segunda-feira, 29 de abril de 2013

Os professores estaduais do Amapá: Piso Nacional e incorporação da Regência de Classe

Do Jornal A Gazeta


A charge do tablóide A Gazeta de 28-4-13 procura “didaticamente” transferir ao GEA o ônus de parte do SINSEPEAP e pseudo-lideres do movimento pela greve mais prejudicial à população dos últimos anos, e é reveladora sobre a verdadeira crise construída por aquelas lideranças. Eles se prestaram a manipular uma parte da categoria e buscavam apoio popular enquanto omitiam dos alunos e seus pais, o salário real dos nossos professores.

Não seria concebível para aos pais desses alunos fazer reivindicações e buscar apoio e solidariedade da população, inclusive dos professores, para sua causa de aumentar o salário até o nível estabelecido pela sua federação nacional, se para isso utilizassem o artifício de afirmar que a sua remuneração era a metade do que declaravam receber.

O que a charge revela de forma jocosa, é que nossos professores recebiam o dobro do que falavam para a população, e nunca tiveram remuneração abaixo do piso nacional. Alias, mesmo considerando essa meia-verdade (ou meio salário) dos 9.335 professores estaduais apenas 411 ou 4,4%da categoria tinha o salário base abaixo do piso, os demais95,6% pegariam uma carona para aumentar o seu salário na mesma proporção desses servidores cujo (meio) salário estava abaixo do piso nacional.

A verdade já aparecia nos documentos oficiais do próprio CNTE, em tabelas que mostravam o salário real de quem estava em sala de aula, afirmando que o Amapá paga o 4º maior salário do Brasil, e, portanto não cobrava do Estado o pagamento do Piso Nacional.

O dever do professor além de bem ensinar suas disciplinas é colaborar para a formação do caráter dessas crianças e adolescentes, onde falar e escrever a verdade (por isso condenam a “cola nas provas”) é principio fundamental. Portanto, toda a greve de 2012 que prejudicou por dois anos o calendário escolar do estadoe reduziu as chances dos alunos passarem nos vestibulares e alcançar boas notas no ENEM, alem de causar prejuízos aos pais que tiveram de levar seus filhos para a escola até o fim de fevereiro de 2013 estava calcada nessa “esperteza” (ou sofisma), para usar um eufemismo que alivia essa atitude.

O fato concreto é que essa parcela do SINSEPEAP e de atores políticos que mantiveram o movimento grevista de 2012 foram longe demais nesse teatro do caos, a guisa de dramalhão mexicano.É difícil continuar choramingando em via publica para comover os alunos e seus pais admitindo que ganhavam o dobro do que falavam.

O pior foi rejeitarem 16,52% de aumento oferecido à categoria, o maior aumento dos últimos 16 anos. Esse erro escandaloso, por motivos que fogem a qualquer justificativa em negociações salariais, inclusive porque a greve já era ilegal e sabiam da multa diária imposta pelo judiciário,prejudicou“todos” professores estaduais. Pois bem, perderam o maior aumento do salário real do país, oferta que não será renovada tão cedo, posto que a situação econômica agora está desfavorável a aumentos dessa magnitude, é só ver quanto o Governo Federal concedeu, 15% em três anos.

A parcela da categoria que ficou em casa esperando que essa condução aventureira e irresponsável lhes trouxesse beneficio perdeu a oportunidade de chamar a massa para o bom senso, e não deveria deixar essa situação se renovar no presente.

E agora o que fazer?
Os sindicalizados têm a sua frente à oportunidade de exigir responsabilidade na gestão, pois entre as contas a pagar que é alta está o escândalo da reforma da sede que não foi resolvido, sem falar na multa pela greve, que foi confirmada.
É um caso raro de que ao receber o benefício de uma pauta histórica do movimento sindical, a incorporação da regência, consigam justificar argumentos de que lhes é prejudicial.

O debate verdadeiro é sobre salário real, e principalmente a valorização do bom professor, que pode estudar em pós-graduação e ter acréscimo em sua remuneração dentro dessa proporção (o dobro do que era no regime da Regência), e estimular aGestão Democrática, pois ser Diretor não será um castigo, e sim um exercício de administração justamente remunerado que todos deveriam experimentar, inclusive os líderes grevistas.

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