Fernanda Krakovics
BRASÍLIA - O senador João Capiberibe (PSB-AP) divulgou, na tarde desta sexta-feira, uma carta aberta atacando a candidatura do líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), para a presidência do Senado e defendendo uma "oxigenação" no comando da Casa. O peemedebista já ocupou a presidência do Senado anteriormente e deixou o cargo em 2007 em meio a denúncias de que tinha despesas pessoais pagas por um lobista de empreiteira. Renan deixou a presidência em um acordo político para evitar a cassação de seu mandato. A eleição ocorrerá no dia 1º de fevereiro.
“O que devemos decidir é se aceitamos mais do mesmo ou, ao contrário, se pretendemos interferir na sucessão visando oxigenar o debate político, apoiando-se no significativo respaldo recebido dos cidadãos nas urnas”, escreveu Capiberibe. “É que a questão envolve a mudança de práticas não republicanas, um jogo de cartas marcadas que impede a oxigenação do Poder Legislativo, haja vista que as duas presidências (Câmara e Senado) são ocupadas em rodízio desde o primeiro mando de Lula apenas por dois partidos da base de tantas legendas partidárias”.
Na verdade há um acordo político nas duas Casas para que a presidência seja ocupada pelo partido que possui a maior bancada. No Senado, o PMDB é majoritário e, na Câmara, PT e PMDB fizeram um acordo para haver um rodízio. Assim, apesar de os petistas terem o maior número de deputados, há um entendimento para que os peemedebistas, que estão em segundo lugar, comandem a Câmara nos próximos dois anos com o deputado Henrique Alves (PMDB-RN). Mesmo assim o PSB tem um candidato avulso, o deputado Júlio Delgado (MG), disputando a presidência daquela Casa.
Adversário político do atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Capiberibe afirma no documento que "foram gestões atrasadas, equivocadas e práticas nada republicanas que fizeram do Legislativo um Poder desacreditado pela sociedade". O mandato de Sarney no comando do Senado foi marcado pelo escândalo dos atos secretos, em 2009. A direção do Senado contratava funcionários, inclusive parentes de senadores, e tomava outras providências administrativas sem que esses atos fossem publicados no Diário do Senado, ou seja, sem que houvesse publicidade.
“É necessário intensificar a discussão com os parlamentares que se opõem a práticas retrógradas de maneira a fortalecer o Parlamento, com vistas à formulação de uma proposta inovadora”, continua Capiberibe, em outro trecho da carta.
O grupo do qual Capiberibe faz parte, os chamados independentes, já lançou duas candidaturas de protesto contra Renan, cuja eleição é dada como certa - a dos senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e de Pedro Taques (PDT-DF).
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