Na tarde desta terça-feira (30), em Macapá- AP, o senador Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP), concedeu entrevista à jornalista Ana Girlene na rádio Diário
FM, tratando de diversos assuntos, principalmente as manifestações de junho no
país e a reação do Congresso. Entre os temas tratados, a partir de provocações
deste blogueiro e ouvinte via twitter, o ensolarado falou sobre a democratização dos meios de comunicação
no Brasil que ganhou força nos últimos anos após a realização da 1º Conferência Nacional de Comunicação.
Randolfe, que vira e mexe frequenta o noticiário da empresa dos Marinhos
e que, estranhamente, pouco se manifesta sobre esse tema, foi constrangido a se
posicionar, mesmo que meio à francesa.
Randolfe, com a eloquência de sempre, se declarou a favor da
democratização dos meios de comunicação. Que acha um absurdo que parlamentares
que são eleitos para trabalhar pelo povo sejam contemplados com veículos de
comunicação. Mas afirmou desconhecer a proposta do deputado Protógenes Queiroz
(PCdoB-SP) sobre a instalação de uma CPI para investigar a denúncia de
sonegação de impostos realizada pela Rede Globo, fato denunciado pelo blog O
Cafezinho e consequentemente em diversos blogs, sites de notícias e até mesmo no jornal Folha de São Paulo.
“É, eu não tenho notícia, é, o deputado Protógenes ainda não apresentou.
Eu não tenho notícia dessa proposta por parte do deputado Protógenes, mas eu seria o primeiro a assinar essa CPI”,
desconversou o senador amapaense. A proposta de uma CPI pra investigar a
sonegação de impostos pela Rede Globo surgiu após descobrirem que emissora
deixou de pagar impostos referentes a Copa do Mundo de 2002.
Para fugir do assunto, na sequência da entrevista, o senador tergiversou
historiando a origem das manifestações enumerando quem estava a favor e quem
era contra. Coisa de quem responde sem responder.
O estranho disso tudo é que o senador se disse contra que políticos
sejam beneficiados com concessões de veículos de comunicação, mas nunca sequer
mandou um ofício ao MPF, usou a tribuna do Senado ou tenha protestado contra
uma das ilegalidades mais gritantes dessa região da Amazônia que é o império de comunicação (Sistema
Beija-Flor) do ex-senador Gilvam Borges (PMDB), aliado canino do senador José
Sarney, que durante sua passagem pela presidência do Brasil, distribuiu
concessões pra diversos políticos da sua base aliada.
No Amapá os veículos de comunicação de Gilvam Borges fazem oposição
sistemática e rasteira ao governo estadual do PSB de Camilo Capiberibe ao governo
municipal do PSOL de Clécio Luis, prefeito da capital e aliado de Randolfe Rodrigues.
Mas até hoje não existe qualquer tipo de debate sobre as irregularidades
cometidas pelo Sistema Beija-Flor que se aboletou de diversas rádios
comunitárias pra propagar as insanidades do PMDB e transmitir em cadeia nos 16
municípios do Amapá o programa “O Estado é Notícia” que faz oposição raivosa ao
governo local. A transmissão em cadeia é vedada.
Até hoje, apenas uma denúncia contra a rede criminosa de comunicação do Sistema Beija-Flor foi feita no Ministério Público Federal (MPF) e pelo
então deputado estadual Camilo Capiberibe e hoje governador, mas parece que os procuradores sentaram em cima do processo ou resolveram arquivar sem qualquer tipo de análise minuciosa com base no que diz nossa Constituição Federal.
Há quem diga que existe uma proteção por parte da Anatel e do Ministério das
Comunicações por intermédio da “mão invisível” do senador José Sarney
(PMDB-AP).
O fato é que, ao que parece, o senador e o PSOL não tem interesse em se
confrontar com o debate da democratização dos meios de comunicação ao lado de
parlamentares como Luiza Erundina (PSB-SP) e de partidos de esquerda (PT, PSB e PCdoB) que vem lutando bravamente contra os
monopólios da grande mídia. Muito menos se confrontar com a Rede Globo que lhe
abre espaços generosos para bater no governo Dilma e aparecer como o paladino
da justiça, da ética e dos bons costumes.
Pego de surpresa, Randolfe teve que
se posicionar, mas o fez por dever do ofício. Pragmático, nosso pequeno notável
não vai querer perder a sua tribuna globalizante.
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