terça-feira, 28 de agosto de 2012

MORDAÇA FISCAL: Prefeitura de Macapá impede circulação do jornal após denúncias contra o prefeito Roberto Góes

Semanário de oposição ao prefeito da capital amapaense é alvo de força-tarefa de auditores fiscais
A agência de publicidade Meta Serviços Jornalísticos e Publicitários, responsável pelo semanário FOLHA DO ESTADO, foi alvo de perseguição política, disfarçada de auditoria fiscal, por parte da Prefeitura de Macapá. Na segunda-feira, 27, por volta das 16h30, cinco auditores fiscais, segundo testemunhas acompanhados à distância por policiais civis ocupando um automóvel descaracterizado, interditaram a empresa sob a alegação da inexistência da “licença de funcionamento”.
 
Conforme consta no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, da Receita Federal, a Meta Serviços Jornalísticos e Publicitários é uma microempresa cuja principal atividade econômica é a publicidade, aí incluindo elaboração de projetos gráficos (design) e edição de impressos (jornais, revistas, livros e informativos institucionais). Passou a funcionar legalmente a partir de março deste ano, após o cumprimento de exigências feitas pela própria Prefeitura de Macapá.
Dentre elas constava o pagamento das taxas de Vigilância Sanitária, de Fiscalização de Localização e Funcionamento, de Inscrição Cadastral, de Protocolo, e de Autorização de Impressão de Documentos Fiscais. Todas essas taxas foram pagas conforme recibos apresentados aos auditores. “Por se tratar de empresa individual, com apenas cinco meses de atividade, o restante da papelada está em andamento”, assinalou o representante da agência, jornalista e publicitário Emanoel Reis.
“Considero louvável a iniciativa de fiscalizar empresas que estejam irregular. Uma administração municipal séria, realmente comprometida com o bem-estar da população, realiza esse trabalho permanentemente. Mas, causa estranheza a demonstração de força feita pela Prefeitura de Macapá contra uma microempresa cujo único funcionário sou eu mesmo”, comentou Reis.
Mais surpreendente, ainda, lembra o jornalista, foi a presença de equipes de reportagem de vários veículos de comunicação registrando o que era para ser uma simples (e corriqueira) auditagem numa microempresa em fase de regulamentação fiscal. “Os repórteres não têm culpa. Cumprem ordens dos donos, diretores ou editores dos jornais e emissoras de TV e rádio. Mas, achei até engraçado. Desde cedo eles estavam de campana na frente da minha casa. Quando os auditores da Prefeitura de Macapá chegaram e entraram em minha pequena redação, os jornalistas os acompanharam. Pensei: Caramba! É muita falta de assunto!!!”, recorda Emanoel.
A presença de parte da Imprensa na minúscula redação do semanário FOLHA DO ESTADO, e a insistência do auditor fiscal da PMM, Jeremias Barroso, em saber em qual gráfica o jornal é impresso, demonstraram, nas entrelinhas, a verdadeira intenção da força-tarefa de auditores empregada contra a microempresa Meta Serviços Jornalísticos e Publicitários: empastelar o periódico que tem veiculado amplas reportagens denunciando supostas irregularidades cometidas na gestão do prefeito Roberto Góes (PDT).
No entendimento de Emanoel Reis, foi a única maneira encontrada pela Prefeitura de Macapá para impedir a circulação do jornal. “Primeiro porque toda denúncia formulada contra o prefeito Roberto Góes está fundamentada em documentos. Então, como não foi possível silenciar o jornal por vias judiciais, por meio de ações e processos, buscaram outra via. Então, encontraram esta: uma pequena empresa em fase de legalização fiscal”, esclarece ele.
A ação protagonizada pelo Departamento de Auditoria Fiscal da PMM contra o semanário FOLHA DO ESTADO ganhou contornos de retaliação após a edição atual que está nas bancas. Com a manchete “É MUITO DINHEIRO! Parente de Roberto Góes fatura mais de R$ 2,6 milhões na PMM”, o jornal desvelou para os macapaenses um esquema fraudulento montado nos subterrâneos da prefeitura para enriquecer um meio-irmão de Góes. “É o procedimento padrão dos regimes ditatoriais procurar calar a imprensa livre e independente. Lamentável é que a outra “imprensa” aceite docilmente coadjuvar – e endossar – as ações do mau político”, finalizou o jornalista.

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