sábado, 17 de agosto de 2013

Educação sucateada: Salas de aulas são separadas por lonas de plástico em Santana

Professores dividem-se em 7 turmas pela manhã e 8 pela tarde. Secretário diz que "não há reformas na educação sem transtornos"
Salas da Escola são divididas por um tecido em Santana (Foto: John Pacheco/G1)
Salas de aulas são divididas por lonas de plástico em Santana (Foto: John Pacheco/G1)
 
John Pacheco Do G1 AP  

Uma reforma inesperada na Escola Municipal Leonice Dias Borges, localizada na Ilha de Santana, obrigou os 444 alunos da instituição a assistirem às aulas na maloca da colônia de pescadores do distrito. As 7 turmas de pré-escolar e ensino fundamental da escola foram improvisadamente separadas por lonas de plásticos.

A maloca que serve de escola aos alunos da Ilha de Santana, fica às margens do Rio Amazonas. O local era utilizado para a realização de festas organizadas pelos pescadores do distrito, que fica localizado a 17 quilômetros de Macapá.
Maloca da colônia dos pescadores foi dividida em 7 salas de aula em Santana (Foto: John Pacheco/G1)Maloca da colônia dos pescadores foi dividida em 7 salas de aula (Foto: John Pacheco/G1)
Os alunos voltaram às aulas normalmente no dia 1º de agosto. E segundo informou a diretora da instituição, Vilma Picanço, o anúncio inesperado de reforma do prédio aconteceu no último dia 3.

Ela conta que precisou tomar a medida de remanejar os alunos para a colônia, para não prejudicar o calendário letivo. O prédio da escola foi demolido.

Na maloca, além da separação das turmas por lonas plásticas, quadros foram fixados em colunas de madeira, e banheiros, cozinha e refeitório foram adaptados. A escola conta com 20 professores, que se dividem em 7 turmas pela manhã e 8 pela tarde.

O secretário de Educação de Santana, Carlos Sérgio Monteiro, disse que "não há reformas na educação sem transtornos". Ele garantiu o fim dos reparos emergenciais em 15 dias. "Essa condição que vamos entregar a escola, é provisória. Na administração pública tem burocracia e não dá para se fazer nada de uma hora para outra", alegou Monteiro depois de uma reunião com os pais que aconteceu na escola improvisada na segunda-feira (12).
Colônia de pescadores da Ilha de Santana, no Amapá (Foto: John Pacheco/G1)Colônia de pescadores da Ilha de Santana, no Amapá (Foto: John Pacheco/G1)
Segundo a diretora da escola, técnicos da prefeitura estavam realizando vistorias na instituição desde o início do ano, mas não informaram o período da reforma. "E no dia 3 de agosto eles chegaram para demolir a escola. Para não adiar as aulas, falei com o responsável pela colônia de pescadores e transferimos alunos e professores para lá", confirmou Picanço.

Mãe do Carmo, tem um filho e 2 netos na escola (Foto: John Pacheco/G1)
Maria do Carmo tem um filho e 2 netos na escola (Foto: John Pacheco/G1) Reclamações

 
Maria do Carmo, de 50 anos, tem um filho com síndrome de Down e 2 netos que estudam na Escola Leonice Dias Borges. Ela reclama da situação dos alunos. "A situação onde eles estudam agora é precária. Todos os pais deveriam ser notificados antes da troca, pois levaram nossos filhos para um lugar sem conforto", reclamou.
Piscina com água suja ao lado de escola improvisada em Santana (Foto: John Pacheco/G1) 
Piscina com água suja ao lado de escola improvisada em Santana (Foto: John Pacheco/G1)
Maria do Carmo conta que ainda não levou para a escola, o filho de 10 anos que tem síndrome de Down, temendo a falta de segurança no local. "Pois além de ter Down, ele é hiperativo, e ao lado da colônia tem uma piscina que não é cuidada. É toda suja", descreveu.

A diretora da escola declarou que a instituição ainda não tomou providências quanto à situação da piscina.

Escola Leonice Dias Borges, a escola será demolida para reforma (Foto: John Pacheco/G1)
Escola Leonice Dias Borges foi demolida
para reforma (Foto: John Pacheco/G1)
Segundo informou o secretário de Educação, na escola em refoma serão levantadas as paredes em madeira, além da revitalização das salas de aulas e adaptação. Monteiro disse que haverá uma reforma definitiva na instituição para 2014.

Os professores da instituição reuniram-se com os secretários de Educação e de Finanças do município, para ouvir a posição da prefeitura em relação ao caso. O corpo pedagógico da escola afirma que se não houver garantias de adequação ao local, nos próximos dias, os educadores paralisarão as aulas e só retornarão após a reforma, segundo alertou a professora de ensino fundamental, Maria da Luz.

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