Fotos: Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados
Sizan Luis Esberci / Brasília
O Brasil tem um dos maiores índices de parto cesáreo do Mundo: 53%,
quando a Organização Mundial da Saúde – OMS – recomenda como ideal uma
cifra em torno de 15%. Para fortalecer a realização de partos naturais e
reforçar a participação das parteiras como escolha livre das gestantes e
garantir-lhes espaço no serviço público de saúde, reduzindo a
discriminação que pesa sobre elas, o Congresso Nacional debateu, nesta
quinta, 08, nas chamadas “Quintas Femininas”, a atividade das parteiras
tradicionais. O debate foi sugerido e coordenado pela deputada federal
Janete Capiberibe (PSB/AP), que implantou o Projeto Parteiras
Tradicionais do Amapá, defende seu reconhecimento, remuneração pelo
serviço e aposentadoria.
A
parteira Maria Luiza Dias, da Rede Estadual das Parteiras do Amapá,
destacou a inclusão possibilitada pelo Projeto Parteiras do Amapá,
implantado em 1995, no governo de João Capiberibe, e retomado em 2011,
pelo governador Camilo. Maria Luiza afirmou que o senador Capi, a
deputada Janete, o governador Camilo e a primeira-dama Cláudia são
grandes apoiadores das parteiras tradicionais.
Lamentou
do preconceito que ainda sofrem por alguns profissionais da saúde e
reivindicou que as parteiras sejam remuneradas nacionalmente e possam se
aposentar no exercício da atividade. Maria Luíza recebeu a
solidariedade da enfermeira obstetra, Kelly Saraiva, da Associação
Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstetras – ABENFO, que disse
também sofrer esse mesmo preconceito, apesar de ser enfermeira
doutorada.
A
deputada Janete contou o que o Projeto Parteiras do Amapá, cuja
implantação coordenou, entre 1995 e 2002, resultou na qualificação de
mais de mil e seiscentas parteiras. Elas recebem, desde então, meio
salário mínimo mensal do Governo do Estado, como remuneração pelo seu
trabalho.
Segundo Janete, a experiência do Amapá tornou-se referência no País e foi importante para a implantação da Rede Cegonha, projeto do Ministério da Saúde. Janete destacou o compromisso do atual governo do Amapá na reconstrução do projeto Parteiras, paralisado entre 2004 e 2010. Enfatizou o investimento de R$ 7 milhões e 500 mil pelo estado para construir a Maternidade do Parto Normal, com o objetivo de incentivar os partos naturais e humanizar os nascimentos. A Maternidade terá toda a infraestrutura para o nascimento seguro. Janete está confiante de que as parteiras sejam reconhecidas de fato, possam atuar em um espaço próprio dentro da saúde pública, sejam remuneradas e aposentadas pelo seu trabalho. Esta ação se dará pelo convencimento do poder público e por meio de legislações federais, estaduais e municipais.
Deputada Janete Capiberibe defendendo mais direitos para parteiras da Amazônia |
Segundo Janete, a experiência do Amapá tornou-se referência no País e foi importante para a implantação da Rede Cegonha, projeto do Ministério da Saúde. Janete destacou o compromisso do atual governo do Amapá na reconstrução do projeto Parteiras, paralisado entre 2004 e 2010. Enfatizou o investimento de R$ 7 milhões e 500 mil pelo estado para construir a Maternidade do Parto Normal, com o objetivo de incentivar os partos naturais e humanizar os nascimentos. A Maternidade terá toda a infraestrutura para o nascimento seguro. Janete está confiante de que as parteiras sejam reconhecidas de fato, possam atuar em um espaço próprio dentro da saúde pública, sejam remuneradas e aposentadas pelo seu trabalho. Esta ação se dará pelo convencimento do poder público e por meio de legislações federais, estaduais e municipais.
Silvéria
dos Santos, enfermeira parteira, defendeu que o nascimento menos
violento resultará, também, numa sociedade com menor violência. Afirmou
que os corpos das mulheres não podem ser tratados como máquinas, que os
processos naturais devem ser respeitados, bem como sua dor, seus
sentimentos e sua capacidade de parir naturalmente. Afirmou que que elas
devem ser soberanas para optar pelo parto natural. Repudiou, ainda, a
violência obstétrica sofrida pelas mulheres, quando são submetidas às
imposições dos profissionais do sistema de saúde, como as os partos
cesáreos desnecessários.
A
enfermeira Jussara Vieira, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e
coordenadora da Casa do Parto de São Sebastião, cidade satélite de
Brasília, apresentou o trabalho realizado pela instituição que, segundo
ela, viveu por anos de migalhas, mas está sendo valorizada no atual
governo. Criada em 2001, a Casa de Parto realiza 500 atendimentos
mensais e fechou o mês de Abril tendo realizado 43 partos. A deputada
Janete afirmou que visitará a Casa de Parto e ajudará a divulgá-la, além
de compartilhar a experiência com o Amapá.
A
enfermeira da Câmara dos Deputados e Doula, Juliana Silva Monteiro,
disse que as mulheres devem “se empoderar para resgatar o que sempre foi
dela, que é o processo de parto. Quando ela se sentir empoderada,
informada, ela vai retomar esse processo para si”. Segundo ela, essa
deve ser a reação natural neste momento que se percebe a grave
acentuação dos partos não-naturais.
Convidados
e palestrantes destacaram que é necessário o cumprimento de legislações
vigentes, como a que determina o direito das gestantes a um
acompanhante da sua escolha, no momento do parto. Consideram que é
preciso garantir o direito às parteiras, doulas, enfermeiras obstetras e
obstetrizes de acompanharem as gestantes quando elas as encaminharem
aos hospitais.
A
deputada Janete anunciou, ainda, que indicação que fez ao Ministério da
Cultura para que as parteiras sejam reconhecidas como Patrimônio
Imaterial e o Prêmio Doutor Pinotti, por boas práticas em saúde da
mulher, que será recebido pela Associação das Parteiras Tradicionais do
Amapá.
O
evento foi promovido no Congresso Nacional pelo Senado Federal, Câmara
dos Deputados, Bancadas Femininas e Procuradorias da Mulher das duas
Casas e Núcleo de Estudos e Pesquisas da Mulher – NEPEM, da Universidade
de Brasília – UNB.
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