Do Jornal A Gazeta |
A
charge do tablóide A Gazeta de 28-4-13 procura “didaticamente” transferir ao
GEA o ônus de parte do SINSEPEAP e pseudo-lideres do movimento pela greve mais
prejudicial à população dos últimos anos, e é reveladora sobre a verdadeira
crise construída por aquelas lideranças. Eles se prestaram a manipular uma
parte da categoria e buscavam apoio popular enquanto omitiam dos alunos e seus
pais, o salário real dos nossos professores.
Não
seria concebível para aos pais desses alunos fazer reivindicações e buscar
apoio e solidariedade da população, inclusive dos professores, para sua causa
de aumentar o salário até o nível estabelecido pela sua federação nacional, se
para isso utilizassem o artifício de afirmar que a sua remuneração era a metade
do que declaravam receber.
O
que a charge revela de forma jocosa, é que nossos professores recebiam o dobro
do que falavam para a população, e nunca tiveram remuneração abaixo do piso
nacional. Alias, mesmo considerando essa meia-verdade (ou meio salário) dos
9.335 professores estaduais apenas 411 ou 4,4%da categoria tinha o salário base
abaixo do piso, os demais95,6% pegariam uma carona para aumentar o seu salário
na mesma proporção desses servidores cujo (meio) salário estava abaixo do piso
nacional.
A
verdade já aparecia nos documentos oficiais do próprio CNTE, em tabelas que
mostravam o salário real de quem estava em sala de aula, afirmando que o Amapá
paga o 4º maior salário do Brasil, e, portanto não cobrava do Estado o
pagamento do Piso Nacional.
O
dever do professor além de bem ensinar suas disciplinas é colaborar para a
formação do caráter dessas crianças e adolescentes, onde falar e escrever a
verdade (por isso condenam a “cola nas provas”) é principio fundamental.
Portanto, toda a greve de 2012 que prejudicou por dois anos o calendário
escolar do estadoe reduziu as chances dos alunos passarem nos vestibulares e
alcançar boas notas no ENEM, alem de causar prejuízos aos pais que tiveram de
levar seus filhos para a escola até o fim de fevereiro de 2013 estava calcada
nessa “esperteza” (ou sofisma), para usar um eufemismo que alivia essa atitude.
O
fato concreto é que essa parcela do SINSEPEAP e de atores políticos que
mantiveram o movimento grevista de 2012 foram longe demais nesse teatro do
caos, a guisa de dramalhão mexicano.É difícil continuar choramingando em via
publica para comover os alunos e seus pais admitindo que ganhavam o dobro do
que falavam.
O
pior foi rejeitarem 16,52% de aumento oferecido à categoria, o maior aumento
dos últimos 16 anos. Esse erro escandaloso, por motivos que fogem a qualquer
justificativa em negociações salariais, inclusive porque a greve já era ilegal e
sabiam da multa diária imposta pelo judiciário,prejudicou“todos” professores
estaduais. Pois bem, perderam o maior aumento do salário real do país, oferta
que não será renovada tão cedo, posto que a situação econômica agora está
desfavorável a aumentos dessa magnitude, é só ver quanto o Governo Federal
concedeu, 15% em três anos.
A
parcela da categoria que ficou em casa esperando que essa condução aventureira
e irresponsável lhes trouxesse beneficio perdeu a oportunidade de chamar a
massa para o bom senso, e não deveria deixar essa situação se renovar no
presente.
E agora o que fazer?
Os
sindicalizados têm a sua frente à oportunidade de exigir responsabilidade na
gestão, pois entre as contas a pagar que é alta está o escândalo da reforma da
sede que não foi resolvido, sem falar na multa pela greve, que foi confirmada.
É
um caso raro de que ao receber o benefício de uma pauta histórica do movimento
sindical, a incorporação da regência, consigam justificar argumentos de que
lhes é prejudicial.
O
debate verdadeiro é sobre salário real, e principalmente a valorização do bom
professor, que pode estudar em pós-graduação e ter acréscimo em sua remuneração
dentro dessa proporção (o dobro do que era no regime da Regência), e estimular
aGestão Democrática, pois ser Diretor não será um castigo, e sim um exercício
de administração justamente remunerado que todos deveriam experimentar,
inclusive os líderes grevistas.
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