quarta-feira, 15 de julho de 2015

Artigo: A lição grega que serve para o PT de Santana

"Nós da esquerda sabemos como atuar coletivamente, sem interesse pelos privilégios do poder."

Por Heverson Castro

A frase acima foi dita por Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças da Grécia, após renunciar ao cargo de ministro por conta de pressão dos credores da troika, que pediu a sua cabeça após a vitória do povo em plebiscito que derrotou a ditadura do mercado que quer massacrar o povo daquele país.

O debate atual do PT de Santana nos leva refletir sobre a posição tomada pelo grupo da deputada Marcivania Flexa,​ que sem respeitar as instâncias ou a construção em curso por diversas lideranças e correntes do partido, decidiu lançar um nome à revelia da construção coletiva que visa a unidade do PT para 2018, tendo como principal objetivo derrotar as forças do atraso e do caos que se instalaram na Prefeitura.

Antes de mais nada é importante ressaltar, que em tese Marcivânia teria a prioridade no partido pra disputar a Prefeitura em 2016, mas sem comunicar o partido sobre a sua decisão pessoal de recuar, decidiu lançar o marido e fugir da tarefa política e das rodadas de conversas feitas pelas principais lideranças do PT.

A postura do grupo da deputada petista ao lançar Odair Freitas pré-candidato a prefeito, utilizando-se de uma entrevista em blog, quando poderia levar o debate para a direção do partido, abriu brecha para que esse debate se torna-se público.

A decisão do grupo de Marcivânia é isolada e não conta com o apoio da maioria do partido, já que a comissão de lideranças que dialogam pra chegarem em um denominador comum foi avalizada pelo congresso municipal do PT. A postura é vista por diversos dirigentes como uma forma de tentar tumultuar o processo de escolha do partido por meio da democracia interna e da construção coletiva, ignorando e desrespeitando outras lideranças.

Com a desistência de Marcivânia que primeiramente deveria ter sido comunicada a direção do PT em respeito até mesmo a militância e aos dirigentes vai de encontro ao espírito coletivo do petismo. O que seria mais coerente do ponto de vista coletivo, seria apoiar os outros nomes que já estavam colocados (Zé Roberto, Richard Madureira e Isabel Nogueira).

Parece que não é o espírito coletivo que move o grupo político da deputada, mas sim um projeto megalomaníaco de poder que chega se tornar arrogante diante do petismo e até mesmo um projeto que beira a ser de uma pequena oligarquia, prática política no passado criticada pelo casal ao justificar a negativa de apoio ao PSB na campanha de 2010.

Marcivânia e Odair Freitas chegaram a disparar as suas metralhadoras cheias de mágoas contra a Frente Popular, aliança de esquerda do PT com o PSB, acusando o partido de estar a serviço de um projeto familiar e atua postura chegar a ser desrespeitosa, já que pelo menos a decisão do PT de formar uma frente de esquerda foi tomada coletivamente pela maioria dos delegados em congresso.

Diante disso, o que se observa na verdade é que sabendo que a maioria dos dirigentes partidários e militantes petistas não irão apoiar o nome do seu esposo Odair Freitas, a deputada Marcivânia tenta achar um motivo pra que no futuro ache uma desculpa pra não apoiar um outro nome decidido pelo PT.

O certo é que Marcivânia e seu grupo há tempos não respeitam o debate orgânico do PT e atual direção. Isso fica claro na entrevista de Odair Freitas quando afirma que “o grupo tem discutido e apelado para que eu seja candidato”, demonstrando que desrespeita um encaminhamento da Executiva e do Congresso do PT que apontava quatro nomes como pretensos candidatos (Marcivânia, Zé Roberto, Isabel Nogueira e Richard Madureira). Ora, se a deputada não tinha pretensão de ser candidata e desejavam lançar o marido Odair Freitas, por que não comunicaram tal pleito durante o congresso municipal do PT que aconteceu em abril? Isso só demonstra que não respeitam a construção coletiva.

Em outro ponto da entrevista, em tom arrogante e desrespeitoso aos outros companheiros do PT que há meses se colocam a disposição do partido pra serem candidatos, Odair Freitas chega vociferar: “A nossa prioridade é recuperar Santana. Ela não está abdicando de ser candidata. Se chegarmos a determinado momento e percebermos que não existem condições pro nosso nome, ela com certeza será a candidata.

Observem que Odair Freitas fala como um cacique político que mandasse no PT e que o futuro do partido depende da vontade pessoal dele e de sua esposa que é deputada federal e que o mandato pertence ao partido, mas nunca sequer foi debatido os rumos nas instâncias municipais e estaduais.

A postura do casal é apenas a ponta do iceberg do que vem pela frente. A deputada tinha a prerrogativa de ser candidata porque era o nome mais bem colocado politicamente, mas por conta de ambições de um projeto de poder no futuro, onde deseja disputar uma vaga de Senado, toma essa decisão sem nenhuma construção coletiva, mas de uma prática de um clã político com ares de coronelismo.

Na verdade ambos tentam provocar uma crise interna no partido pra que no futuro tenham motivos pra não apoiar um dos três nomes (Isabel, Richard e Zé Roberto), que deve ser escolhido em breve pela legenda.


O PT é maior que isso e deve superar as investidas de projetos pessoais e como principal partido de oposição em Santana, tem a árdua tarefa de derrotar as forças do atraso que governam a cidade e essa tarefa deve ser construída de forma coletiva, combatendo as ambições pessoais e projetos pessoais e familiares que desconstroem o partido.

Nenhum comentário: