Impressões por Rup Silva
É o que parecem fazer médicos e governo que não conseguem colocar com
clareza as razões do conflito que travam desde o inicio da atual
gestão. O governo reclama do não cumprimento de sobre avisos e não
cumprimento de escala de plantão, que no frigir dos ovos acaba
prejudicando o cidadão que não tem seguro de saúde.
A recente entrevista do neurologista Alejandro TRUJILLO e do
Advogado Roberio Oliveira, Adjunto de Saúde ao Café com Noticia da Rádio
Cidade, que acompanhei com redobrado interesse, mostrou mais uma vez o
interesse em manter o contribuinte desinformado, principalmente por
parte dos médicos que tem trânsito livre na mídia anti governista para
destorcer os fatos e reinventar a roda.
Mesmo assim, ficou claro que a categoria médica permanece na posição
de sempre: incondicionalmente contra o atual governo que de sua parte
quer o cumprimento fiel dos contratos e maior engajamento da categoria
na solução dos problemas do atendimento da população resultado da má
administração do governo anterior.
A crise, segundo se comenta, é orquestrada por setores apeados do
poder que negociavam o silêncio da categoria com privilégios e vantagens
deteriorando o Sistema e seu funcionamento. Veja o caso da esposa do
Presidente do Sindicato que de posse de dois contratos com o governo
cumpre meio, além do contrato de fornecimento de alimentação especial
feito com a anuência do titular.
Isso ninguém pergunta nem quer saber. Isso o presidente do sindicato
não troveja quando fala mal do governo que resolveu dar um basta nos
esquemas e mamata.
O quadro comprometedor e ridículo que assumiu, deixa claro que a
categoria médica chegou ao fundo do poço ao servir de “massa de manobra”
para grupos políticos – ‘Harmonia’ principalmente que quer, na marra,
voltar ao poder.
O mais grave é que a sociedade já sabe por quem e porque batalham os
médicos a ponto de ouvir de um popular o nada lisonjeiro adjetivo de
“patifes” dirigidos aos médicos que deixam de atender a população por
conta de dinheiro.
Do ponto de vista das lideranças médicas – Sindicato e Conselho
Regional, por sinal desviado de suas funções, a Saúde Pública do Amapá
não passa de um poço sem fundo, pois vivem exigindo mais e mais
vantagens, criando uma crise em cima de outra, não deixando tempo para o
governo pensar e organizar o Sistema.
E, mais grave ainda é a demonstração de insensibilidade dos médicos
com a situação do povo desassistido quando, de forma grosseira e
destemperada, desafiam as autoridades da saúde e deixam claro o desejo
de acertar a jugular do jovem Governador Camilo que busca, em meio as
crises “fabricadas”, colocar o Sistema Médico para funcionar.
E vão além quando desafiam, também, as outras instituições
responsáveis em garantir o acesso de todos ao atendimento médico como
manda a Constituição. Onde, estranhamente, faz-se um silencio
ensurdecedor.
Daí que penso que a crise se aprofunda quando instituições como MPE e
MPF se ausentam do debate e permitem o linchamento público do Governo
que sozinho procura evitar o caos tendo ainda contra si uma imprensa
interessada no seu desgaste.
Em sendo da área não me sinto confortável ter que comentar movimentos
dessa natureza que prejudicam em muito a população, pois a sonegação e
omissão de atendimento de pessoas pobres colidem com os princípios mais
comezinhos do livrinho de ética médica que coloca – claramente, o
interesse do cidadão doente antes e acima de tudo.
É o que aprendemos na Faculdade, mas pode ser que alguns não lhe deem
importância e não prestem atenção a ele em nome do enriquecimento a
qualquer custo que parece o lema dessa turma do Pará que imagina que
sejamos uma terra de eunucos.
É possível que o Programa que promoveu o debate, também ignore esse
dogma médico e não tenha enveredado a questão para o lado mais
importante, que é do atendimento do cidadão, esquecido pela clara
intenção de insuflar as partes – Alejandro e Robério Oliveira, adjunto
da SESAS, que ainda tentou levar a discussão na direção do seu cerne,
esbarrando na má vontade dos entrevistadores.
Alejandro não deixa de ter direito de evocar para si importância na
construção e modernização da medicina do Amapá ao imaginar sua estatua
diante do Hospital Alberto Lima. Embora deva lembrar ter sido remunerado
e bem remunerado para fazer seu trabalho.
Não só pelo Estado, mas fundamentalmente pela sociedade que sempre
pagou bem por seu trabalho considerado, por sua natureza e grau de
especialização como de “alta complexidade”, e como tal situado no topo
da pirâmide do atendimento médico, com acesso restrito, por isso bem
remunerado.
Aqui mais uma vez quero lembrar Alejandro que sua performance não foi
algo solitário. Mesmo por que a construção de um Estado não é tarefa de
um ou de poucos, muito menos se restringe a um setor apenas da
sociedade, nesse caso a medicina.
Mesmo no setor médico, a título de contribuição, poderia fornecer ao
colega uma lista de médicos que merecem sua estatua também. Que tiveram
um papel fundamental na construção do Sistema de Saúde, sem os arroubos e
atitudes tresloucadas de hoje, movidas por interesses subalternos, que
maculam a imagem do médico e esquecem a figura do cidadão comum, carente
e morador da periferia.
Alberto Lima- sempre o Alberto, um cidadão, um exemplo de ponderação e
responsabilidade social. Mário Barbosa, Manoel Amoedo Brasil, Luiz
Tancredi, Yaci Alcantara, Euclélia Américo, Robelino Albuquerque, Jocy
Furtado, Jose Cabral, Arthur Torrinha, Antonio Telles, Rilton Cruz ,
Papaleo Paes e esposa entre tantos outros cidadãos que trabalharam, em
outras áreas e ajudaram, sem dúvida, sem estatua, fazer o nosso belo e
hospitaleiro Estado.
E não falei ainda em Janary Nunes, Ivanhoé Martins, Coracy Nunes,
Dr.Ildemar Maia, Clemanceu Maia, que nos primórdios ou no curso da nossa
história deram o ponta pé inicial para a fundação desse belíssimo
Estado.
Estado que alguns imaginam que podem, ao desafiar a ordem
constituída, o respeito a autoridade, por preconceito idiota, por
interesse próprio contrariado, influir no seu destino, como pensa essa
turma do Pará que sequer sabe da sua existência.
Políticos da verve de João e Janete Capiberibe, Sebastião Rocha,
Nelson Salomão, Stephan Houat, Walter Banhos, José Serra, Binga Uchôa e
por aí afora nunca poderão faltar nessa relação.
Poderia ir mais longe, mas vou ficar por aqui. Fico constrangido
quando tenho que censurar a postura de pessoas da categoria, envolvidas
em atos menores.
Saúde é algo muito sério; algo que não pode ter seu destino decidido
em reuniões sociais nem tão pouco na praça de alimentação de um Shopping
qualquer como quer esse grupo “do Pará” e de qualquer lugar que fomenta
a instabilidade do setor.
Depois, é bom que se diga isso: a prestação do serviço pelo
profissional médico, diferente do que pensa o Presidente do Sindicato,
não pode ser reduzida a um caso simples de fiscalização do ente público.
Saiba o Presidente do Sindicato Médico que gestor não é delegado de
polícia que tenha que vigiar médico que precisa cumprir sua obrigação
contratual. E se tudo isso não for suficiente, que seja por uma questão
de ordem ética e moral. Não imagino um médico espreitando seu chefe
para fugir do plantão. Seria o fim.
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