É o combate a corrupção que está em jogo nesse imbróglio e
no embate do MP com a ALAP. As forças políticas que tem compromisso de defenderem o orçamento público e almejam mudar a sociedade, estancando a sangria da
corrupção devem se posicionar publicamente, seja por meio dos mandatos
outorgados pelo povo, na ação dos partidos ou entidades de classes.
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