Correio do Brasil
O expressivo crescimento de 8,5% nas vendas do comércio
varejista do país em fevereiro deste ano, comparativamente a fevereiro
do ano passado, reflete aumento no volume de vendas em todas as 27
unidades da Federação. O destaque, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio
(PMC), divulgada nesta terça-feira, pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), ficou com Alagoas, onde o crescimento
das vendas chegou a 18,1%; seguido do Tocantins (16,3%); Maranhão
(15,9%); da Bahia (15,7%); e do Acre (15,6%).
No
que diz respeito à contribuição para a taxa global, no entanto, a maior
influência foi exercida pelo comércio varejista de São Paulo, apesar de
a expansão do estado ter sido bem menor (8,5%), vindo em seguida Bahia,
Minas Gerais (com crescimento de 7,0%), Rio de Janeiro (5,1%) e Rio
Grande do Sul (8,7%). Os resultados com ajuste sazonal (de fevereiro
comparado a janeiro deste ano), tiveram alta de 0,2%, mas houve
crescimento nas vendas do comércio em apenas 16 dos 27 estados, com as
maiores variações positivas ficando com o Amapá (3,8%), seguido do Pará
(2,4%), de Mato Grosso (2,1%), do Ceará (1,8%) e de Alagoas (1,5%).
Já as maiores quedas foram registradas no Amazonas (-4,0%); na
Paraíba (-2,7%); no Espírito Santo (-2,0%) e no Rio de Janeiro (-1,8%).
O resultado mensal ficou em linha com a expectativa em pesquisa da
agência inglesa de notícias Reuters, enquanto a alta anual ficou um
pouco acima da mediana de 8,10%. Segundo o IBGE, apenas três das oito
atividades pesquisadas no varejo restrito mostraram alta na comparação
mensal, com destaque para Equipamentos e material para escritório,
informática e comunicação (9,0%) e Combustíveis e lubrificantes (1,6%).
Na outra ponta, outras três atividades registraram queda, entre elas
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
(-0,3%). O restante registrou estabilidade nas vendas. O IBGE informou
ainda que a receita nominal do varejo registrou avanço de 0,2% em
fevereiro sobre janeiro e alta de 13,9% na comparação com o mesmo mês do
ano anterior.
Já o volume de vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e
material de construção, registrou queda de 1,6% em fevereiro na
comparação mensal, após ter subido 2,8% em janeiro. O comércio varejista
brasileiro vem convivendo com cenário de juros e inflação elevados, o
que acaba afetando o consumo de forma geral por encarecer as operações
de crédito.
Esse cenário afetou a confiança do consumidor no início do ano.
Apesar de ter registrado ligeira melhora em março ao interromper três
meses de queda, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), ela ainda
mostra desânimo em relação ao futuro.
A expectativa geral é de que a economia brasileira, no geral,
desacelere o ritmo de expansão neste ano. Após o Produto Interno Bruto
(PIB) ter avançado 2,3% em 2013, pesquisa Focus do Banco Central aponta
que a expectativa dos economistas consultados é de expansão de 1,65% em
2014.
Confiança
O índice de confiança dos paulistanos em relação ao cenário atual e
às perspectivas de desempenho da economia brasileira nos próximos meses
caiu 4,4% em abril, em relação ao mês anterior. A confiança recuou para
120,2 pontos, em uma escala que varia de zero (pessimismo total) a 200
pontos (otimismo total).
Os dados foram divulgados hoje (15) pela Federação do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Na
comparação com abril de 2013, houve recuo de 22,7%. Na época, o índice
alcançou 155,6 pontos.
A queda do indicador foi verificada em todas os segmentos (renda,
gênero e faixa etária). Na comparação mensal, destacaram-se os grupos de
pessoas que ganham a partir de dez salários mínimos (- 8,5%), mulheres
(- 6,3%) e pessoas com 35 anos ou mais (- 7,6%). Os mesmos grupos
tiveram as maiores quedas na comparação anual: renda de dez salários
mínimos ou mais (-25%), mulheres (-24,6%) e idade a partir de 35 anos
(24,5%).
O Índice das Condições Econômicas Atuais (Icea) ficou em 126,9 pontos
em abril, ou seja, 4,1% menor que os 132,4 pontos de março. Já o Índice
de Expectativas do Consumidor (IEC), que projeta a perspectiva futura,
chegou aos 115,8 pontos em abril, um recuo de 4,6% diante dos 121,4
pontos do mês anterior.
Os economistas da Fecomercio acreditam que houve aumento do desânimo e
descrédito da população com o andamento da atividade econômica. "Seria
motivo para isso a ampliação sistemática nas variações dos índices de
preços ao consumidor, sobretudo relacionados a bens de consumo, como os
produtos alimentícios. Também contribui para uma menor confiança dos
consumidores a contenção do crédito promovida por prazos de pagamento
mais curtos e taxas de juros mais elevadas", informa nota da
instituição.
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