O maior mutirão cirúrgico já realizado na Região Norte inicia
nesta sexta-feira, 11, e tem como alvo o maior conjunto de vítimas
típicas da Amazônia, os escalpelados. Durante dois dias, especialistas
estarão trabalhando na recuperação plástica e da autoestima de 62
pessoas que sofreram acidentes em embarcações que deixaram seus rostos
com deformidades.
"Esperamos todos estes anos por este momento. O governador Camilo
Capiberibe está cumprindo o que prometeu e os médicos cuidando da nossa
beleza física e nos livrando dos traumas", disse Rosinete Serrão, da
Associação de Mulheres Vítimas de Escalpelamento.
A equipe é formada por 41 médicos da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica (SBPC), um neurologista e um anestesista. Desse total, 15
profissionais são do Amapá. A ação está sendo coordenada pelas
Secretarias de Estado da Saúde (Sesa) e da Inclusão e Mobilização Social
(SIMS), em parceria com a Defensoria Pública da União e SBPC, e com o
apoio da deputada federal Janete Capiberibe. Os procedimentos serão
feitos em quatro salas cirúrgicas do Hospital São Camilo e três do
Alberto Lima, em período integral, e suporte técnico de enfermeiros,
instrumentadores e anestesistas.
O escalpelamento é causado por acidente em embarcações sem a proteção
do motor, eixo e outras partes móveis. As mulheres são as maiores
vítimas, porque o dano acontece quando o cabelo enrosca no motor. Do
total de 117 vítimas ligadas à Associação de Mulheres Ribeirinhas e
Vítimas de Escalpelamento da Amazônia (AMRVE), sete são homens. Destes,
dois irão fazer a cirurgia nesta sexta-feira. Luiz Eduardo Gonçalves, de
33 anos, se acidentou aos três anos, e disse que a cirurgia representa o
fim de um sofrimento e do preconceito.
O mutirão complementa a política de inclusão social e resgate da
cidadania dessas pessoas. No Amapá, a deputada federal Janete Capiberibe
foi a responsável pela Lei Federal que combate e previne o
escalpelamento e obriga que os proprietários de barcos protejam o motor.
As ações preventivas resultaram em 0% de acidente desde 2011.
O presidente da SBPC, Luciano Ornelas, afirmou que este benefício
está sendo possível por causa da sensibilidade e responsabilidade dessa
gestão e da sociedade. "O Estado acolheu os pacientes e buscou parcerias
com o Governo Federal e associações médicas. Por isso, estamos aqui no
Amapá", disse o especialista.
O governador Camilo Capiberibe reforçou que a parceria foi essencial
para que os procedimentos sejam realizados. "As cirurgias irão mudar a
vida destas pessoas. É a esperança de reparo físico e das feridas que
ficam na alma. São principalmente mulheres da Amazônia de todas as
idades que passam por esse sofrimento, mas não perdem a esperança. O
Governo do Amapá compartilha dessa atitude que vai resgatar a
sociabilidade e dignidade deles", pontuou. O Estado trabalha ainda para
garantir espaço no mercado de trabalho no Amapá.
A partir desta quinta-feira, 10, os pacientes começam a passar por
exames ambulatoriais e preparativos para cirurgia como consulta
pré-anestésica.
Mariléia Maciel/Secom
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